capítulo quadragésimo sexto

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Bulma travou, não sabia o que dizer diante daquela situação. Não tinha maneira pior de Vegeta descobrir que ela estava ali. Ainda por cima pegou ela abraçando Raditz. Pela primeira vez em sua vida, ficou sem palavras.

Os olhos do lorde queimavam em brasa, seu corpo inteiro tremia de ódio, mas o que mais ele sentia era dor, uma dor no peito que lhe despedaçava a alma. Nunca, durante seus trinta anos de vida, sentiu algo como aquilo, talvez podia ser comparada com a dor de quando perdeu sua mãe, de quando ela morreu, mas era algo diferente, igualmente doloroso, mas de uma forma mais intensa. Talvez porque quando perdeu sua mãe, ele ainda fosse um garotinho, e o coração de uma criança não se parte com a perda como de um adulto.

Raditz, por sua vez, não sabia o que dizer. Estava preocupado com a situação que se encontrava, mas estava mais preocupado com Tights, que corria risco de vida. Por isso, se apressou em se explicar, tinha que dizer algo antes que as conclusões precipitadas de seu lorde se cravassem em sua mente. Infelizmente, já era tarde demais para ser sincero. Os olhos de um homem às vezes lhe segam diante da razão, e não importava o que Raditz, ou até mesmo Bulma, dissessem, o que Vegeta viu ali, seria a verdade para ele, mesmo que ela estivesse distorcida pelo veneno de Maron, que observava tudo na pequena porta de saída do castelo.

- Meu Lorde, por favor, não é nada do que está pensando – disse Raditz espalmando as mãos e dando um passo em direção a Vegeta.

Que frase mais clichê, e pior, não era a melhor a ser usada naquele momento, logo Raditz percebeu.

- Não? – debochou o lorde. – Desgraçado, ainda tem a coragem de tentar me fazer de tolo mais uma vez?

- Não, marido, não é nada disso – Bulma tentou acalmar a situação, conseguindo finalmente falar alguma coisa.

- Cala a sua boca, mulher– ele urrou, olhando diretamente para Bulma. – Não sou mais seu marido, então, não me chame assim. Foi um erro me casar com você.

Eles não estavam muito distante um do outro, um metro os separavam, e Bulma podia ver perfeitamente a dor nos olhos dele, mas as palavras duras a machucou.

- Vegeta, você tem que entender que ... – Raditz tentou se aproximar do lorde mais uma vez.

Vegeta perdeu a cabeça e deu os poucos passos que separava ele de Raditz, e antes que o guerreiro pudesse perceber a intenção do lorde, sentiu seu estômago ser atingido por um punho fechado.

O lorde tinha feito tudo muito rápido.

Raditz ajoelhou no chão pela dor e começou a tossir.

Bulma, de olhos arregalados, caminhou até eles e insinuou ajudar Raditz, mas a mão de Vegeta segurou seu braço, impedindo-a de se ajoelhar.

- Por que fez isso? – Bulma sussurrou com a voz embargada. – Não vê que está se precipitando em seu julgamento?

- Me precipitando? – ele riu amargamente. – Talvez eu devesse deixar-me se enganar mais um pouco, não? Deixar você fingir me querer para correr para os braços de outro.

- Não é nada disso – Bulma negou com a cabeça freneticamente. – Raditz e eu apenas ...

- Quantas vezes se deitou com ele? – o lorde cortou-a. Sua voz raivosa, mostrava o quão cego estava pelo ciúmes. – Se entregava a ele como se entregou à mim? Gritou o nome dele como gritava o meu?

Bulma sentiu as lágrimas descerem. Deus, como ele estava sendo cruel, suas palavras a feriam dolorosamente, e pior, ele não deixava ela se explicar.

- Vegeta ... – tentou novamente, mesmo machucada por dentro.

- Ou será, minha senhora, que era tudo fingimento? Fingia comigo e se entregava de verdade apenas para ele? – o lorde soltou o braço dela lentamente, com certa repudia. – Talvez tenha até mesmo se deitado com mais de meus homens. É isso que dá se casar com uma inglesa.

A palavra “inglesa” foi lançada com muito desprezo, mas o que mais magoou Bulma foi o que ele falava, ele a estava ofendendo, pior, estava partindo seu coração. Furiosa, e com lágrimas nos olhos, ergueu a mão e deferiu um tapa na fase de Vegeta.

- Nunca mais fale assim comigo – ela ergueu o indicador na cara dele.

Vegeta virou o pescoço lentamente, e a olhou como um ser desprezível, segurou o dedo dela e se aproximou do seu rosto perigosamente.

- Não se preocupe, Bulma, se depender de mim nunca mais lhe dirigirei a palavra depois de hoje, aliás, espero nunca mais vê-la na minha frente – ele soltou o dedo dela e a olhou dos pés a cabeça. – Você me dá nojo.

Bulma sentiu uma tonteira, e quase cambaleou para trás, mas segurou a vertigem e se manteve paralisada, apenas sentido seu coração se quebrando em milhões de pedaços.
Nesse momento, Raditz se levantou, com a mão no estômago, e com uma expressão de dor, apesar da situação que se encontrava, conseguiu ouvir tudo que Vegeta tinha dito a sua lady, e com muito esforço conseguiu ficar de pé.

- Vai se arrepender de não nos ouvir, Vegeta – disse ele com dificuldade.

- Você que vai se arrepender se aparecer na minha frente novamente – disse o lorde virando as costas aos dois. – Podem fugir e viver o que tanto anseiam, não matarei nenhum dos dois, nem os caçarei para limpar minha honra. Quero fingir que essa mulher nunca existiu, mas não apareçam mais diante de minhas vistas, nem entrem em meu caminho, não mostrarei benevolência uma segunda vez.

Caminhando, ele se afastou dos dois sem olhar para trás, entrou pela mesma porta que tinha saído, passando por Maron sem lhe dar atenção. Só então Bulma se deu conta de sua presença, e seu corpo tremeu de ódio quando a viu sorrir, acenar com a mão, e virar as costas indo atrás de Vegeta.

Percebeu então que o motivo de Vegeta ter pego ela e Raditz foi Maron. Maldita.

Mesmo assim, sua maior raiva era por Vegeta, ele a humilhou, disse coisas horríveis, isso sem lhe dar a opção de defesa, simplesmente acreditou em Maron, condenando-a e sentenciando-a como culpada. Por isso, voltou ao que importava e se segurou para não ir atrás dele para tentar se explicar e impedir Maron de fazer o que ia fazer. Porque Bulma sabia, aquela era a chance que ela queria, e vendo a raiva e o rancor que Vegeta estava, não pensaria duas vezes em ceder aos encantos dela.

Bulma segurou as lágrimas e se voltou a Raditz.

- Corte as cordas, Raditz – disse ela firmemente. – Ainda precisamos salvar Tights.

Raditz acenou, e tirou a faca presa na calça, e começou a cortar as cordas que amarrava o cavalo.

- Prometo que depois que salvamos minha Tights, eu volto e falo com Vegeta.

- Não será necessário – Bulma limpou os olhos com as costas da mão. – Acabou, Raditz.

Raditz segurou as rédeas do cavalo e subiu no cavalo, Bulma, com ajuda, o seguiu e subiu atrás dele. O abraçando, se permitiu deixar as lágrimas cair.

- Não acredito que seja verdade – Raditz disse estalando as rédeas, colocando o cavalo para cavalgar. – Ele estava apenas com ciúmes, mas quando tudo estiver esclarecido, se desculpará.

- Tem coisas que não tem perdão – sussurrou Bulma olhando uma última vez para a porta que Vegeta e Maron entraram.

Logo o cavalo cavalgou pela estrada, que Deus os ajudassem a chegar a tempo.

*******

Assim que Kakarotto chegou perto de Gohan, seus olhos de arregalaram, percebendo quem era a mulher que o acompanhava.

- Videl, o que faz aqui? – Indagou preocupado.

Videl abaixou a cabeça envergonhada, se sentia uma criança travessa que acabara de fazer arte.

- É uma longa história – Gohan pôs a se explicar por ela. – Agora, diga-me  que chegou o momento, Kakarotto.

- Sim – Kakarotto desviou o olhar de Videl e olhou para Gohan. – Está na hora.

Gohan sorriu, e virando para Videl segurou seus ombros com firmeza, obrigando-a assim, a olhar para ele.

Videl, por sua vez, sentiu um arrepio passando pelo seu corpo, por sentir as mãos fortes daquele homem a segurando com firmeza, mas tentou ignorar o que sua pele sentia para prestar atenção no que ele falava, que ao ver pela situação, deveria ser importante.

- Quero que fique perto de Kakarotto, e quando tudo começar, quero que corra e se esconda em um dos quartos, prometo ir busca-la quando as coisas de acalmarem.

- Se esconder em um dos quartos? – ela fez uma careta.

- Sim, é só seguir pela esquerda daquela porta ali – Gohan olhou em uma das portas laterais mostrando para Videl onde deveria ir.

Videl ainda estava com uma careta, por isso Gohan insistiu:

- Você entendeu?

- Entendi – ela revirou os olhos.

- Ótimo! – disse ele soltando-a e olhando para Kakarotto com um sorriso.

O primeiro comandante acenou para ele ir e sorriu também, estava vibrando pela batalha que começaria.

Gohan se afastou e caminhou até o trono do rei, Videl cruzou os braços com um bico.

- Você não vai fugir, não é? – Kakarotto perguntou apenas para ter certeza.

- Não – respondeu ela convicta.

- Você ainda não aprendeu tudo.

Videl sabia disso, afinal tinha treinado poucos dias com os Saiyajins, mas acreditava fielmente que poderia se defender se alguém tentasse ataca-la.

- Aprendi o suficiente.

Kakarotto sorriu, nada do que ele dissesse a faria mudar de ideia, com isso, tirou uma das suas espadas e a estendeu discretamente para ela.

- Na dúvida, corte a cabeça fora, como uma boa Saiyajin.

- Não sou uma Saiyajin – resmungou ela, pegando o cabo da espada e escondendo-a, colocando os braços para trás.

- Mas foi treinada por Saiyajins, isso já faz você ser uma – piscou o comandante se afastando.

Videl sorriu.

Do outro lado do salão, Gohan finalmente chegara ao seu destino, sem se curvar, olhou para o rei desafiante.

Frost fechou a cara diante do desafio do barão para com ele.

- Algum problema, Barão? – perguntou com as mãos repousando nos braços do trono.

Sorrindo de maneira insolente, ele virou as costas ao rei e gritou:

- Silêncio.

O barulho do salão sessou, as conversas, risadas e a música. Tudo ficou em uma completa quietude. Todos se voltaram ao barão, que olhava para todos vigorosamente.

- Boa noite, senhoras e senhores – ele disse alto e em bom tom. – Venho aqui, através desse discurso, mostrar minha gratidão ao novo rei.

Todos olharam confuso para ele, exceto é claro, os Saiyajins presentes.

Gohan continuou:

- Vejo que estão confuso, afinal, esse baile não é para mim, mas para os Saiyajins – ele riu copiosamente. – Que loucura, não? O rei da Inglaterra dando um baile a um clã escocês.

- Já chega, Barão – Frost finalmente viu a intensão de Gohan. Ele ia trai-lo.

Freeza, que olhava diretamente para Gohan, pôde finalmente se lembrar dele. Era o maldito padre, melhor dizendo, o falso padre que estava na casa de Jewel. Com os olhos exprimidos, caminhou discretamente para a lateral, aonde tinha uma saída do salão, uma da qual entrava e saia apenas o rei, era bastante próxima do trono. Ninguém reparou em sua saída por uma confusão estar se formando entre Gohan e o rei.

- Já chega? – debochou Gohan. – Mas eu nem comecei ainda. Por que esse medo, majestade?

Nunca, em toda sua vida, Gohan havia dito majestade com tanto desprezo.
Frost arregalou os olhos.

- Talvez seu medo esteja em ser desmascarado, não? – ele voltou a olhar para a plateia. – Poderíamos até mesmo dizer que seu medo esteja em eu dizer que o rei da Inglaterra não passa de um usurpador.

Um alvoroço começou, os nobres estavam horrorizados.

- Sim – continuou Gohan. – O rei Beeros foi assassinado, lembram. Envenenado. E seu filho, desapareceu na mesma noite, não porque tinha matado seu pai, não. Mas sim, porque queriam se livrar de todos que podia assumir a coroa.

- Blasfêmia – gritou Frost se levantando do trono furioso. – Guardas!

Gohan voltou a se virar para o rei, um sorriso sagaz em seus lábios, uma sobrancelha se ergueu arrogantemente.

Os olhos de Frost se arregalaram quando viu que nenhum dos guardas apareceu.

- Que foi? Acha que é o único que pode agir por debaixo dos panos? – o sorriso de Gohan sumiu. – O povo passa fome, inimigos querem invadir nossas terras, aliados se voltando contra nós. Tudo por que? Pela sua ganância, Frost.

- Como ousa? – disse o rei entredentes.

- E mesmo diante de um bom acordo, iria trair os Saiyajins essa noite, não? – ele apertou os punhos. – A sorte é que isso já era previsto, e o clã Saiyajin já estava ciente da “honra” do nosso rei.

Frost deu um passo para trás, todos o olhavam com ódio, com desprezo. As palavras do Barão foram certeiras nos nobres, e sua corte se voltara contra ele.

- Hoje, será a queda de sua coroa, majestade – sorriu Gohan.

Bem nesse momento, Freeza volta a entrar no salão pela mesma porta que havia saído antes, atrás dele uma tropa invadia o local.

- Foram belas palavras, meu jovem – riu o bispo. – Que pena serem as últimas – se voltando para a tropa ordenou. –  Matem todos.

- AGORA – gritou Gohan com todas as suas forças.

Saiyajins pularam como gatos do segundo andar, todos armados, todos sorrindo. Os convidados secundários assustaram com a destreza dos bárbaros.

Os olhos de Freeza se arregalaram, assim os de Frost, mas deixaram a surpresa de lado e gritaram juntos.

- MATEM TODOS AGORA.

A tropa que aumentava a cada segundo, entrando mais e mais homens dentro daquele salão por aquela única porta. Obedecendo as ordens de seu soberano atacaram seus oponentes.

Os Saiyajins nem ao menos cogitaram esperar o ataque, simplesmente investiram em revidar antes da primeira espada cintilar uma na outra.

A guerra havia se iniciado, e os gritos femininos vieram a seguir.

******

Vegeta caminhava por aquele corredor com lentidão. Seu coração partido o fazia tremer de ódio.
Maldita, desgraçada. Como ele foi tolo ao se afeiçoar por ela?

Maldição, ele a amava. E em troca desse amor recebeu apenas ingratidão e uma traição.

Ele tinha que ter visto antes, aceitado antes que ela estava de caso com Raditz. Por Deus, ele tinha visto mais de uma vez a interação dos dois. Mas seu tolo coração não queria aceitar o que ele já sabia.

Encostando na parede ele sentiu uma dor, um dor tão grande quando a de uma faca atravessando seus órgãos.
Ela foi embora, foi embora para sempre. Ela deixou, o trocou, o substituiu, como um objeto.

E ele se perguntava o porquê de não ter matado os dois.

Suspirando, ele concluiu que já sabia a resposta. Era melhor conviver com a dor de uma traição, do que em ser responsável pela morte dela.

Socando a parede, da qual estava encostado, ele descontou sua ira ali. Sua raiva por amar aquela mulher. Sua raiva por deixa-la viva. Sua raiva por saber que nesse momento estava nos braços de outro.

- Realmente me surpreendeu você os deixar vivos – a voz de Maron cortou seu momento de ódio.

- Me deixa em paz, Maron. Não estou para conversas agora – ele parou de socar a parede e voltou a caminhar.
Mas a mão de Maron segurou seu braço, fazendo-o parar de andar e olhar para ela.

- Não vale a pena você ficar assim por uma adúltera – Maron o puxou, fazendo-o virar para ela.

Vegeta, confuso, se deixou levar, virando para ela, sentiu o corpo dela se aproximando do seu.

As mãos de Maron se ergueram em seu rosto, o segurando em suas palmas.

- Eu sei como é se sentir traído, milorde – ela se colocou na ponta dos pés. – Deixe-me ajudá-lo aplacar essa dor.

Os lábios dela roçaram levemente os dele, Vegeta segurou em sua cintura delicadamente, agindo mais por instinto, do que por vontade própria.
Estavam a ponto de se beijarem.




Uma Noiva para o LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora