capítulo quinquagésimo nono

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Sentada em cima da cama, com as pernas dobradas e com os braços em volta delas, Maron via o dia amanhecer através das frestas das peles penduradas na janela. Seus olhos inchados pelo choro, e as manchas roxas pela insônia, lhe davam aquelas horríveis olheiras.

A humilhação da noite anterior não permitiu que ela conseguisse dormir em paz. Não permitiu que ela pudesse deitar na cama e adormecer tranquilamente. Por que tudo estava sendo tão difícil para ela? Por que ele simplesmente não sedia?

Deitando em posição fetal, ela sente o corpo tremer de ódio ao lembrar, pela milésima vez naquele curto espaço de tempo, a forma como foi enxotada do quarto de seu marido.

- O que faz aqui, Maron? – a voz raivosa a intimidou de certa maneira, mas não tirou sua determinação em conseguir o que queria naquele quarto.

- Eu ... – ela se sentou na cama, de maneira que ele pudesse ver a camisola transparente que usava – não quero mais dormir sozinha.

As feições de Vegeta pioraram, se é que era possível, ele inspirou, como se controlasse sua raiva e caminhou até a cama.

- Temos um acordo, não temos? – ele disse entredentes, conforme os passos o faziam se aproximar mais e mais da cama.

- Sim, marido, mas ...

- E eu disse, antes de me casar com você, qual era minhas condições para com esse casamento, não disse? 

- Sim, mas ... – ela tentou de novo quando ele a pegou pelo braço e a tirou da cama.

A atitude não foi exatamente bruta, mas estava longe de ser delicada, o aperto no braço não era forte ao ponto de machucar, mas firme o suficiente para não deixa-la escapar.

- O que faz você pensar que tem o direito de dormir comigo, depois do acordo que selamos? – Indagou ele, aparentemente furioso, enquanto a puxava para a porta.

- É meu marido – respondeu ela tentando se manter no quarto o máximo que pudesse. – Tem seus deveres para comigo, é humilhante para mim ter que dormir em outro quarto. Todos falam disso, o clã inteiro. Já basta não ter me beijado em nossa cerimônia de casamento.

Vegeta abriu a porta e praticamente a empurrou para fora do quarto, devido a resistência dela para não obedece-lo.

- Nosso casamento é de fachada, minha esposa, não me importo que todos saibam disso. – ele disse olhando para ela parado na porta como uma muralha impenetrável. – Eu até poderia deixa-la dormir comigo, para as aparências.

- E por que não deixa? – um pequeno fio de esperança surgiu com a última frase de Vegeta, mas as palavras a seguir foi como um golpe final.

- Não quero que seu cheiro tire o de minha falecida esposa – as palavras saem como uma facada para Maron. – Ainda posso sentir o cheiro dela em meus lençóis, não posso arriscar perder o que restou dela apenas para agrada-la.

Maron se encolheu mais na cama, sentindo aquele aperto no peito, aquelas palavras gritaram em sua mente a noite inteira. Ela ainda lembrava, de ter ficado algum tempo parada na frente do quarto dele, olhando para a porta fechada, fechada aliás na sua cara, e que ele trancou. Sua vontade foi de fazer um escândalo, de socar aquela madeira da porta até acordar todos naquele lugar, queria ter gritado aos quatro ventos sua frustração e ira, mas, para não perder o pouco de dignidade de tinha, e principalmente, para não estragar suas poucas chances com Vegeta, simplesmente virou as costas e caminhou lentamente para seu quarto com a cabeça baixa e com as lagrimas caindo.

Chorou a noite toda, pela raiva, pela frustração, pela dor e principalmente, pela frieza dele para com ela. Por Deus, ele nem sequer a olhou com atenção, ela tinha se arrumado toda, se perfumado, colocado sua camisola mais provocante, soltado os cabelos e os penteados, e ele nem deu atenção a tudo isso, simplesmente a colocou para fora como um cão sarnento.

Apertando uma perna na outra, ela se lembra dele se despindo, tirando a camisa, fechou os olhos pela tensão em seu corpo, ela daria tudo naquele momento para sentir ele por cima dela, para sentir as mãos dele a tocando.

Voltou a se sentar na cama, seu corpo inteiro suava e ela olhava para todos os lados desesperada, estava a ponto de um ataque.

- Estou enlouquecendo – ela sussurrou sentindo o corpo continuar a tremer.

Era uma mistura de sentimentos controversos que ela sentia, que até parecia que sua cabeça não funcionava mais tão bem. Ela precisava se acalmar, e manter o controle. Era só dar um pouco mais de tempo à ele, era tudo muito recente ainda, concluiu. Ela o conseguiria uma hora ou outra, isso era fato, nenhum homem adulto pode ficar sem uma mulher, sem o toque de uma.

- Calma, Maron – ela tentava se convencer enquanto passava as mãos no cabelo bagunçado. – Ele não vai dizer não para sempre, ele vai ceder uma hora ou outra.

*****
A rotina de Videl a fazia se esquecer um pouco de sua dor. Rezas constantes, o trabalho com costuras e as regras disciplinares do convento a deixava ocupada o dia todo.

A madre superiora era uma mulher rígida, mas de bom coração. Gostava de manter a ordem no lugar, por isso as noviças a viam com um olhar de admiração e ao mesmo tempo de temor. Mas Videl, diferente das outras, não se intimidava na presença dela, muito pelo contrário, a via como qualquer outra ali, apenas com um pouco mais de experiência e talvez com mais poder. E isso chamou a atenção de Cocoa. Por isso, a noviça, se aproximou consideravelmente de Videl e a enchia de perguntas.

Inicialmente, Videl se mostrou arredia as perguntas e aproximação de Cocoa, mas depois, aos poucos, foi se abrindo para com a moça. Contou o que passou, o que viveu, e por fim, do motivo de ter ido parar em um convento.

- Então você já ficou assim, pertinho de um homem? – Cocoa parecia fascinada com a história de Videl.

- Como assim pertinho? – Videl fez uma careta. – Você nunca viu um homem?

- Claro que já – resmungou ela. – O nosso fornecedor de alimento é um homem. O vejo toda a semana quando eles nos trás as carnes, os grãos e o leite.

- Então por que esse fascínio em sua pergunta? – Videl estava confusa.

- É que ele é velho, quase não se mantém de pé – ela riu e logo se reprendeu pedindo perdão. – Mas o que quero saber, é como é esse tal de Gohan?

Videl corou-se, abaixando o olhar em sua costura e mordendo o lábio.

- Ele é jovem e bonito.

- Bonito? – a voz de Cocoa saiu animada demais para uma futura freira.

- Sim, muito bonito – Videl sussurrou. – Ele foi o primeiro homem que me chamou atenção. Nunca tinha reparado tanto em um, quanto reparei nele.

- Certamente se trata de um homem bonito então – Cocoa tentou imaginar a aparência de Gohan, e ia pergunta-la a Videl se não fosse a madre superiora entrando no quarto e cortando a conversa das duas.

- Como está o trabalho? – Indagou a madre superiora.

- Está produtivo, Madre – respondeu Videl apontando com o queixo os lençóis que já havia bordado junto de Cocoa.

- Sim, Videl é rápida com a agulha, senhora – Cocoa sorriu.

Para manter as despesas do convento, as noviças bordavam lençóis que eram vendidos ou trocados por alimentos, claro, que a maior arrecadação era de doações que vinham da igreja e de famílias ricas, mas era bom manter a mente das mais jovens ocupadas, além de ser sempre bom ter um dinheiro sobrando.

- Muito bom – elogiou a mais velha. – Já que Videl está sendo tão produtiva, você poderia me fazer um favor, Cocoa?

- Claro – Cocoa colocou o bordado em cima de cama e se levantou.

- Preciso que vá até a casa de nosso fornecedor, ele não vem aqui a quase dez dias, o suprimento está quase no fim e preciso dele para estocar.

- Será que ele bateu as botas? – Cocoa indaga de maneira assustada.

- Santo Deus – a madre fez o sinal da cruz. – Não diga isso nem de brincadeira.

- Desculpe, Madre – Cocoa abaixou a cabeça. – Quer que eu vá agora?

- Sim, por favor.

Cocoa sorriu para Videl, e saiu do quarto com a madre.

Tentando distrair a mente de Gohan, ela volta a bordar rapidamente, quanto mais trabalhasse, mais rápido o esqueceria.

*****

Gohan cavalgou noite inteira até chegar na estrada que levava ao próximo convento. Estava cansado e com fome, deveria ter parado para descansar, ou arranjando um lugar para comer antes de seguir seu caminho, mas o desespero para encontrar Videl não o deixava pensar direito.

Pegando cantil de água, ele diminuiu o ritmo do cavalo, admirando melhor o lugar ao qual andava. A rua de terra era cercada pela floresta, que dava um ar fresco no lugar.

Enquanto escutava os cascos do cavalo na estrada, se perguntava interiormente por quê os conventos tinham que ficar tão escondidos.
Ao longe, viu o telhado de um casarão apontar, sorriu, só podia ser ali, finalmente chegara.

Mas algo na estrada lhe chamou a atenção. Antes de virar a curva que levava ao provável convento, Gohan viu uma moça, vestida como uma noviça, tentando tirar a roda da carroça de um buraco.

Acelerou os passos do cavalo, e chegou ao lado dela, que se ergueu assustada ao ver um homem descendo do cavalo.

- Não se assuste – Gohan tirou o capuz que usava, ao ver a moça dar dois passos para trás e arregalar os olhos.

Cocoa olhou para a bela feição masculina e seu medo daquele homem ser um ladrão ou coisa pior se foi, dando lugar a uma admiração imediata.

- Oi – ela sussurrou de maneira ofegante.

- Oi – Gohan sorriu vendo que o medo da moça era inexistente agora. – Quer que eu a ajude com essa roda?

Cocoa apenas balançou a cabeça em concordância.

Gohan tirou a capa com capuz que usava, assim como o manto Saiyajin, e arregaçou as mangas. Ele se agachou e segurou na roda de madeira com as duas mãos, erguendo a carroça de uma forma impressionante. Logo ele tirou-a do buraco.

- Nossa – sussurrou Cocoa num suspiro. – Você é forte, não é?

- Gosto de pensar que sim – Gohan riu voltando a abaixar as mangas da sua camisa e colocar o manto.

- Nem sei como agradecer – Cocoa mordeu o lábio.

- Me dando uma informação já é agradecimento o suficiente – ele pediu, enquanto amarrava o manto no corpo.

- Que informação seria essa, senhor? – ele virou a cabeça para o lado curiosa.

- Você por acaso mora naquele convento? – Gohan apontou com o dedo para o casarão que ficava a poucos metros de distância de onde eles estavam. –  Acredito que sim pelas sua vestimenta.

- Sim – Cocoa ajeitou as vestes se lembrando do que ela era. – Moro lá sim.

- Sabe me dizer se uma das noviças ali se chama Videl?

Cocoa abaixou as sobrancelhas. Imediatamente a história de Videl veio-lhe na cabeça.

- Videl? – ela fez uma careta. – Como o senhor disse que se chama mesmo?

- Eu não disse – ele ergueu as duas sobrancelhas. – Desculpe meus modos, senhorita, me chamo Gohan.

Os olhos de Cocoa se arregalaram, santo Deus, esse era o homem do qual Videl falava com tanto rancor e apreciação ao mesmo tempo? Só podia ser ele, não podia ser apenas coincidência.

- Prazer, meu senhor, me chamo Cocoa – ela abaixou a cabeça de maneira delicada.

- Prazer – Gohan sorriu, um sorriso acolhedor. – Então, sabe me dizer se ela está naquele convento?

Cocoa ponderou antes de responder.

*****

Chichi se levantou da cama com um peso nas costas. Dormiu terrivelmente mal por conta dos pensamentos de sua mente. Não sabia porquê, mas sentia-se encucada com a tal forasteira. Era como se uma voz em sua cabeça gritasse para ela ficar em alerta, que havia algo de muito errado ali.

Amarrando os cabelos em uma trança que chegava em seus quadris, Chichi colocou um vestido frouxo, por conta da pequena saliência em sua barriga, e saiu do quarto.

- Bom dia – ela disse ao ver Kakarotto sentado na mesa da cozinha comendo um pedaço de pão.

- Bom dia – disse ele tão frio quanto nos outros dias.

Chichi abaixou os olhos e virou-lhe as costas enchendo um copo de leite. Ela podia sentir os olhos dele queimando em suas costas, a presença dele ativava todos os poros de seu corpo. Deus, como queria poder se virar, caminhar até ele, e sentar em colo, onde o beijaria apaixonadamente. Sentia tanta saudades de suas carícias que lhe doía a alma.

- Hoje é o casamento de Raditz com Tights, não é? – indagou ela se virando.

Os olhos de Kakarotto se ergueram quando ela se virou, apreciando cada curva de maneira bastante clara, mas a expressão carrancuda continuava a mantendo distante dele.

- É sim – respondeu seco.

- E você vai?

- Claro, ele é meu irmão afinal – Kakarotto se levantou da mesa, pegando a xícara e caminhando até a pia, da qual Chichi estava encostada.

Chichi apertou um lábio no outro quando Kakarotto parou na frente dela se aproximando, colocando a xícara atrás do corpo dela. Estavam tão perto.

- Deixe-me ir com você? – ela pediu num sussurro.

Kakarotto a olhou, examinando cada detalhe em seu rosto. Só Deus sabia como ele estava se segurando para não agarra-la, isso desde que ela entrou na cozinha.

- Por favor – ela implorou apertando as mãos na madeira da pia quando viu que ele não falava nada.

- Por que você faz isso? – Indagou ele ainda a encarando intimidador.

- Faço o quê? – ela mordeu o lábio.

- Tenta colocar a vida de nosso herdeiro em risco – Kakarotto se afastou, com muito esforço, diga-se de passagem.

- Eu não ...

- Não vou deixa-la ir – rosnou ele lhe virando as costas. – Quero você em casa, repousando e longe de mim.

- Kakarotto ... – ela o chamou vendo ele sair porta a fora e batendo-a com força ao fecha-la, isso tudo sem dar atenção ao seu chamado.

Sozinha, ela olhou para as paredes, levou a mão no ventre com uma dor latente em seu coração. Por que a ideia dele ir a esse casamento sozinho lhe doía tanto? Ela sentia que algo ruim aconteceria.

Chichi rezava para seu pressentimento estar enganado.

*****
Vados andava por entre os bancos colocados em fileira nos jardins do castelo. As flores de inverno dava um ar de mistério no ambiente.
Sorria enquanto ouvia os homens reclamando algo sobre deixar para sempre aqueles bancos ali, pois a toda semana alguém se casava.

- Você não deveria está cozinhando, mulher? – a voz grave a fez se virar bruscamente.

- Perdão – Vados ergueu as duas sobrancelhas ao se deparar com um homem aparentemente acima do peso, vestido em uma batina.

- Não lembro de você por essas bandas, certamente está aqui para cozinhar. Vamos, vamos.

Vados fez uma careta ao ver o padre batendo palmas lhe dando ordens como se ela fosse um cachorro.

- Calma aí, vossa santidade – debochou ela. – Não sou cozinheira.

- Então vai para sua casa, estamos tendo muito trabalho aqui e você está apenas atrapalhando.

- Credo, que mau humor – resmungou ela. – Não vou a lugar nenhum, quero ver esse casamento.

- Você ousa desobedecer um padre? – Champa arregalou os olhos. – Certamente sua alma está consumida pela demônio.

- O quê? Do que está falando? – Vados começou a considerar que aquele homem era louco. – Isso tudo porque eu não sou cozinheira? Deveria parar de pensar em comida, Padre, está bastante claro para qualquer um que você precisa de um regime.

Champa arregalou mais os olhos.

- Como ousa? – gritou ele chamando a atenção de todos.

- Só estou dizendo verdades, Padre – sorriu ela. – Mentir é pecado sabia.
- Está usando das palavras de Deus para me desrespeitar? – Champa gritou mais ainda perdendo completamente o controle. – Vai arder no mármore do inferno por isso, moça, vai sim.

- Ah, certamente vou, mas por motivos piores do que esse – ela se aproximou sussurrando a última frase. – E você estará lá comigo, Padre, a gula o levará para o colo do capeta mais rápido do que eu.

- INFAME – urrou Champa com o rosto vermelho de ódio. – Sua mulher endemoniada. Saiu de onde essa filha de Lúcifer?

Champa fez a última pergunta aos Saiyajins que assistiam ao espetáculo. Nenhum respondeu.

- Sai das profundezas, Padre – ela ergueu as mãos fingindo que o agarraria. – Vim busca-lo para leva-lo comigo para o inferno.

Os Saiyajins começaram a rir da cena, Vados começou a ir em direção ao padre, que se afastava de fasto fazendo o sinal da cruz.

Champa desesperado começou a procurar algo nas suas vestes e quando achou jogou em Vados que tossiu ao sentir o líquido viscoso entrar em suas narinas.

- O que você está fazendo? – ela indagou entre tossidos, e limpando o rosto. - O que é isso que jogou em mim?

- Água benta – respondeu ele convicto.

- Não sabe nem brincar, Padre – resmungou ela.

Champa fez uma careta ao ouvir a ultima frase. Ela estava brincando? Achava divertido insulta-lo e assusta-lo? Louca, isso que ela era.

- O que está acontecendo aqui? – a voz de Kakarotto cortou a interação dos dois.

- Esse padre maluco jogou água benta em mim – choramingou ela.

- Tive que acalmar o demônio que queria possuir ela – Champa tratou de se explicar.

- Demônio? – Kakarotto fez uma careta.

Os dois começaram a falar juntos e o primeiro comandante não sabia se ria ou se corria daquilo. Certamente estava sendo uma distração e tanto o ocorrido com aqueles dois, vendo o quão tenso estava desde que saiu de casa.

*****

O casamento aconteceu ao fim daquela tarde. Tights decidiu que não se vestiria de branco, mas sim em um vestido rosa claro com alguns bordados na barra da saia e nas mangas. Seus cabelos loiros estavam soltos e caiam ao fim de suas costas, as pontas com cachos, a deixava com uma expressão mais delicada.

Raditz suspirou ao ver a beldade atravessando o corredor que o levava até ele. Deus, como ansiou por aquele momento.

Kamba também teve sua participação na cerimônia, a pedido da sua nova mãe, a ajudou com o véu, o segurando ate o altar improvisado.

As palavras e sermões do padre foram ditas, mas Raditz não tirava os olhos de Tights, ela estava linda demais, seu coração parecia querer sair do peito.
Na hora do sim, as mãos estavam unidas, e os corpos próximos. Os olhos lagrimejados dela o faziam querer abraça-la.

- Eu os declaro, marido e mulher. Agora pode beijar a noiva – disse Champa com certo receio por conta da cerimônia anterior que fizera.

Não queria ver outra noiva sem ser beijada novamente.

Raditz entrelaçou Tights pela cintura, curvando seu corpo para o lado, fazendo-a ficar ancorada em seus braços. Ela sorriu depois de arfar com a pegada dele.

As bocas se uniram em um beijo quente e apaixonado.

- Eccaaaa – resmungou Kamba colocando a língua pra fora como se fosse vomitar.

Todos riram, inclusive Raditz e Tights ainda com os lábios grudados.

A erguendo, mantendo a mão na cintura dela, Raditz sussurrou para o filho:

- Pare com isso, garoto. Logo estará beijando donzelas por aí.

- Eu não – o menino fez uma careta. – Que nojo.

- Deixe-o em paz, marido – Tights riu pegando o menino no colo. – Ainda é muito pequeno para pensar nessas coisas.

Os bracinhos de Kamba abraçaram o pescoço de Tights.

- Ah, agora entendi – sorriu Raditz bagunçando os cabelos de Kamba. – Está com ciúmes.

Tights riu quando seu menino escondeu o rosto em seu pescoço e a abraçou mais forte.

*****

Maron ficava ao lado de seu marido, vendo a festa que acontecia, tentando se aproximar do lorde que parecia perdido em seus pensamentos.

- Deveria ter feito uma festa para o nosso casamento também, você não acha? – Indagou ela enquanto Vegeta levava a caneca de cerveja aos lábios. Se controlando para não beber demais.

- Festas são para comemorar, mulher, e meu casamento com você nunca será motivo de comemoração. Foi apenas uma obrigação.

- Me machuca dizendo essas coisas, marido – ela abaixou os olhos.

- Perdoe-me – resmungou ele se levantando. – Mas não deixarei que crie ilusões, esposa, sou sincero em minhas intenções com você e sempre serei.

- Deveria me dar uma chance – ela sussurrou para não chamar a atenção as pessoas sentadas com ela a mesa. – E agir como um marido de verdade.

Vegeta fechou a cara e se aproximou, encostando sua boca no ouvido dela.

- E por que deseja isso? Não tem medo de eu machuca-la novamente?

Maron sentiu um arrepio na pele pela aproximação.

- Tenho certeza que não me machucará, senhor. Eu confio em você – ela sussurrou de volta.

Vegeta se afastou desconfiando.

- Palavras estranhas, levando em consideração a forma como a violei.

Maron sentiu o coração acelerar, estava agindo de maneira errada e dando a entender que nunca foi machucada, precisava mudar aquilo e quebrar a desconfiança de Vegeta para com ela.

- Só quero dizer que agora você não bebe mais ... e que sóbrio não faria o que fez comigo naquela noite.

As feições de desconfiança de Vegeta suavizaram um pouco.

- Sim, é verdade – ele ponderou. – Em partes.

- Em partes? – indagou ela.

- Sim, em partes, porque nunca a tomaria para mim sóbrio. Aliás, atualmente, mulher nenhuma, então não precisa ficar ofendida.

Maron apertou a mandíbula sentindo as palavras de Vegeta a rasgar com uma lâmina em brasa. Quando ele lhe virou as costas, com o copo de cerveja na mão, ela teve vontade de gritar, mas se conteve quando sentiu a mão sobre a sua.

Virando o pescoço, viu que era sua irmã.

- O que você quer, Lunch – suspirou ela de maneira irritante. –  Se for para me dar sermões, eu dispenso.

Lunch suspirou antes de puxar irmã para dentro do castelo para conversar.

*****

Quando Lunch saiu do castelo, frustrada e mentalmente cansada. Deu de cara com seu marido, que a esperava de braços cruzados e desconfiado.

- O que você conversava com sua irmã? – indagou ele.

- Sobre o casamento – Lunch respondeu nervosa.

- E precisava arrasta-la para dentro do castelo para isso?

Lunch olhou para seu marido, e chegou a ponderar a ideia de contar para ele sobre as mentiras da sua irmã e que ela tentava convencer a mesma de contar a verdade ao lorde, mas algo dentro dela não permitia isso, sentia que se o fizesse estaria traindo alguém que era sangue de seu sangue. Por isso, mais uma vez, Lunch decidiu que seria melhor guardar aquele segredo com ela.

- Na verdade queria perguntar para Maron como estão suas feridas – mentiu ela.

A expressão de Tenshin se suavizou, mas o olhar de desconfiança ainda permaneceu, como uma fagulha de dúvida.

- E ...?

- Está melhor, graças a Deus – Lunch levou a mão na cabeça querendo fugir daquele assunto. – Queria ir embora, estou com dor de cabeça.

- Está bem – Tenshin pegou em sua mão. – Vamos nos despedir dos noivos e podemos ir para casa.

*****

Começava a escurecer e Chichi andava de um lado para o outro naquele quarto. Sua mente não a deixava descansar, seus instintos gritavam para ir atrás e ver o que seu coração dizia estar acontecendo naquela festa de casamento.

Ela tinha ficado a tarde toda se segurando. Tentou dormir, tentou comer e até mesmo rezou para afastar os pensamentos perturbadores de sua mente.

- Chega – ela rosnou cedendo aquele instinto, pegou o manto e o amarrou no corpo.

Não ficaria trancada dentro de casa imaginando coisas ruins. Ela tinha que ver com os próprios olhos que Kakarotto não estava fazendo nada de mais, que apenas estava se divertindo na festa de casamento de seu irmão. Ela veria, e voltaria para casa sem ele saber, assim seu coração se acalmaria e ela poderia dormir em paz.

Saiu com o céu já escuro e caminhou devagar até o castelo, onde a festa acontecia. A cada passo, mais os barulhos de vozes e algazarra aumentavam.

*****

Vados ficou encantada com a festa de casamento, admirou-se com a beleza daquilo.

Passou boa parte da festa observando Maron e concluiu que era realmente a Maron de que Bulma falou, analisando as semelhanças físicas entre as duas. Percebeu também que ela não desgrudava do lorde, então concluiu que pareciam felizes por terem se casado.

Vados sorriu ao ver Champa a observando do outro lado do jardim. Ela ergueu a caneca de cerveja para ele,  como se brindasse, e o padre como resposta arregalou os olhos, fez o sinal da cruz e virou as costas para ela.

- Você realmente o assuntou – sussurrou Kakarotto com a voz um pouco embargada pela bebida.

Vados sorriu, depois de sentiu o arrepio pela aproximação de Kakarotto, e se virou.

- Ele que começou – ela ergueu os ombros de maneira inocente. – Ora, vê se pode, me expulsar do jardim porque não era a cozinheira.

- Não precisava dizer à ele que ele ia sentar no colo do capeta antes que você – riu Kakarotto.

- Tá, admito que foi exagero da minha parte, mas não estou arrependida se quer saber.

- Acredito em você – Kakarotto leva a bebida aos lábios.

Vados o olhou na escuridão, ele era tão bonito, ainda mais com apenas o brilho da fogueira o contemplando.

- Queria te falar uma coisa – ela suspirou um pouco nervosa.

- O que? – Kakarotto franziu o cenho vendo a tensão no rosto dela.

- Mas não aqui – ela disse e pegou em sua mão. – Venha comigo.

Kakarotto a seguiu, deixando ela o arrastar para um lugar mais afastado da multidão. Quando ela parou, estavam na lateral do castelo, onde alguns lampiões iluminava o local, extremamente vazio de outras pessoas.

- Bom, já me arrastou para o canto escuro. O que vai fazer agora, moça? Me estripar ou roubar minhas moedas de prata.

Vados riu, ainda segurando a mão dele.

- Não, não é nada disso – ela mordeu o lábio. – Sabe que vou embora amanhã, não é?

- Sim – Kakarotto ficou sério.

- Então, essa é minha última chance de dizer – ela levou a mão dele em seu seio, do lado de seu coração.

Kakarotto arregalou os olhos e tentou tirar a mão de onde ela colocou. Estava bêbado, mas nem tanto assim.

- Calma – ela sussurrou apertando as duas mãos na dele, mantendo-a em seu seio. – Eu sei que é casado, sei que ama sua esposa e não quero destruir sua vida.

- Vados ...

- Shuu, deixa eu falar – ela sorriu. – Eu vou embora amanhã, Kakarotto, e eu poderia guardar isso, mas meu coração não deixa – suspirou antes de terminar. – Eu me apaixonei por você.

- O que? – ele se assustou dando um passo para trás e tirando a mão do peito dela.

- Fica calmo – ela riu. – Já disse que sei de sua situação, de que já tem alguém em seu coração. Não precisa retribuir.

Kakarotto não podia acreditar naquilo, e foi inevitável não se sentir culpado.

- Eu sinto muito por ter deixado chegar a esse ponto – Kakarotto abaixou a cabeça. – Se eu soubesse não tinha ficado perto de você.

- Ei – ela sussurrou pegando no rosto dele com as duas mãos. – Não se sinta culpado, apenas aconteceu.

- Desculpa – ele implorou mais uma vez, ainda se sentindo culpado por deixar aquele sentimento nascer em alguém que ele jamais poderia retribuir.

Vados olhou nos olhos dele, tão puros e selvagens ao mesmo tempo. Ele estava sendo tão gentil com ela naquele momento e isso encheu ainda mais seu coração de amor por ele. Era mesmo uma pena ele já amar outra, mas ela já havia aceitado isso. De qualquer forma, não resistiu senti-lo tão perto, então, por impulso, selou seus lábios ao dele.

Kakarotto arregalou os olhos e a afastou, sem nem ao menos cogitar a ideia de retribuir o beijo. Ele a olhou um tanto perdido, e ela sentia-se culpada por ter agido por impulso.

- Kakarotto ...? – a voz de Chichi ecoou em seus ouvidos como em um pesadelo.

Largando os ombros de Vados, ele se vira em direção a voz.

De olhos marejados e com a mão no ventre estava Chichi a uns dois metros de distância.

A visão de sua esposa fez o coração de Kakarotto partir. Deus, será que ela viu o beijo?

- Chichi, não é nada disso que você está pensando ... – disse ele desesperado.

Chichi apenas balançou a cabeça negativamente, com as lagrimas caindo, virou de costas para eles e correu para longe dali.

Uma Noiva para o LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora