Lunch foi levada ao quarto onde Maron estava, os guardas na porta nem lhe dirigiam o olhar, e por estar sendo praticamente puxada por um deles, foi permitida sua entrada com facilidade.
O choro do bebê era ouvido no começo do corredor, a voz rouca mostrava que aquela criança já não aguentava mais chorar. Lunch teve medo do que veria quando entrasse naquele quarto. O mundo era um lugar cruel, onde nem crianças eram poupadas da maldade humana, e, analisando o estado da irmã, na última vez que a viu, ela não duvidava de nada. Por isso, antes mesmo de entrar no quarto, Lunch decidiu: impediria qualquer atrocidade de Maron. Custasse o que custasse.
Antes de entrar, o soldado que a levava, falou a Maron que ela estava ali, pois foi trazida junto a Tights por Jewel. Tanto Bulma, como Maron, ficaram surpresas com a fala do lacaio, mas não tiveram tempo para perguntas, pois o mesmo logo saiu da visão e jogou Lunch para dentro do quarto.
Mesmo não se tratando de algo gravíssimo, a visão da situação, quando foi jogada para dentro do quarto e trancada junto à Maron e Bulma ali dentro, não foi agradável.
Maron estava no canto do quarto, com Trunks a plenos pulmões, gritando e chorando ao mesmo tempo, em seu colo. A voz enfraquecia a cada nova inspirada que o bebê dava.
Do outro lado, estava Bulma, com um vestido preto – provavelmente por conta do enterro do pai –, e com os punhos amarrados por cordas presas na cabeceira da cama. Os olhos dela estavam inchados, e sua expressão mostrava puro desespero.
- O que faz aqui? – Maron indagou adquirindo ódio em suas pupilas.
Lunch olhou assustada para Bulma, que mostrou súplica em seus olhos. Deus, ela tinha que fazer alguma coisa. Inspirando, ela se voltou para a irmã, e tentou não piorar a situação.
- Vim ajuda-la – ela sussurrou erguendo as mãos e dando um passo lento em direção a Maron.
A mesma se afastou, pegando a adaga em cima de um móvel do quarto e apertando o cabo no punho.
- Você me traiu – a voz de Maron saiu raivosa. – Me entregou ao meu Lorde. Eu o perdi por sua culpa.
Bulma, mesmo agoniada pelos choro do seu filho e por toda a situação em si, franziu o cenho com o que Maron estava falando. Será que a loucura a estava fazendo dizer coisas sem sentido?
- Eu estou arrependida, Maron – Lunch forçou uma expressão de culpa, fingindo estar mesmo arrependida. – Quero me redimir com você, deixe-me ajuda-la.
- Mentirosa! – Maron urrou. – Está aqui para ajudar essa maldita. Se voltou contra mim assim que ela voltou dos mortos.
- Me dê o bebê, Maron – Lunch tentou mudar o foco da irmã, ela não podia surtar com o bebê no colo dela, ainda mais com aquela adaga na mão. Poderia ser fatal.
- E pra que você quer o bebê? – ela gritou. – Ele é meu agora, Vegeta me aceitará de volta assim que ele descobrir que eu o poupei, que o salvei. O Lorde será grato à mim.
Lunch suspirou. Sua irmã estava completamente insana. Sua vontade era de arrancar o bebê do colo dela aos tapas, mas tinha que se controlar, pois Maron estava com uma arma na destra, e o perigo de machucar a criança era grande.
- Sim – Lunch resolveu mentir. –, o Lorde ficará muito grato, Maron, você é inteligente, sempre foi. Mas você precisa manter o bebê calmo, ele deve estar com fome.
- Eu sei disso – ela franziu o cenho, a voz ainda se mantinha alterada. – Mas não tem uma ama de leite nesse maldito lugar e eu não o quero junto dessa desgraçada.
- Se o bebê morrer de fome, não terá a segunda chance que você precisa – Lunch usou a loucura de Maron contra ela mesma. – O Lorde a culpará e a odiará.
Finalmente as feições de Maron mudaram de raivosa para preocupada. Bulma queria falar, perguntar o que aquele monte de suposições queria dizer, mas manteve-se calada, pois entendera a intenção de Lunch. Ela precisava alimentar Trunks, precisava acalmar o seu filho. E orava interiormente para Lunch conseguir convencer Maron.
- Eu não posso deixar o bebê morrer, não é? – Maron constatou mais para si mesma. – Ele me unirá a Vegeta. Só assim meu marido poderá me perdoar.
- Sim, minha irmã – Lunch sussurrou enquanto caminhava até Maron. – Me dê o bebê, depois que ele mamar, você poderá pegá-lo de novo.
Quando Lunch chegou diante da irmã, os olhos de Maron mudaram de calmos para irados, em questão de segundos, a adaga foi em direção ao pescoço de Lunch, que inspirou ao sentir a lâmina fria em sua pele, um pouco mais de pressão e a sua garganta seria cortada.
- Se estiver tramando algo, eu mato você, está me ouvindo? – ela sussurrou pausadamente. – Não me atrapalhará de novo, irmã, não permitirei isso.
Lunch assentiu engolindo em seco, uma gota fina de sangue escorreu pelo brilho prateado da adaga, um corte superficial diante do estrago que poderia ser feito.
Maron entregou o bebê assim que afastou a adaga do pescoço da irmã. Lunch foi até Bulma, e colocou o bebê ao lado dela, olhou com carinho para sua amiga, e com esse mesmo olhar tentou se desculpar. Trunks pareceu se acalmar com o cheiro da mãe, o nariz fungava, procurando pelo bico do seio.
As mãos de Lunch foram até às amarras que prendiam Bulma. Imediatamente Maron gritou:
- O que você está fazendo?
- Ela não conseguirá amamentar estando com as mãos presas – Lunch olhou-a por cima dos ombros. – Não tem como ela fugir, irmã, o castelo está cercado.
Maron comprimiu os lábios um no outro, mas logo assentiu.
Os pulsos de Bulma estavam roxos, e muito doloridos, mas ela não prestou atenção nisso, pois, assim que foi solta, se sentou rapidamente na cama e pegou seu bebê no colo, tirando o seio para fora e dando-o para Trunks, que faminto, abocanhou rapidamente o bico. A respiração do pequeno se alternava, as fungadas por conta do choro demorou sessar. E depois de esvaziar um dos seios, Bulma ofereceu o outro, que ainda com fome, colocou a boquinha miúda com gula aonde vazava leite em abundância.
Lunch sentou-se na beirada da cama, esperando o momento certo para agir, pois Maron, parecia uma onça pronta para atacar sua presa, ela só precisava de um momento de distração da irmã para acabar com aquela loucura.
*****
Tights foi levada até o quarto que Jewel se apossou como dele, segundo o que ele mesmo havia falado.
Assim que entrou dentro do cômodo, ouviu Dodoria trancar a porta. Inspirou profundamente quando sentiu o déjà vu daquela situação. Quantas vezes foi trancada em um quarto pelas ordens de Jewel, quando ele ainda era o seu marido. Quantas horas passou costurando ou rezando para não enlouquecer com a solidão. E pior, quantas noites sofria torturas pelas mãos cruéis dele, e no fim ainda tinha que se deitar com ele, sem vontade, sentindo cada célula do seu corpo recusar o toque asqueroso dele. Seu corpo se estremeceu quando imaginou ele entrando no quarto e exigindo que ela se entregasse à ele. Um frio percorreu por toda a sua espinha.
Balançou a cabeça negativamente para afastar tais pensamentos odiosos, Raditz chegaria junto aos outros antes disso, ela confiava nele, sabia que não a abandonaria como fizera no passado. E caso Jewel tentasse isso antes do anoitecer – quando ele prometeu vir até ela –, decidiu que o mataria de alguma forma. Com isso, resolveu procurar algo no quarto com que pudesse se defender.
Apressou-se até a janela, puxou as peles que a cobriam e olhou para baixo. Uma queda de dois andares se seguia em sua visão, seria impossível para ela pular caso precisasse fugir, mas seria uma queda e tanto se ela conseguisse empurrar Jewel dali. Claro que a força dele seria maior que a dela, mas um ataque surpresa o pegaria desprevenido, ela poderia usar isso.
Com tempo, tentou ver no quarto uma segunda opção de se defender. Foi quando ela finalmente olhou para a cama e viu sobre os lençóis esticados uma camisola de seda na cor rosa. Caminhou com o corpo trêmulo até a beirada da cama e avaliou a peça com os olhos, a reconheceu imediatamente, era a mesma que usara na sua noite de núpcias com Jewel. Fleches do horror que passou naquela noite vieram imediatamente na sua mente. E mesmo não sendo virgem na época, por conta de seu romance com Raditz, lembrava de como havia sido machucada, do sangue que nem deveria ter saído, por não ter mais ruptura, saindo. Lembrou-se dos seus gritos pedindo para parar, Deus, ela podia até mesmo ouvi-los naquele momento, e dele continuando a toma-la daquela forma horrenda.
Com ódio, pegou a peça e a destruiu com os dedos que tremiam de raiva. Rasgou o tecido como papel e o jogou na parede com um grito tão alto quanto a de um guerreiro entrando em batalha. Naquele momento ela decidiu, aceitaria o presente de Raditz e ela mesma penduraria a cabeça de Jewel como enfeite nas Terras Altas.
- Ou eles o matam, ou eu mesma o matarei – sussurrou para si mesma.
A fúria drenou um pouco das suas energias, fazendo assim ela precisar sentar-se, as mãos automaticamente foram levadas a barriga, tentando encontrar um pouco de paz para o seu interior.
- Papai tá chegando, meu amor – ela disse ao seu bebê no ventre, que instantemente se mexeu ao seu toque. – Logo voltaremos para a casa.
Encostando a cabeça na cabeceira, Tights inspirou, imaginou como estaria Bulma, como estaria seu sobrinho. Que o lorde e o clã se apressassem e acabassem com aquela agonia.
*****
Quando o clã Saiyajin e o clã de Satan chegaram as Terras Altas, clãs vizinhos aliados se encontravam na frente do castelo, uma quantidade imensa de guerreiros.
Vegeta desceu de seu cavalo e chegou diante dos três lordes que mostravam lealdade e companheirismo naquele momento. Agradeceu com um aceno, pois palavras tornava tudo sentimental demais. E guerreiros não eram sentimentais. Guerreiros escoceses eram sangrentos, frios e cruéis. Ou fingiam ser, levando em consideração o motivo daquele ataque.
Kame foi até Tenshin, sendo mostrado a ele por uma das mulheres curiosa que olhava pela fresta da janela. Assim que foi informado que seu sogro havia recebido a informação de que Lunch foi junto de Tights para o colo do inimigo, o sangue do guerreiro ferveu e, ao mesmo tempo, seu coração se culpou. Ela estava fazendo aquilo para se redimir do erro, ele sabia, mas se ela morresse, não poderia viver com isso, não se perdoaria.
Videl não teve permissão do pai e nem do marido para ir junto, ficou com raiva, gritando com os dois, mas no fim, sem escolha, abraçou eles e pediu para um cuidar do outro, ameaçando que se caso um não voltasse, iria no inferno busca-los.
Kiabe veio até Vegeta, e explicou a situação. Informações confiáveis mostrava que o inimigo invadiu terras vizinhas, pertencentes aos Namekuseijins, e os aguardavam lá, com uma emboscada.
A decisão foi simples, aceitar a emboscada e mostrar aos ingleses malditos que não se mexe com escoceses. A guerra foi declarada assim que agiram com covardia, pegando uma criança e uma mulher para usa-la contra um deles, assim que entrou em território pacifico sem piedade, assim que mexeu com mulheres que tinham maridos possessivos.
Cavalgaram lado a lado, mostrando sua grandiosidade e sua força, os gritos declarando a batalha assustava até mesmo os lobos da florestas, os cascos dos cavalos faziam a terra tremer e as feições dos guerreiros mostrava imperiosidade e desejo de sangue derramado. Não havia rei com tamanho poder, não havia inimigo que não tremesse diante daqueles, que agora, caminhava para a guerra.
Raditz, um dos mais raivosos em meio a todos, segurava com força as rédeas. Estava com raiva da esposa por ter agido com tamanha imprudência, teria uma conversa séria com ela na volta. O medo de perdê-la o dominava. Descontaria toda a raiva que podia nessa batalha, mas tinha um sangue em especial que ele queria derramar. Jewel.
Em frente a todos, junto de outros lordes, estava Vegeta, seus pensamentos voltados para Bulma e para seu filho. Sentia-se um tolo em ter deixado eles naquela maldita Inglaterra. Desprotegidos e vulneráveis. Pro inferno se ela não o queria mais como marido, ele deveria protegê-la. Ele a amava, e não se importava mais se esse amor não era correspondido. Ele só queria que ela fosse feliz, que tivesse uma vida longa, longe de qualquer perigo. Jurou a si mesmo, naquele momento, que se conseguisse – e conseguiria, não aceitava falhas da sua parte –, que iria levá-la com ele para onde ele fosse. Não precisava aceita-lo, perdoa-lo, ou qualquer uma dessas porcarias. Ele não permitiria que ela corresse perigo novamente, e ele sentia, que somente ao seu lado ela estaria segura. Assim como seu filho. Seu amado herdeiro, que chegou na sua vida como uma tempestade, mas que ele já amava com todas as suas forças. Rezava em silêncio, para quando chegasse nas terras dos Namekuseijins, nada de mal os tivesse acontecido, não suportaria essa dor, não suportaria uma segunda morte de sua Bulma, não suportaria perder seu primogênito.
*****
Lunch olhava para Maron enquanto a mesma encarava Bulma terminar de amamentar, o ódio com que sua irmã encarava sua rival era nítida. E mesmo louca, Maron estava atenta a qualquer movimento de ambas. Lunch viu, naquele momento, que não poderia esperar sua irmã abaixar a guarda, seu tempo estava acabando, a qualquer momento algo do lado de fora explodiria, e ela não sabia quem estaria em desvantagem.
- Já terminou? – rosnou Maron. – Quero o bebê de volta.
Bulma olhou com ódio para Maron, não entregaria seu filho mais para aquela víbora, voaria no pescoço dela antes disso.
- Ele está quase dormindo, Maron – Lunch que respondeu. – Por favor, não queremos essa criança chorando de novo.
- Cala a boca – ela bradou fechando os olhos fortemente. – Ele já mamou o suficiente. Entregue-me.
Bulma apertou o bebê no colo, ergueu o queixo com coragem, as pernas saindo do colchão e indo em direção ao chão.
- Acha mesmo que vou entregar meu bebê a você? – Bulma disse de maneira firme. – Terá que me matar antes disso.
Uma risada histérica saiu dos lábios de Maron, parecia rir e chorar ao mesmo tempo.
- Não vou precisar sujar minhas mãos com seu sangue imundo – Maron encarou Bulma com os olhos arregalados e expressivos. – Jewel pretende fazer isso na frente de Vegeta, pra depois eu partir com ele e esse bebê, que será nosso filho.
- Acha mesmo que Jewel vai permitir que o Lorde saia daqui com vida, Maron? – Lunch se levantou da cama. – Não consegue ver que ele apenas te usou e que pretende matar a todos? Inclusive o bebê e o Lorde. Se duvidar, matará até mesmo você.
Maron inclinou a cabeça para o lado, as mãos tremiam, a adaga brilhava em seu punho.
- Está mentindo – ela sorriu com deboche. – Não adianta tentar me jogar contra Jewel, irmã, ele tem uma dívida comigo, eu o salvei da forca. O Marquês está me ajudando, para se livrar dessa maldita. Com ela fora do caminho, nada impedirá do Lorde me tocar.
Bulma franziu o cenho.
- Acorda, Maron – finalmente o tom de voz de Lunch aumentou. – Vegeta não tocava em você mesmo acreditando que Bulma estava morta, por que acha que agora será diferente?
- Não a tocava? – Bulma sussurrou olhando para Lunch, se levantado da cama.
- Não, Bulma – Lunch olhou para ela com uma expressão pesada. – Vegeta nunca tocou como mulher em minha irmã. O casamento deles era de fechada.
- Chega, Lunch! – Maron gritou dando um passo em direção a ambas. – Vegeta não me tocava porque acreditava ter me estuprado, mas agora será diferente, eu vou salvar o filho dele, e ele me amará por isso. Terei o amor do meu marido, eu terei sim.
- Estupro? – a voz de Bulma agora saia trêmula.
Lunch abaixou a cabeça, enquanto Maron começava a rir de uma maneira nada normal.
- Como minha irmã disse a pouco, Bulma, eu sou muito inteligente – Maron começou a se vangloriar de uma coisa que deveria se envergonhar. – E apenas vou te contar isso porque logo morrerá, dessa vez de verdade, e não poderá tentar voltar para o meu Lorde.
Bulma sentiu o estômago se revirar em agonia com as palavras de Maron. Antecipadamente sentindo mal estar pelas palavras dela, que ainda não faziam sentido.
- Do que você está falando? – a voz de Bulma estava trêmula e ao mesmo tempo raivosa.
- Maron armou um falso estupro para o Lorde Saiyajin casar-se com ela – Lunch que respondeu, sua voz tinha um timbre de culpa.
Os olhos de Bulma se arregalaram, e uma náusea a atingiu em cheio. Quando seus olhos saíram de Lunch, ainda espantados, olhou para Maron. Enquanto a loira tinha uma expressão de culpa em suas feições, a irmã parecia estar falando sobre o tempo, de tão neutra que ela aparentava.
- Eu tive que fingir ter sido violada para ele me esposar, é verdade – Maron girou com tédio a adaga em sua mão. – Foi algo fácil, vendo que ele vivia bêbado pelos cantos. Precisava de atenção o pobre Lorde, e eu daria essa atenção à ele. Mas mesmo bêbado ele não me quis, ficava falando seu nome – ela apertou os olhos com ódio – e quando caiu no chão desmaiado, por conta da bebida, eu aproveitei a oportunidade.
- Como você consegue falar essas coisas como se fosse um grande feito, Maron – Lunch olhava espantada para a irmã. – Não se arrepende? Não consegue ver o mal que causou? O Lorde foi tachado de estuprador pelos quatro contos das Terras Altas, logo ele, um homem que antes disso nunca foi chamado de covarde.
Bulma começou a sentir o corpo todo tremer. Sua mente ainda tentando raciocinar o que falavam à ela.
- Foi um sacrifício pequeno levando em consideração a forma como ele me tratou depois – a voz de Maron se elevando em segundos, os olhos se arregalando de ódio. – Não fazia suas obrigações como marido, Lunch, me obrigava a dormir em um quarto separado ao dele, ignorava minha existência me negando seu amor. Me tratava como uma leprosa, deixando-me sozinha o tempo todo.
Bulma sentiu o coração tremer nesse momento, fazendo assim, o corpo tombar para trás. Ela precisava sentar-se novamente, pois suas pernas estavam a ponto de ceder, e cair no chão não era uma opção, vendo que seu bebê estava em seu colo. Seu cérebro trabalhava rápido enquanto Lunch e Maron continuava a discutir, a voz delas pareciam cada vez mais distantes enquanto seus pensamentos gritavam em sua mente. Por Deus, Vegeta nunca a traiu, nem mesmo quando ele acreditava que ela estava morta, não havia tocado em outra mulher, casou-se com Maron porque a desgraçada forjou um falso estupro o obrigando a isso, e mesmo depois de casado com outra, respeitou sua memória, fazendo sua nova esposa dormir em outro quarto, se negando a tocar nela, segundo palavras da própria Maron.
Um misto de sensações atingiu o seu ser. Sentiu ódio de Maron, por todas as atitudes dela. Sentiu raiva de si mesma, por não ter dado a chance de Vegeta se explicar, de o ter condenado sem ver o seu lado. Sentiu tristeza por tudo que estava passando, poderia tudo aquilo ser evitado se não tivesse sido tão cabeça dura e tão egoísta. E por fim, sentiu felicidade, pois pela primeira vez percebeu que o lorde Saiyajin, seu marido, seu Vegeta, a amava.
Movida por tudo aquilo, colocou o bebê na cama cuidadosamente, tudo isso sem Lunch, nem Maron perceber, pois as duas estavam uma próxima da outra em uma discussão calorosa.
- Eu nunca deveria ter acobertado você, Maron – Lunch já estava a ponto de quase gritar. – Perdi meu marido por conta disso. Assim que descobri o que fez deveria tê-la deletado ao Lorde.
- Perdeu o marido, é? – Maron debochou. – Estamos quites então, não acha? Você também me fez perder o marido.
- Ele nunca foi seu marido, Maron – Lunch balança a cabeça negativamente. – Aceite isso, aproveita e aceita também que ele nunca a amará. O nojo que ele sente por você agora o fez exigir com rapidez a anulação do casamento de fachada que tiveram.
Os olhos de Maron arderam em brasa, e automaticamente ela colocou a adaga em sua irmã, pressionando no pescoço dela. A ponta certamente rasgaria a garganta de Lunch e ela sentiu que morreria, mas sua hora não havia chegado, pois antes que qualquer estrago fosse feito algo, ou melhor, alguém derrubou Maron no chão.
Lunch, um pouco trêmula, olhou para o chão, e viu que era Bulma em cima da sua irmã.
Bulma estava irada, a raiva consumindo totalmente ela. Tudo que ela passou, tudo que ela viveu, toda a agonia e choro que seu filho deve durante aquelas últimas horas, era culpa de Maron. Até mesmo ela não estar nos braços de seu marido era culpa daquela desgraçada.
A adaga já não estava mais nas mãos dela, havia escorregado pelo chão quando as costas de Maron atingiu o piso.
- Me solta! – Maron gritou sentindo os cabelos sendo puxados, e a cabeça sendo atingida no chão pelas mãos da lady.
O tapa de Bulma atingiu em cheio o rosto de Maron, os joelhos dela segurava os braços da outra, mantendo Maron em posição desvantajosa. Logo Bulma voltou a acertar a face de Maron, e mais uma vez, e outra. Tapas que ardiam sua mão, mas satisfazia sua alma. Foi um tapa atrás do outro, tantos, que foi impossível de contar. Depois, antes de se levantar, Bulma ainda fechou o punho, dando três socos na cara de Maron, que ficou desnorteada com a surra. Quando Bulma terminou, com a respiração descompensada, se levantou, deixando Maron no chão, com o rosto dolorido e com finas linhas de sangue saindo dos cantos dos lábios.
Lunch entendia a raiva de Bulma, e levando em consideração que ela acabou de salvar sua vida, não tentou em nenhum momento impedir a surra que Maron, sua irmã, levou.
Bulma caminhou até perto da cama, pegou a adaga no chão, escondendo-a em suas vestes, e depois, pegou Trunks no colo.
- O guarda falou que você veio junto de minha irmã – Bulma disse virando-se para Lunch.
- Sim, no exato momento que Jewel foi atacar as terras Saiyajins, Vegeta tinha ido para as Terras Baixas com seu exército, os que sobraram do clã estava em desvantagem.
Bulma assentiu, já compreendendo o sacrifício da irmã. Coisa que a surpreendeu, pois nunca tinha visto ela como corajosa.
- Muito bem, Lunch – Bulma entregou o bebê a ela. – Quero que me prometa que cuidará dele com sua vida.
Lunch segurou o pequeno com cuidado no colo.
- O que você pretende fazer, Bulma?
- Jewel não deixará eu sair daqui com vida – Bulma suspirou pesadamente. – Mas não vou permitir que meu filho ou minha irmã seja atingidos pela ira dele. Prometa que o entregará ao meu marido, Lunch.
- Eu prometo! – Lunch assentiu sentindo uma lagrima descendo pela bochecha.
- Você não vai levar ele, eu...
Antes de Maron completar a frase, enquanto tentava se erguer do chão com dificuldade, o pé de Bulma acerta em cheio a mandíbula dela, o chute foi forte o suficiente para ela se deitar no chão novamente. Pegando a tina de ferro, encima do cômodo, Bulma acerta a cabeça de Maron e a mesma instantemente desmaia.
- Você a matou?
- Não! – Bulma jogou as trança bagunçada pra trás. – Só a coloquei para dormir.
- Bulma – Lunch se preocupou –, como vou fugir? A porta está com guardas.
Bulma foi até a janela, afastando as peles e olhando para baixo.
- A queda não é muito alta – ela decidiu. – E não a guardas ali embaixo.
Lunch foi até a janela e olhou.
- Levando em consideração que você caiu de um penhasco, essa queda não é muito alta mesmo – Lunch debochou.
Bulma riu.
- Desça primeiro, depois estique os braços e alcanço Trunks para você.
- Venha junto comigo – ela pediu.
- Não posso deixar minha irmã – Bulma abaixou a cabeça. – Não posso deixar que ela pague por tudo isso.
Lunch entregou o bebê a Bulma, e a abraçou.
- Um dia irá me perdoar?
- Não há o que perdoar, Lunch – Bulma encostou o queixo no ombro dela. – Ela é sua irmã, eu a entendo.
Lunch limpou o rosto das lagrimas e tirou as peles da janela. Colocou as pernas para fora, e com a força dos braços foi descendo lentamente, o corpo ficou completamente esticado no lado de fora, então ela pulou, sentindo um pequeno choque nas pernas. Felizmente caindo de pé no chão.
Bulma olhou para seu bebê, que agora dormia tranquilamente, beijou o seu rosto e se esticou para baixo da janela, colocando metade do corpo para fora, Lunch se esticou na ponta dos pés e com dificuldade pegou Trunks e o acolheu rapidamente no colo, fazendo o mesmo acordar com o movimento que fizeram com o ele.
A carinha de choro foi inevitável, e Bulma percebeu o que aconteceria ainda na janela.
- Corre! – ela falou em um tom um pouco alto.
Lunch obedeceu, virando de costas e correndo enquanto Trunks começava a chorar. Bulma não teve tempo de respirar aliviada, pois escutou um dos guardas, na lateral do castelo gritando:
- A mulher está fugindo!
- CORRE, LUNCH – Bulma gritou vendo um formigueiro de homens surgirem e correr atrás da floresta que Lunch entrou com o bebê.
Ela ia pular a janela, mas a porta do quarto aonde estava foi arrombada, e ela foi puxada pelos cabelos antes da outra perna atravessar a janela que pretendia pular.
- NÃO! – ela gritou enquanto era arrastada pelo corredor. – TRUNKS!
*****
Tights tentava concentrar sua cabeça na calmaria quando escutou o grito de sua irmã. Desesperada, pelo que podiam estar fazendo com ela, pulou da cama, a procura de algo que pudesse usar para arrombar aquela maldita porta. Não conseguindo nada, ela foi até a porta de começou a chuta-la, com toda a força que tinha. A madeira chegou a quebrar, mas a trinca continuava intacta. Um grito de ódio saiu dos seus lábios e novamente ela chutou com toda a força que podia, de novo, somente tirou lascas da porta. Não desistiu, por isso, mais uma vez ele ergueu o pé, mas parou o movimento quando escutou o trinco da porta ser destrancado. Se afastou da porta esperando ser Jewel, correu até perto da janela e aguardou a pessoa entrar. Qual foi sua surpresa ao ver uma moça, provavelmente um pouco mais jovem que ela, entrando com uma bandeja nas mãos. Ela era miúda e magra, tinha os cabelos vermelhos e os olhos castanhos. Muito bonita.
Ela olhou assustada para a porta e quando viu as madeiras dela quebradas arregalou os olhos.
- Por Deus, senhora, o que está fazendo?
Tights olhou para as vestes da moça, percebendo que ela usava um manto nas cores roxa e verde.
- Você é uma Namekuseijins? – Tights indagou.
- Sou sim, senhora – ela abaixou a cabeça. – Meu Lorde foi feito refém desses homens e está preso no porão, as mulheres estão sendo usadas como servas.
- Como é o seu nome?
- Suno – ela respondeu.
- Não tenha medo, Suno, logo meu clã chegará aqui e fará esses homens pagar por essa atrocidade.
- A senhora é esposa de um Saiyajin, não é? – Suno colocou a bandeja em cima da cama. – Escutei aquele homem horrível, que chamam de Dodoria, falando para o seu senhor.
- Eu sou sim – Tights diz com orgulho.
Um novo grito de Bulma foi ouvido. Tanto Tights quanto Suno estremeceram.
- Aonde vai, senhora? – Suno perguntou quando viu Tights caminhando até a porta.
- A mulher que está gritando é minha irmã – ela falou. – Não posso ficar aqui parada enquanto fazem mal à ela.
- Por favor, senhora – Suno se desesperou – Espere...
Mas Tights já saíra do quarto, a passos rápidos. Suno se ajoelhou no chão e começou a rezar, mas um barulho do lado de fora a fez ir até a janela, vendo do que se tratava, sorriu.
*****
Bulma sentiu o peso da mão de Jewel assim que foi colocada diante dele. O punhal em suas vestes foi tirado antes que pudesse se defender.
- Sua puta – ele gritou com ela recuando à ele. – Aonde está a criança?
- Bem longe daqui, se Deus quiser – Bulma o encarou com coragem.
- Ainda tem coragem de responder dessa maneira? – Dodoria falou próximo da escada. – Ninguém lhe ensinou que não se deve erguer a voz diante de um homem?
Bulma olhou com ódio para Dodoria, mas não teve tempo de falar o que pensava, pois Jewel pegou em seu queixo com brutalidade, obrigando-a a olhar para ele.
- Acha que aquela maldita conseguirá escapar dos meus homens? – Jewel riu assombrosamente. – Por conta dessa sua petulância, cunhada, vou matar o bebê primeiro, diante dos seus olhos.
Os olhos de Bulma se arregalaram, o medo transparecendo em suas feições.
- Mas antes disso, posso tortura-la de outras formas, não?
Bulma deu um passo para trás, afastando-se das mãos asquerosas daquele maldito.
- Já chega, Jewel – a voz de Tights foi ouvida num tom gritante do alto da escada.
Jewel virou-se bruscamente, não acreditando na ousadia da esposa.
- Quem mandou você sair do quarto? – ele rosnou. – Volte para lá agora mesmo, não deve desobedecer as ordens de seu marido.
Tights olhou com deboche para Jewel, e começou a descer as escadas. Chegando ao fim dela, dirigiu seu olhar para Dodoria, o olhando dos pés a cabeça como se ele não fosse nada mais que um monte de bosta no chão. Voltou ao seu ex-marido com a expressão carregada de arrogância.
- Tem razão, Jewel, devo obediência ao meu marido, que no caso, não é você.
Os olhos de Jewel estava ao ponto de sair fumaça de tão irados que ficaram por conta da fala de Tights.
- Oh, não fique com raiva, senhor – Tights foi até o lado de sua irmã. – Lúcifer deve estar dançando em antecipação por saber que logo receberá uma alma negra como a sua.
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Uma Noiva para o Lorde
FanfictionO Rei da Inglaterra precisa de um acordo para tornar seu exército mais poderoso. Saindo totalmente do padrão, ele usa um documento para barganhar com o lorde das Terras Altas, com isso, Vegeta se vê obrigado a se casar, e isso não é de seu agrado at...