capítulo quinquagésimo sexto

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- Nenhum dos dois, senhor – Vados responde a Kakarotto tentando formar uma desculpa enquanto o enrolava com as palavras.

- Nenhum? – Kakarotto ergue ligeiramente uma das sobrancelhas. – Se não está aqui para entregar algum recado ou visitar alguém, me diga de uma vez que diabos está fazendo aqui?

- Eu ... – Vados lambeu os lábios indecisa em sua desculpa – eu estou procurando meu irmão.

Kakarotto franziu o cenho, estranhando as palavras da mulher. Ele a olhou dos pés a cabeça desconfiado. Vados por sua vez, mordeu o lábio nervosa. Ela percebeu que ele a analisava enquanto a olhava em silêncio, mas não pôde deixar de ter pensamentos pecaminosos diante da negritude daquele olhar.

- Explique-se – ele exigiu de maneira tão arrogante que fez ela sentir um arrepio descendo pela sua coluna.
- Bem ... – ela gaguejou apertando as mãos atrás das costas – Whis teve que sair fugido da Inglaterra porque queriam pega-lo e provavelmente o condenariam a forca.

- O que ele fez para quererem isso?

- Nada, quer dizer, nada de mais. Ele só é um homem que tem bastante conhecimento em plantas. Ele sabe as que tem propriedades curativas, mas também conhece as que tendem a fazer mal.

- Ele é um bruxo? – Kakarotto abaixou as sobrancelhas enquanto os outros dois Saiyajins arregalaram os olhos e faziam o sinal da cruz.

- Não, por Deus – Vados gritou. – É justamente por conta desse tipo de ignorância que eles o querem condenar. Whis é um homem bom, ele só não é compreendido. Conhecimento é o que ele tem, não um pacto com o demônio.

Kakarotto suspirou, analisando os fatos, sem aquele pensamento arcaico da sociedade, realmente era errado condenar alguém apenas por conhecer a propriedade de cura de algumas plantas, claro que o tal de Whis conhecer as plantas venenosas era um perigo, mas ele usar uma espada também era, e nem por isso o queriam pendurado com uma corda no pescoço.

- Desculpe ter julgado seu irmão sem conhece-lo – Kakarotto abaixou levemente a cabeça.

Vados sentiu sua boca abrindo lentamente, estava impressionada com a atitude humilde do Saiyajin. Nunca alguém tinha sido tão empático para com seu irmão. Era incrível. Se antes estava encantada pela bela aparência do guerreiro, agora seu coração batia forte no peito pela alma bondosa que ele tinha. Sim, ele era um homem bom.

- Bom, voltando ao assunto, o que faz você acreditar que seu irmão está nas Terras Altas, ainda mais em território Saiyajin?

Vados piscou os olhos tentando voltar a realidade. Agora se sentia mal em mentir para aquele homem, mesmo que a mentira tenha sido parcial, vendo que o que contou até então era verdade, exceto é claro, que ela sabia exatamente onde estava Whis.

- Ele me disse que se esconderia por essas regiões antes de fugir – ela respondeu rápido antes de se arrepender.

- Bom, moça, acredito que deva procurar em outras terras. Aqui seu irmão não está escondido, com toda a certeza. Nada passa despercebido pelo olhos dos Saiyajins.

- Acredito cegamente nisso – ela sussurrou muito baixo.

- Como?

- Nada não.

Kakarotto espremeu os olhos.

- Então ... se era só isso pode ir embora – ele apontou o queixo para a direção da qual ela veio.

- Mas eu perdi meu cavalo – ela choramingou.

- Agora ele é nosso – riu Kakarotto. – O que está nas terras Saiyajins, pertence aos Saiyajins.

- O que? – ela arregalou os olhos. – Vão roubar meu cavalo?

Os Saiyajins sentados no cavalo gargalharam.

- Não vamos roubar nada, você o entregou de bandeja para nós – Kakarotto elevou os lábios para o lado em um sorriso arrogante.

- Agora entendo porquê o chamam de bárbaros.

- Se é só isso, adeus, e acho bom sair logo daqui, esse lobo não é o único da região.

Vados fez uma careta ao ver o guerreiro virar as costas para deixa-la sozinha. Ela tinha que ser rápida, mesmo ele parecendo mau agora, a pouco tinha visto a integridade dele, então tinha que ativa-la novamente. Por isso, assim que deu um passo, ela fingiu dor e caiu no chão.

Kakarotto escuta o barulho da queda e os murmuro de dor. Revirou os olhos e voltou-se para a mulher, que agora estava sentada no chão com a mão no calcanhar.

- Qual o problema agora? – rosnou ele impaciente.

- Acho que torci o meu pé – choramingou falsamente.

- Ah, por Deus, não tenho tempo pra isso – Kakarotto se virou novamente para ir ao seu cavalo.

- Vai mesmo me deixar aqui? Sem cavalo e com o tornozelo machucado? – Vados suspirou desesperada. – E aquela história do que está nas terras Saiyajins, pertence aos Saiyajins?

Dessa vez o guerreiro virou lentamente, como se analisasse as palavras da mulher.

- Cuidado com suas palavras, moça, se as dissesse a qualquer outro que não fosse eu, amanheceria com um marido.

- O que o faz diferente dos outros? – murmurou ela desafiante.

- Já tenho uma mulher – ele sorriu e caminhou até ela, pegando-a no colo. – E sou internamente fiel à ela.

Colocando ela no seu cavalo, Kakarotto segura as rédeas e caminha, puxando o garanhão a pé.

Vados não podia negar que sentiu uma pontada de decepção ao descobrir que ele era casado. Deveria estar feliz ao conseguir entrar em território Saiyajin e poder ajudar Bulma, mas ao invés disso estava enciumada, o que achou ridículo vendo que acabara de conhecer aquele homem. Deus, nem seu nome sabia.

- Qual é mesmo seu nome? – Indagou ela no caminho enquanto concluía as coisas em pensamento.

- Kakarotto.

- Prazer, Kakarotto, eu sou a Vados.
- Eu sei, moça – riu ele. – Você já tinha me dito, lembra?

- Oh, é mesmo – constrangeu-se ela com um sorriso.

*******

Vegeta andava de um lado para o outro enquanto o curandeiro cuidava de Maron em um dos quartos do castelo. Os Saiyajins que estavam junto à ele o olhavam um pouco decepcionados. Nunca imaginaram Vegeta como um homem covarde, ainda mais vendo que aquele quebrava o lema dos Saiyajins, nunca um deles deveria erguer a mão para uma mulher.

A culpa já o assolara e os olhos incriminadores de seu clã o fazia se sentir pior do que já estava. O que sua dor e bebedeira fizera? Machucou alguém que não tinha nada a ver com isso.

Quanto Lunch chegou ao castelo, ao lado de seu marido, Tenshin Han, Vegeta franziu o cenho ao não receber a comitiva que aguardava de uma irmã que tinha tido a outra violada.
Lunch apenas o olhou com pena e sentou-se ao lado do marido, esperando o curandeiro descer. Certamente ela já sabia de tudo, aliás, as notícias corriam rápido, e provavelmente o clã todo sabia.
Quando o padre Champa entrou, Vegeta abaixou a cabeça, certamente esperava um sermão. Mas tudo o que Champa fez ao parar ao lado do lorde foi dizer:

- Sabe o que deve fazer se ela sair com vida, não sabe, meu filho?

Vegeta sentiu a mandíbula ficar tensa ao ponto de quase quebra-la.

- Sim, eu sei.

- Só assim manterá a integridade da pobre moça, e claro, a sua perante seu clã.

Vegeta suspirou cansado. Nunca mais beberia em sua vida, nunca mais se deixaria abalar pela tristeza em seu coração. Isso o condenou, assim como condenou Maron. Como um lorde, faria o que teria que ser feito, mas para sempre se fecharia, guardaria os sentimentos que tinha em sua alma e demostraria apenas a impiedade que um guerreiro teria que mostrar.

A postura dele mudou instantemente, as feições doloridas tomaram lugar na carranca cruel que adotara quando perdeu sua mãe. A pose, antes um pouco corcunda, votou a ser ereta e arrogante.

Champa o olhou com tristeza, já entendia o tipo de metamorfose que acontecia sutilmente ao seu lado. Um homem frio e cruel talvez emoldurável ele se tornava, e como tal, as atitudes seriam calculadas com frieza e não com sentimentos.

Talvez fosse o melhor, concluiu Champa, pois os sentimentos quase o levaram a desgraça, a frieza, quem sabe, o tornaria mais sensato em suas atitudes e decisões.

Quando o curandeiro desceu, Vegeta foi até ele, antes mesmo dele terminar de descer a escada.

- Então? – Indagou ele sem se enrolar na pergunta.

- Os ferimentos foram artificiais – disse ele prontamente. – Em poucos dias estarão curados, não foi nada grave.

- E quanto a virtude dela?

O curandeiro franziu o cenho.

- Certamente ela não existe mais, senhor – sussurrou ele constrangido. – Ela não é mais virgem.

Vegeta rosnou vendo que sua decisão seria apenas uma diante da situação. Ele a desonrou, teria ele que arcar com isso.

- Ela quer falar com você, Lorde – disse o curandeiro enquanto Vegeta divagava em seus pensamentos.

- Claro – falou ele antes de subir as escadas como um furacão.

********

Kakarotto chegava às terras com o clã praticamente todo reunido de frente para o castelo, franziu o cenho diante daquilo, que diabos estava acontecendo?

Chegou em meio a muvuca e antes de poder perguntar algo a qualquer um, viu Kale e Caulifla correndo em sua direção.

- Oh, comandante, que bom que chegou – disse Kale.

- Estava na hora, vai lá dentro, descubra o que está acontecendo e venha nos contar – exigiu Caulifla.
Kakarotto revirou os olhos.

- Vocês duas não tem jeito – suspirou cansado. – O que aconteceu para o clã inteiro está diante do castelo?

- Não temos certeza de nada.

- Apenas especulações de um erro e um provável casamento – disse Caulifla eufórica.

- Ou um funeral – completou Kale de maneira depressiva.

Kakarotto franziu o cenho. Malucas que não falavam coisa com coisa.

- Funeral? – sussurrou Vados assustada.

Só então Kakarotto lembrou da loira em sua montaria. Olhou para ela e suspirou. Voltou para Kale e Caulifla e estendeu a rédea do cavalo para elas.

- Levem Vados para a casa de vocês.

- E por que eu faria isso, velhote? – Caulifla olhou feio para Vados.

Kakarotto rosnou.

- Primeiro, porque eu estou mandando – ele aproximou o rosto perigosamente perto do de Caulifla, que deu um passo para trás. – Segundo, porque se vocês fizerem esse favor para mim, eu conto o que eu descobrir quando entrar no castelo.

- Saiba que farei o favor porque estou muito curiosa com a situação do Lorde – ela disse fingindo desinteresse. – E também porque estou curiosa de saber quem é essa mulher.

Vados a olhou com uma sobrancelha erguida, certamente se tratava de uma garota desaforada e atrevida.

Viu Kakarotto passar pela multidão para entrar no castelo, enquanto era levada por Kale e Caulifla para fora dali, não podia negar que também estava curiosa, mas não podia simplesmente descer do cavalo e entrar no castelo. Certamente não deixariam, além é claro, de Kakarotto descobrir que ela mentiu sobre o tornozelo. Suspirando, percebeu que não seria tão simples descobrir a situação das Terras Altas e do lorde Saiyajin.

*******

Maron estava deitada na cama, com as feridas cobertas por panos de linho, e com uma gosma verde entre o tecido e o machucado.

Sorriu ao ouvir passos vindo do corredor, mas ficou seria ao ouvir o trinco da porta se abrindo.

Vegeta entrou no quarto e fechou a porta, caminhou até a cama e cruzou os braços analisando a mulher deitada na cama.

- Esta com dor? – Indagou ele.

- Um pouco, milorde – ela sussurrou tentando parecer uma coitada. – Mas a maior dor é por dentro, entende?
- Acho que sim – ele abaixou as sobrancelhas engolindo em seco. – O curandeiro disse que você queria falar comigo.

- Sim – ela se sentou na cama, gemendo mais do que necessário, queria realmente parecer uma mulher muito machucada. – Queria dizer-lhe, que mesmo depois de tudo o que aconteceu noite passada, não o odeio e o perdoo pelo que fez comigo.

Vegeta a olhou se sentindo o pior dos homens. Que espécie de lixo havia se tornado?

- Você é muito generosa, Maron, mesmo eu não merecendo seu perdão, você o me entrega tão bondosamente.

Maron sorriu, sentindo um pequeno triunfo ao ouvir as palavras doces para com ela.

- Não consigo guardar rancor, senhor.

Desconfortável, e sentindo que tudo aquilo era muito errado, ele virou as costas à ela, e caminhou até a lareira.

- Eu não me lembro muito bem da noite passada, mas sinto muito pela sua primeira vez ter sido tão dolorida e cruel – ele suspirou. – Sei qual é minha obrigação diante dessa situação, mas o farei apenas se quiser, Maron.

Maron ficou mais ereta na cama, seus olhos brilharam e seu coração bateu mais forte no peito.

- Mas antes de lhe pedir, saiba que nunca mais beberei, ou erguerei minha mão em você.

- Eu acredito, Vegeta – ela disse desesperada pelo pedido.

Vegeta se virou, mas seu olhar era carregado de uma frieza que assustou um pouco Maron.

- Se aceitar, saiba que não seremos um casal completo. Não a quero dormindo comigo. Não iremos desfrutar da intimidade. A única vez que a toquei foi noite passada e não acontecerá de novo.

O sorriso de Maron sumiu, ela piscou algumas vezes não acreditando nas palavras de Vegeta.

- O que? – ela gaguejou como se algo tivesse preso na garganta.

- Você entendeu, casaremos apenas por aparências, para você não se tornar uma perdida e para eu não me tornar um Lorde ao qual o clã não respeita.

- Por aparências?

- Sim, acredito que esteja aliviada com isso. Vendo o terror que passou em minhas mãos – ele acenou fortemente a cabeça. – Então, Maron, diante de minhas exigências e da promessa que nunca a tocarei de novo, aceita se casar comigo?



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