capítulo trigésimo nono

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Entrar na casa de Jewel não era exatamente a coisa mais fácil do mundo, vendo que o infeliz morava em uma fortaleza. A família dele sempre foi muito rica, tinha dinheiro o suficiente para comprar o que quisesse. Dotes, terras, mulheres e assim por diante.

Tights vivia em uma verdadeira prisão, aqueles muros do casarão ao qual morava era invejado pelos olhos das camponesas que passavam ali e viam, mas o preço que ela pagava para viver naquele luxo era alto demais. Ela preferia ser qualquer uma daquelas que tinha menos, do que ter a vida que tinha.

Ela, no início de seu casamento, tentou amar ser marido, tentou esquecer Raditz e o que viveram juntos, mas Jewel se mostrou cruel antes mesmo de chegarem à um mês de casamento.

Extremamente religioso, e com bispo Freeza lhe consumindo a mente com palavras bíblicas, Jewel começou a trata-la como lixo. Tights percebeu que seu marido conseguia distorcer as palavras da bíblia, e ao invés de ver Deus como piedoso e misericordioso, o via, e preferia, como impiedoso e cruel.

Um Deus que afogou centenas e poupou apenas uma família. Um Deus que expulsou o homem do paraíso por desobediência. Um Deus que enviou as sete pragas do Egito por não libertarem seu povo.

Usando ênfase nessas frases não tinha como ver Deus como piedoso, não, Jewel enfiara na cabeça de Tights o quanto ele podia ser vingativo perante a desobediência.

As mulheres sejam submissas aos seus maridos, assim como ao Senhor. Efésios 5:21.

Tights cansou de ouvir esse versículo, mas nunca entendeu ao certo o que era essa tal submissão. Não podia sair, comer ou falar sem a permissão de seu marido, ela considerava isso exagero, chegou a reclamar no começo, e esse foi o motivo das primeiras penitências que seu marido aplicava à ela com a autorização do bispo. Era um inferno.

Mesmo assim ela aceitou seu destino, começou a se portar e fazer tudo que o marido queria para não ser punida, mas as coisas pioraram quando ele viu que ela não engravidava, ele a culpava, a castigava, a humilhava por não ser capaz de fazer a única coisa da qual era sua obrigação.

Mas Tights não ficara tão infeliz pelo fato dela ser estéril, ter um filho daquele homem horrível, que tinha como marido, seria o maior dos pesadelos. Imagina se ela tivesse uma menina? Céus, ele a trataria como a tratava. Seu coração se quebraria se vesse uma filha sua apanhando como ela apanhava. E mesmo que fosse um menino, Jewel o transformaria em uma copia dele, no qual achava certo maltratar e punir mulheres. Tights não conseguiria viver se um filho a olhasse com o mesmo desprezo que seu marido a olhava.

Por isso ela agradecia à Deus por nunca, jamais, ser a portadora da geração daquele maldito. E mesmo achando que Deus a tinha abandonado, ela rezava fervorosamente para ser tirada daquela naus dos infernos.

E aquele documento que provava que seu marido era um criminoso, lhe dava poder para acabar com ele, mas ela não podia fazer isso sozinha, precisava dar um jeito de entregar a alguém que tinha voz na corte, alguém que não aceitava o novo rei no trono.

- Senhora, à um padre do lado de fora querendo entrar – a voz do serviçal ecoou do outro lado da porta após duas batidas firmes.

Tights, que como de costume, se encontrava trancada em seu quarto. Franziu o cenho ao ser chamada.
Ela ultimamente estava em paz por seu marido mal parar em casa e o bispo estar em uma pequena viagem, por isso podia ficar sossegada em seu quarto recolhida com sua dor e pensamentos. Nada de punições, nada de humilhações.

Mas ela nunca recebia visitas, seu marido não deixava, porém, se tratava de um padre. Deveria ter sido por conta disso que os serviçais resolveram lhe anunciar que ele estava no portão. Ela teria que decidir se ele poderia ou não entrar, e a insegurança foi imediata. Deus, o que faria? Não sabia se era certo deixar o padre entrar ou se era melhor dispensa-lo.

Uma Noiva para o LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora