A Híbrida

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George se orgulhava de ser uma pessoa perfeitamente normal e evitava qualquer contato com as abominações sobrenaturais que perambulavam por Nova Orleans. Ele era proprietário de uma loja de antiguidades em um bairro próximo ao Quartel Francês. Alto e magro, George mantinha uma barba por fazer, apesar de se barbear todas as manhãs. Embora não gostasse de admitir, encontrar uma companheira ainda estava em seus planos. Anos de renúncia significavam que, eventualmente, ele teria que formar sua própria família. Ele até pensava em ir a um cartório para mudar seu sobrenome, a fim de se desvincular de sua família, mas isso ficaria para depois.

Um passo por vez.

Ele tinha tudo o que precisava e desejava em casa. Sua residência, modesta, situava-se em um bairro tranquilo, distante da agitação do Quartel Francês. Ao contrário deste, onde a música alta e os turistas eram uma constante todas as noites, seu bairro oferecia paz e sossego.

No entanto, George guardava um segredo que o faria morrer de vergonha se fosse descoberto: ele era um bruxo, assim como todos os membros de sua família. George sabia que todas as criaturas das sombras que ouvira falar ou conhecera eram fruto de algum feitiço, e que, para realizar um feitiço, era necessária uma bruxa.

Não era natural, nem certo. Pessoas inocentes morriam quase diariamente por causa de vampiros, lobisomens e outras criaturas, tudo porque as bruxas resolveram brincar com a natureza. Por isso, George abandonou sua família, renunciou aos seus ancestrais e evitava a todo custo se envolver com magia. Claro que não era fácil, especialmente com um vampiro que perambulava por Nova Orleans, proclamando-se Rei da cidade, mas ele fazia o possível para se manter afastado.

Quando George acordou naquela sexta-feira quente e aparentemente banal, nada do lado de fora indicava a drástica mudança que o aguardava. Vestiu-se com roupas leves para enfrentar o calor e saiu de casa logo após um café da manhã substancial. Entrou em seu carro antigo e, ao chegar à rua, dirigiu-se para o lado oposto do bairro onde morava.

George sentiu que estava sendo vigiado. Olhou ao redor algumas vezes e verificou o retrovisor, mas não viu nada além do trânsito habitual. Tudo parecia normal, o que o fez voltar a pensar nos objetos antigos que precisava vender para manter a loja aberta.

Apesar de não ser muito extrovertido, George teve um dia produtivo. Muitas pessoas fizeram compras em sua loja. Embora nem todos tenham saído com as mãos cheias, uma boa parte das antiguidades foi vendida.

Satisfeito, George voltou para casa naquela noite com um sorriso no rosto. Embora o dia tivesse sido produtivo, havia algo de estranho no ar, apesar de tudo ter corrido como de costume. Ele entrou em seu carro e dirigiu de volta para casa, planejando pedir uma pizza de pepperoni e relaxar assistindo a um programa bobo na televisão antes de dormir.

Seria o plano perfeito, se não fosse pelas caminhonetes vermelho-tijolo estacionadas em frente à sua casa.

— Era só o que me faltava, – resmungou ele ao estacionar na vaga externa de sua casa.

Assim que George saiu do carro, as portas de pelo menos duas caminhonetes se abriram e alguns homens saíram, dirigindo-se imediatamente em sua direção.

— Quem são vocês e o que querem? – perguntou George, enquanto os homens se aproximavam.

— George? Irmão de Judith? – indagou um rapaz moreno de cabelos medianos.

— Se dependesse de mim, não seria. – respondeu ele, seco. – Por quê?

— Sou Jim, e ela e Scott me pediram para te encontrar. – respondeu o rapaz, aproximando-se um pouco mais, parecendo confuso com a reação arisca de George.

The Hybrid | Elijah MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora