capítulo sexagésimo segundo

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Gohan desceu daquele cavalo como um louco, tirando o capuz e caminhando a passos largos até a madre superiora e a noviça ao seu lado.

- Videl está nesse convento? – Indagou um tanto afobado.

- Sim! – respondeu a madre desconfiada. – Há uma Videl nesse convento.

- Quero vê-la – exigiu ele autoritário.
- É algum parente dela?

- Não – gaguejou ele. – Mas a conheço, preciso falar com ela.

- Isso é irregular, meu jovem – a madre fechou a expressão em uma carranca. – E outra, como pode ter certeza que a Videl que está aqui é a Videl que conhece?

- Essa Videl está aqui a pouco tempo? Ela é filho do Lorde Satan das Terras Baixas?

A madre ergueu as duas sobrancelhas em surpresa.

- Sim, ela está aqui a pouco tempo, e é filha de um Lorde.

- Ela tem olhos azuis e cabelos negros? – continuou Gohan com suas sequências de perguntas. Queria convencer a mulher a sua frente e tirar suas próprias dúvidas.

- Sim! – dessa vez quem respondeu foi a noviça ao lado da madre. – Certamente ele fala da nossa Videl, senhora.

- O que quer com ela? – a madre agora se mostrava curiosa.

Gohan suspirou e tratou de contar tudo. De como a conheceu, das coisas que aconteceram à ela e sobre o segundo encontro deles, dos problemas de seu país que ocuparam o tempo dele, e de sua intenção com Videl, e por fim, falou de que quando voltou as Terras Altas soube da decisão dela, e que agora estava numa busca a qual não desistiria até falar com ela.

- Que romântico – suspirou a noviça quando Gohan terminou de falar. Em resposta a madre deu um cutucão nela com o cotovelo.

- Mas não entendo sua busca, Barão – a madre tentou parecer diplomática, mas estava nítido em seus olhos que admirou o jovem por sua atitude. – Videl traçou seu destino, escolheu seu futuro, por que a perturbar com suas prováveis promessas? Isso só irá confundi-la.

- Ela não veio para o convento por vocação, senhora – disse Gohan tirando a carta de suas vestes. – Veja você mesmo.

A madre pegou o papel na mão e o leu atentamente. As palavras quase em um enigma mostrava muitas possibilidades, mas a principal era que Videl escolheu o convento para fugir, não por conta de algum chamado divino.

- Vou chama-la – disse a madre assim que terminou de ler, devolvendo o papel para ele.

Gohan suspirou aliviado, e esperou a madre ir até Videl e trazê-la para ele.
Enquanto esperava, se perguntava interiormente por quê a tal de Cocoa havia mentido para ele? Essa mentira quase o fez ir embora dali sem nem ao menos saber que Videl estava mesmo naquele convento.

Deus estava do seu lado, concluiu, e agora tudo seria resolvido.

*****

Videl decidiu que não sairia do quarto durante aquele dia, e Cocoa, como a amiga que se dizia ser, ficaria ao seu lado até o anoitecer. Aparentemente ela também não queria ver Gohan, e isso só convencia mais Videl de que ele era o canalha daquela história toda.

- Talvez poderemos sair para o jantar – disse Cocoa ajeitando o lençol entre os dedos para o bordado. – Duvido que ele fique aqui mais uma noite.

- Melhor não arriscar, Cocoa – bufou Videl. – Evitarei vê-lo de todas as formas possíveis.

Cocoa parecia satisfeita demais com a repudia nas palavras de Videl.

Nesse momento entrou a madre superiora no quarto, assustando as duas pela forma que adentrou no ambiente.

- Videl, o forasteiro que nós abrigamos em nossas terras diz conhece-la e quer vê-la.

- Não quero olhar para esse homem, senhora – disse ela de maneira magoada.

- Por quê? – a madre franziu o cenho. – Ele diz está buscando por você desde que soube que resolveu se tornar freira. Parece bastante ... interessado em colocar as coisas nos devidos lugares.

A madre decidiu que não seria bom falar para Videl que ele queria desposa-la, afinal, ela só conhecia um lado da história, podia ter mais coisas ali, vendo a forma como ela parecia mais magoada do que normalmente estaria numa situação dessas.

Videl não queria, mas sentiu o coração tremer, e aquela voz na sua cabeça quase a convenceu de descer as escadas junto a madre e falar com Gohan, mesmo que tudo que ele dissesse a ela fosse mentira.

Cocoa vendo que Videl ponderava em sua decisão, resolveu que teria que tomar medidas drásticas, não queria se expor para sua superiora, e mentir mais do que já mentiu, mas era necessário, nem que depois fosse castigada ou  expulsa do convento – coisa que ela interiormente desejava. Era um preço que ela não ligava de pagar, aliás, pagaria com prazer.

- Madre – ela falou antes de Videl tomar coragem em responder. – Deve expulsar esse homem daqui, ele não está aqui por Videl.

- Ele diz estar, Cocoa – a madre se voltou para outra noviça confusa.

- Então por que não perguntou por ela antes? – Cocoa era boa em manipulação de palavras e estava se saindo excelente naquele momento. – Eu digo o porquê, ele deve ter ouvido alguém falar o nome dela ou a senhora mesmo falou.

- Sim, é verdade, mas isso não quer dizer ...

- Ele mente, senhora, está aqui por outros motivos, ele mesmo me disse – Cocoa abaixou a cabeça. – Agora inventou essa história para tentar seduzir mais uma de suas noviças.

- Mais uma? – a madre se espantou.

- Sim, Madre, ele tentou me seduzir, ele ... – Cocoa fingiu segurar o choro.

- Me diga o que ele fez com você, Cocoa – exigiu a madre quando viu que ela não falava mais nada.

- Ele a beijou, senhora – quem respondeu foi Videl, com muita mágoa em suas palavras. – Cheguei a pensar no começo que ele estava aqui por mim, mas vi que me enganei, por isso me mantive nesse quarto hoje. E agora, por algum motivo, ele sabe que estou aqui, mas não deixarei ele me enganar.

Os olhos da madre se tornaram chamas, e ela saiu daquele quarto feito um furacão. Enquanto isso Videl tentava acalmar Cocoa, que derramava suas lagrimas de crocodilo.

*****

Gohan não entendeu absolutamente nada quando viu a madre voltando furiosa.

- Saia dessa proprietário, seu insano, impuro, pecador ... – ela praticamente berrava.

Gohan arregalou os olhos, e deu um passo para trás.

- O que ... – gaguejou ele quando viu a madre abaixar para catar as pedras e começar a atira-las nele. – O que está acontecendo?

- Quase desonrou uma das minhas noviças – gritou ela. – Saia daqui.

- Espere – ele gritou desviando das pedras. – Do que está falando?

- A beijou – disse ela parando de atacar as pedras quando viu que ele estava com os pés na estrada, já fora de sua propriedade. – Consegue ver o pecado que cometeu?

- Nunca beijei, Videl – disse ele arregalados os olhos e tentando formar algum sentido no que aquela mulher falava.

- Não estou falando de Videl, seu despudorado – rosnou ela. – Estou falando de Cocoa.

- Cocoa? – Gohan deu mais um passo para trás. – Nunca a beijei, por Deus.

- Não ouse colocar o nome de Deus nessa história.

- Estou falando a verdade, senhora, nunca beijei nenhuma noviça, nem mesmo a que quero desposar.

- Mentiroso – exclamou ela. – Acha que Cocoa seria capaz de mentir? Acha que vou acreditar em você ao invés de acreditar nela?

- Pois deveria – disse Gohan impaciente.

- Vá embora – exigiu ela.

- Não antes de falar com Videl.

- Ela não quer falar com você – gritou ela. – Agora suma daqui.

Os olhos de Gohan subiram no segundo andar do casarão, e em uma das janelas viu o rosto de Videl atrás das cortinas, quando percebeu que ele a viu, ela fechou a cortina se escondendo, pode ter o vislumbre de seus olhos assustados. Santo Deus, será mesmo que ela não queria falar-lhe, ou a envenenaram como envenenaram a madre contra ele.

Gohan bufou, que diabos estava acontecendo ali? Poderia tentar usar da diplomacia, ou da própria força para entrar ali e falar com Videl, mas achou mais sensato sair dali por enquanto, esperar as coisas se acalmarem, os ânimos sossegarem e só então voltar. Não desistiria de Videl por conta de uma armação que ele nem ao menos sabia o porquê de terem feito contra ele.

- Vou embora, senhora – disse ele colocando o capuz. – Mas saiba que está cometendo um erro.

- Ainda tem coragem de me ameaçar?

- Não é uma ameaça – disse firmemente.

Subiu em seu cavalo e se afastou dos olhos da madre, que tinha as pupilas dilatadas de ódio. Talvez o melhor seria voltar durante a noite, quando todas estivessem dormindo. Mas não desistiria, somente iria embora de vez se ouvisse da própria Videl que esse era seu desejo, e ela teria que dizer isso olhando em seus olhos.

*****

Kakarotto cavalgou em seu cavalo sem lhe dar descanso. Subiu e desceu colinas até contemplar o castelo da Inglaterra.

Durante o trajeto, procurou por rastros de Chichi, e as marcas da carroça que usou ainda estava evidente em alguns lugares da estrada, agradeceu aos céus por não ter visto nenhum sinal de acidente, ou de que a carroça foi desviada para além da estrada.

Descendo de seu cavalo, recebeu o olhar desconfiado dos guardas do castelo. Não estava com paciência para usar sua pouca boa educação, mas tentou de qualquer jeito.

- Me digam se Chichi Cutelo chegou sã e salva nesse castelo – exigiu ele com a voz sendo forçada para um tom baixo.

- Quem é você? – um deles perguntou de maneira debochada. – Que ousadia chegar aqui e disparar exigências de nós.

O soco no rosto do guarda foi certeiro. O pobre caiu no chão com mão no queixo que certamente estava quebrado agora.

Os outros guardas insinuaram atacar o Saiyajin, mas pararam diante da ameaça iminente.

- Vocês querem mesmo fazer isso? – rosnou Kakarotto. – Só quero que respondam minhas perguntas, e vou ter a respostas delas, nem que eu tenha que arranca-las de suas gargantas.

Certo, Kakarotto era intimidador com suas palavras e porte, afinal, se tratava de um homem fisicamente forte e grande. Mas os guardas não se deixariam intimidar, pois eles eram dez, enquanto aquele homem era apenas um.

As espadas foram tiradas de suas bainhas, e o ataque veio logo a seguir, e Kakarotto, com suas habilidades e resistência vindas do berço, se mostrou com muita vantagem. Ele era rápido e muito forte, desviava dos ataques com perfeição, e seus ataques, diferente de seus oponentes, eram certeiros.

Logo estavam todos aos seus pés, com alguma parte do corpo quebrada.

- Impressionante – a voz veio dos portões do castelo.

Kakarotto, que nem suado estava, olhou para o homem de boa aparência, cabelos negros e vestido de maneira impecável.

- Acha isso impressionante? – Indagou de maneira arrogante. – Os guardas desse lugar são patéticos.

- Comparados à você são mesmo – Yamcha riu se aproximando. – Mas me diga, senhor ...

- Kakarotto – ele cruzou os braços. – Comandante do clã Saiyajin.

- Uou – Yamcha se surpreendeu, ou fingiu muito bem a surpresa. – Muito bem, senhor Kakarotto, posso saber qual o motivo de sair das suas terras e vir até aqui para espancar os guardas desse castelo?

- Isso foi desnecessário – Kakarotto estalou os lábios. – Não teria batido em ninguém se tivesse dado as respostas para minhas perguntas.

- Que seriam? – Yamcha estava muito interessado naquele assunto.

- Se minha mulher, Chichi Cutelo, chegou aqui, e se sim, e para o bem de todos espero que sim, vou leva-la para casa. Lugar aliás que ela NUNCA deveria ter saído.

- Chichi Cutelo? Chichi Cutelo?

Yamcha colocou a mão no queixo se fazendo de desentendido, mesmo sabendo exatamente de quem aquele homem falava, vendo que lembrava do desespero de seu pai com ela desmaiada nos braços do guarda quando ela chegou naquela manhã. Isso sem falar que a poucas horas atrás havia combinado algo com o duque.

- Ah – ele estalou os dedos fingindo ter lembrado. – A filha do Duque Cutelo?

- Essa mesma – disse Kakarotto desmanchando a carranca e adotando uma expressão menos dura. – Ela está aqui, não é? Está tudo bem com ela? E o bebê?

- Calma – disse Yamcha colocando as duas mãos pra frente. – Ela está aqui, e bem. E o intruso ou intrusa cresce na barriga dela com vigor.

- Graças a Deus – sussurrou ele. – Agora, me leve para dentro e diga a ela que vim busca-la.

- Você está acostumado a dar ordens, não é? – Yamcha fez uma careta.
Kakarotto ergueu os ombros indiferente.

- Vejo que sim – Yamcha colocou a mão no ombro de Kakarotto. – Venha, comandante, tem alguém te esperando lá dentro.

- Chichi? – sorriu ele imaginando que ela já estava mais calma e o havia perdoado.

- Não – riu Yamcha. – Aquele que te espera é o pesadelo de todo homem.

- Quem? – Kakarotto desconfiou olhando rabugento para Yamcha.

- Seu sogro.

*****

Videl não conseguia dormir, e isso era inesperado por ela, vendo que noite passada já havia passado em claro. Imaginou que estava assim por conta do cochilo que tinha tirado durante o dia, mas ela sabia, dentro de seu coração, que não conseguia dormir por conta da partida de Gohan.

Ele ter aceitado tão bem que ela não queria falar com ele, só mostrou sua falta de interesse para com ela. Claro que o que mais moveu sua partida foi a fúria de sua madre, mas mesmo assim ela sentiu que ele desistiu fácil demais.

Videl sempre foi uma mulher insegura, e nunca se sentiu completamente bem durante toda sua vida, a falta de confiança para si mesma sempre a deixava se sentir menos do que realmente era. E aquele episódio de Gohan com Cocoa mostrou para ela o quanto aquilo a afetava.

Sentando na cama, em seu quarto que aquela noite estava solitário, pois Cocoa voltou para seu quarto original, ela suspirou. O melhor era ela continuar ali mesmo, não tinha porque arriscar sair e tentar uma vida diferente. Tudo a machucava em excesso, tudo era tão difícil. E mesmo que por um tempo, durante seus treinos com os Saiyajins, acreditasse que em sua força, agora nada disso adiantava, seu coração estava mais partido do que nunca e se sentia tão frágil como uma boneca de porcelana.

Deitando na cama em posição fetal, finalmente seus olhos se fecharam para o mundo dos sonhos.

*****

Gohan espreitava a janela que tinha visto Videl mais cedo, havia deixado seu cavalo amarrado um tanto mais longe, para nenhum barulho chamar a atenção.

Não deu para ver muito o que acontecia naquele convento durante o dia, mas reparou que em nenhum momento Videl saiu do quarto, pois via o vulto dela andando pra lá e pra cá pelas janelas.

Ficou escondido entre as árvores, perto da floresta que ficava na frente do convento, e se manteve ali até o anoitecer. Só ousou sair dali quando viu que todas dormiam, ou pelo menos era o parecia.

Arquitetou um plano de como poderia falar com Videl, mas a mesma não saia do quarto, então complicou as coisas, por isso, observou em como podia escalar até a janela dela e entrar no quarto dela. Ele rezava para ela estar sozinha quando ele entrasse, e rezava mais para ela não gritar quando o visse.

Gohan caminhou a passos leves até a parte de trás do convento, evitando o menor dos barulhos, ali tinha uma escada, que por sorte ele tinha visto quando foi pegar seu cavalo mais cedo, não era muito grande, mas provavelmente iria ser útil para chegar até aquela janela que ficava no segundo andar.

Levou a escada de madeira com braços e a colocou devagar na parede que tinha a janela desejada, o último degrau ficava a quase um metro de distância da janela, então ele percebeu que teria que fazer uma manobra para conseguir pular lá dentro.

Subiu os degraus lentamente, sempre tentando ser o mais silencioso possível, quando chegou ao último degrau, se colocou na ponta dos pés se esticando para segurar o parapeito da janela. Os braços fortes fizeram força, erguendo o corpo para cima e logo o antebraço serviu como apoio.

Gohan bufou ao ver a janela fechada, então, com o braço que não estava evitando o corpo cair, ele puxou a janela para lado, e quando a mesma abriu, ele sorriu, se erguendo novamente ele praticamente se jogou para dentro, fazendo um barulho ao cair no chão dentro do quarto.

Videl, que até então dormia profundamente, se sentou na cama assustada, e quando olhou para a direção do barulho, viu as cortinas voando pelo vento que entrava e depois viu o homem se sentando no chão acariciando a cabeça que provavelmente bateu, ela abriu a boca para gritar.

Gohan, mais que rápido, se levantou e correu para a cama de Videl colocando sua mão na boca dela antes de qualquer grito sair.

- Sou eu, Videl – ele sussurrou tentando acalma-la. – Gohan.

As poucas velas permitia um pouco de claridade, e claro, a lua cheia que brilhava no céu.

Os olhos arregalados de Videl se suavizaram quando contemplou aquele rosto bonito.

Gohan, vendo que ela se acalmou, tirou lentamente a mão da boca dela.

- Gohan? – ela sussurrou surpresa.

O inglês sorriu, mas o sorriso sumiu quando sentiu o tapa ardido em sua face.

*****

O pai de Chichi já esperava a vinda de seu genro ao castelo, pelo que sua filha havia lhe falado, não era de seu agrado sua decisão, e por sair fugida das Terras Altas, era questão de tempo para ele vim com dois quentes e um fervendo atrás dela.

O duque era um homem dócil a maior parte do tempo, mas seu porte extremamente grande botava pra correr o mais corajosos dos soldados, e usaria isso para intimidar seu genro.

Por isso, depois de conversar com a filha, e o médico dizer que estava tudo bem com seu neto ou neta, Cutelo tratou de falar com o Yamcha, para ficar de olho quando o Saiyajin chegasse as terras da Inglaterra e o levasse até ele quando o mesmo exigisse ver a esposa.

Em seu escritório, ele analisava as opções das exigências da filha. Divórcio não era algo bem visto aos olhos da igreja e da lei. Mas ele podia ser feito em algumas situações.

O casal não ter tido em nenhum momento relação sexual era a maneira mais fácil de conseguir uma anulação de casamento, mas esse motivo Chichi não poderia usar. Um bebê crescia dentro de seu ventre, e isso era prova suficiente para Kakarotto provar que o casamento deles havia sido consumado. Por isso essa opção havia sido descartada.

Então ele pesquisava mais opções, e durante a leitura, percebeu o quão caro ia sair aquilo, mas dinheiro não era problema para ele. Viu que a anulação poderia ser conseguida em mais três situações. Adultério, lepra e impotência.

Cutelo riu ao imaginar Chichi falando que o marido era impotente. Certamente o homem explodiria de ódio, provavelmente ficaria menos ofendido se ela dissesse que ele tinha lepra.

Balançando a cabeça, o duque tentou manter a seriedade, não podia rir em um momento trágico daquele. A melhor opção era Chichi usar da verdade, afinal, ouve uma traição, e com a prova do adultério, Chichi conseguiria o divórcio desejado.

Mas ainda havia dois problemas: Provar que ela havia sido traída e o herdeiro que ela carregava. Mesmo que ela conseguisse o divórcio com facilidade e o marido dela não se opor a vontade dela, a criança pertencia ao pai, e Chichi ficaria arrasada ao ter seu bebê tomado dela, era algo cruel.

Batendo os dedos na mesa, Cutelo ponderou que o melhor era Chichi perdoar o marido e voltar a sua vida, seria tudo tão mais fácil para ela e para ele, para todos aliás, mas sua menina sempre foi cabeça dura e muito possessiva, não aceitava dividir nem suas roupas desce pequena, o que dirá o marido.

Quando Yamcha entrou com um homem de porte forte e coberto por um manto escocês, soube imediatamente de quem se tratava.

Levantou da cadeira e o cumprimentou com um leve aceno.

- Boa tarde, meu genro – disse educadamente. – Sente-se, temos muito o que conversar.

Kakarotto franziu o cenho ao ver o tamanho de seu sogro, não que ele se mostrasse covarde perante a grandeza de algum provável oponente, mas tinha que ser tão grande assim?

- Boa tarde, meu sogro – disse limpando a garganta e caminhando até a cadeira que Cutelo apontava para ele se sentar.

Yamcha, como o homem esperto que era, achou que era o momento certo de sair, mas não antes de deixar uma frase de efeito pairando no ar.

- Acho que vou deixa-los à sós agora – Yamcha segurou o trinco da porta. – Se a conversa se tornar mais quente, a sala de tortura é aqui do lado.

Kakarotto engoliu em seco quando viu Yamcha fechando a porta bem devagar, o ranger da madeira deixava tudo mais assustador.

A mão de Cutelo foi até seu ombro, fazendo o Saiyajin dar um pulo involuntário.

- Não ligue pra ele – Cutelo disse. – É um homem que gosta de brincar com qualquer situação, por mais séria que seja.

Kakarotto respirou aliviado.

- Então não há uma sala de tortura aqui do lado? – Indagou ele se sentando.

- Ah, não – Cutelo se sentou na cadeira, colando os cotovelos sobre a mesa. – Realmente há uma sala de tortura no cômodo ao lado.

Os olhos de Kakarotto se arregalaram.

*****

- Por quê você me bateu? – Gohan Indagou num sussurro passando a mão no ardido do rosto.

Videl se levantou da cama muito nervosa.

- Porque entrou em meu quarto na calada da noite sem a minha autorização – sussurrou ela.

- Se eu tivesse sua autorização estava tudo bem então? – brincou ele.

- Claro que não – ela gaguejou.

- Videl – Gohan se levantou da cama sério, tentando ignorar o pijama transparente que ela usava. – Preciso falar com você.

- Não tenho nada pra falar com você – Videl cruzou os braços e fez um bico enorme. – Vai embora.

- Por que tá braba comigo? – riu ele vendo o quão mimada ela parecia agora.

- Gohan, vai embora, ou eu vou gritar – ameaçou ela virando-se de costas para ele, tentando desesperadamente cortar qualquer assunto deles.

- E por que não gritou ainda? – sussurrou ele em seu ouvido.
Videl deu um pulo.

Como ele chegou tão rápido perto dela?

- Porque tapou minha boca – disse ela se afastando.

- Não estou fazendo mais isso – Gohan ergueu os ombros desafiador.

- Gohan ... – pediu ela mais uma vez.

- Videl ... – exigiu ele.

- Por Deus, homem, não quero conversar com você, já perdeu essa oportunidade, e qualquer segunda chance que tivesse a destruiu quando beijou Cocoa.

- Eu não a beijei – Gohan abaixou as sobrancelhas.

- Está mentindo – Videl ergueu o punho. – O que ela ganharia inventando uma história dessas?

- Eu sei lá – Gohan ergueu as duas mãos para cima. – Assim que encontrei essa garota, e a ajudei com a roda da carroça, ela já sabia que eu a procurava.

- Sabia? – a duvida cruzou os olhos de Videl.

- Sim, e ela me garantiu que você não estava nesse convento, Videl, sorte que uma das noviças disse seu nome antes que eu partisse.– Gohan pegou as duas mãos dela a puxando para perto. – Pensa comigo, que outro motivo me traria aqui?

- Eu ... Cocoa disse que você estava indo ver um amigo que mora mais para o leste – Videl não se deixaria ludibriar pelas mentiras daquele homem. – E você a beijou, Gohan, ela não mentiria uma coisa dessas.

- Não? – Gohan riu de maneira nervosa. – Essa moça mente mais do que você pensa.

- Do que está falando?

- Um amigo que mora ao leste? – debochou ele. – Só se esse meu amigo for um ser de quatro patas e uiva para lua.

- O quê? – Videl se engasgou.

- Sim, só a floresta e lobos ao leste – disse ele. – Se ela mentiu nisso, mentiu no resto. Estou aqui porque estava a sua procura, a mais de uma semana entrado e saindo de conventos para encontra-la.

Videl começou a tremer, seu coração acelerou. Deus, será que deveria permitir-se acreditar nele?

- Eu ... eu não sei o que pensar – ela soltou as mãos dele e abaixou a cabeça. – Você nem ao menos me escrevia, não me deu esperanças de nada, por quê agora teria dado o trabalho de vir aqui atrás de mim?

Gohan suspirou pesadamente, certamente errou com Videl, deveria ter agido diferente, e entendia seus medos e dúvidas. Mas agora faria o certo, provaria à ela que sua versão era a verdadeira. Pegou a carta guardada em seu bolso e estendeu para ela.

Videl franziu o cenho ao ver  aquele papel estendido, demorou um pouco para tomar coragem e pegar para lê-lo, quando o fez seus olhos se arregalaram em surpresa ao ver sua letra ali.

- Fui atrás de você, Videl – disse Gohan enquanto a via analisando as próprias palavras naquela carta. – Mas você já tinha ido embora.

- Meu pai estava me pressionando a escolher um noivo – Videl sussurrou. – Mas eu não queria ninguém ... ninguém que não fosse ...

Ela não completou as palavras por medo, mas não foi preciso, pois Gohan entendeu o que ela queria dizer, de qualquer jeito se aproximou e exigiu:

- Ninguém que não fosse o que, Videl?

- Gohan, me sentirei uma tola se completar essas palavras, por favor, não as exija.

Os dedos do barão se ergueram, pegando no queixo de Videl delicadamente, os olhos se encararam na escuridão.

- Acredita agora que estou aqui por você? – Indagou tirando a carta da mão dela.

- Sim – ela suspirou sentindo a mão dele, a mesma que havia tomado a carta de seus dedos, segurando sua cintura.

- Então me diga porquê preferiu vir a um convento, do que se casar?

Os olhos dele a encaravam tão descaradamente, tão profundamente, que tudo que ela conseguiu foi dizer a verdade.

- Porque o único homem que quero como meu, é você, meu senhor.

A intenção de Gohan quando foi atrás de Videl era tira-la daquele convento, que certamente ela não queria estar, voltar e conversar com o pai dela, a quem pediria a permissão de corteja-la e só então pedi-la em casamento. Tudo certinho, tudo com o padrão que a sociedade exigia, mas olhando para aqueles olhos azuis na escuridão, onde apenas as velas iluminavam, Gohan sentiu que não resistiria esperar todo esse processo para tê-la para ele.

Não era seu estilo fazer aquele tipo de coisa, era um homem sério afinal, mas a paixão o consumiu desde a primeira vez que viu Videl, e já havia retido ela por muito tempo, tempo demais na verdade. Estava cansado de ser correto, de pensar no certo antes do que desejava, por isso, fez o que seu corpo e coração pediam. Puxou Videl para si e a beijou. A beijou como um homem apaixonado.

Ela arfou ao sentiu ele a puxando, abraçando-a e tomando seus lábios. Estava um pouco assustada, pois nunca um homem havia lhe tocado daquela forma, nem mesmo seu antigo e desprezível noivo.

Mas os instintos falaram mais alto, e o beijo casto foi retribuído, e conforme o calor da paixão se aprofundava em sua pele, mais solta ficava e mais intenso o beijo se tornava.

Gohan, por sua vez, não podia acreditar o quão entregue ela estava em seus braços, e conforme a timidez dela se desvaia, mais ousado ela se tornava. E quando a língua dela entrou em sua boca, ele perdeu o pouco juízo que lhe restava e a arrastou para a cama, ainda com os braços a segurando, e as bocas se beijavam.

Videl se deixou levar, com a mente um pouco enevoada, mas despertou do transe ao sentir as costas de encontro com o colchão e o corpo do barão por cima do seu.

Ela parou de beija-lo, e tentou afasta-lo com as mãos trêmulas.

- Não, por Deus, não podemos.

- Podemos sim – sussurrou ele com a boca muito próxima da dela. - Deixe-me torná-la minha, Videl. Se entregue à mim.

O coração de Videl quase saiu do peito com aquelas palavras, seu corpo já dizia sim a aquilo, mas o medo tomou conta dela.

- E ... e se me abandonar ao amanhecer?

- Não vou – disse ele pegando na alça da camisola dela e descendo. – Será minha esposa, Videl, nos casaremos antes da tarde do amanhã.

Ele não deu tempo para ela ponderar ou para-lo, pois a boca dele a devorou, tomando seus lábios com fervor.

Videl começou a tremer pelo desejo que a tomava conforme as mãos dele a despia.

Ele se ergueu sobre ela, contemplando a sua nudez, enquanto tirava seu casaco e sua camisa.

Olhou para os mamilos rosados, enrijado. A cintura fina, e finalmente sua intimidade, desprovida de pelos.

Videl tentou se tampar ao ver ele a olhando tão descaradamente, mas ele a impediu, tirando suas mãos das partes que ela tampava.

- Não faz isso – pediu ele. – Deixe-me vê-la.

Videl mordeu o lábio, e mesmo envergonhada, o deixou contempla-la.

Ele agora estava com o tronco desnudo, os braços fortes desceram para o corpo dela, passando a mão da clavícula até o meio de suas pernas.

Ela gemeu ao sentir aquela mão quente em seu corpo.

- Por Deus, que pele macia você tem – ele se abaixou tomando sua boca.

Os lábios desceram para os seios, chupando e mordiscando os mamilos.

Videl se controlava para não gemer alto, mas aqueles formigamento estranho em seu útero a estava enlouquecendo.

A cabeça dele desceu para seu ventre, enquanto ele depositava beijos pelas suas curvas.

Quando a boca chegou na intimidade dela, ele passou o dedo pelas dobras macias, sentido o escorregadio molhar seu polegar.

O dedo foi levado a boca, apreciando o sabor que ela tinha, Videl não teve tempo nem de analisar esse ato, pois o outro a fez arregalar os olhos e se contorcer. A boca dele a invadiu com fome, fazendo-a sentir sensações inexplicáveis.

Quando terminou, ela tremia por inteiro. E ele aproveitou esse momento para tirar as calças e se por entre as pernas abertas.

Encaixou sua ereção entre os lábios escorregadios e esperou um pouco.
Ela era tão delicada e sensível, e um instinto masculino que havia nele queria rasga-la, mas seu lado sensato não deixaria se levar por esse instinto e acabar machucando-a.

- Confia em mim? – ele precisava da confirmação dela antes de toma-la.
- Sim – ela gemeu desesperada.

Estava louca por sentir ele dentro dela, todo seu medo e sensatez se esvaiam enquanto sentia o desejo a consumindo.

Só então ele a penetrou, não aos poucos, como deveria ser, mais de uma vez, entrando com tudo e rompendo a pele que a mantinha intacta até então.

Ela teria gritado se não fosse a boca dele a tomando antes.

Os olhos lagrimejaram com a investida, e por conta da dor que a consumiu.

- Desculpa – ele sussurrou se movendo mais devagar agora. – Achei que entrando de uma vez doeria menos.

- Não sei se vou aguentar – ela gemeu sentindo ele a rasgando.

- Você precisa relaxar – ele pediu sentindo ela retrai-lo. – Relaxa e sinta eu me movendo dentro de você.

O carinho na voz dele a acalmou.

Videl balançou a cabeça positivamente, relaxando as pernas, abrindo-as mais e deixando ele se mover com mais liberdade.

A dor automaticamente foi sumindo e no seu lugar algo bom foi se formando.

Logo estava mais molhada, e sentia aquela grossura a preenchendo prazerosamente.

Os quadris foram ganhando movimento, e ela sentia a necessidade de se esfregar nele enquanto ele se movia.

Os gemidos eram abafados com os beijos, e as contrações eram apaziguada com as unhas nas costas deles.

Quando ela sentiu o útero tremer se assustou com a sensação, mas gemer foi tudo que ela conseguiu fazer.

Gohan sentiu o aperto em sua ereção, não resistiu a aquilo e se derramou dentro dela, com um alto e colossal urro.

Aquele gemido poderia ter acordado o convento inteiro, mas com o sono pesado das presentes isso não aconteceu, exceto com a única que tinha o sono leve.

*****

- NÃO VOU ACEITAR O DIVÓRCIO – gritou Kakarotto batendo as duas mãos na mesa.

Cutelo havia passado os últimos vinte minutos explicando a situação e as exigências de sua filha.

- Essa situação também não me agrada, genro – Cutelo manteve a serenidade. – Mas conheço minha filha, ela é teimosa, não vai ser fácil fazer ela mudar de ideia.

- Vou faze-la mudar de ideia em casa – rosnou Kakarotto. – Quando eu arrasta-la de volta para lá.

- Não vou permitir isso – disse Cutelo.

- O que? – Kakarotto abaixou as sobrancelhas.

- Não vou permitir – repediu o duque.

- Meu sogro, acaba de me dizer que a decisão de sua filha não lhe agrada.

- Sim, eu disse.

- Então por que, em nome de Deus, não permitirá que eu a leve, vendo que esse é meu direito como marido?

- Ela não pode mais viajar – Cutelo suspirou. – O médico que veio vê-la disse que ela se arriscou demais vindo até aqui.

- Médico? – Kakarotto se sentou novamente, se sentindo terrivelmente fraco.

- Chichi desmaiou ao chegar aos portões do castelo – Cutelo se levantou da cadeira colocando as mãos nas costas. – Veja bem, ela se arriscou muito vindo aqui, e o emocional dela não pode ser abalado novamente.

Kakarotto não conseguia dizer nada, era como se um caroço estivesse em sua garganta.

- Não estou pensando apenas no bem de meu neto, mas no de minha filha, ela fica muito nervosa quando fala de você.

- Senhor ...

- Eu perdi minha esposa durante o parto de Chichi, sabia? – Cutelo não daria brechas para Kakarotto contrariar.

- Como? – Kakarotto gaguejou.

- Temos que dar uma gravidez calma e saudável para minha Chichi, genro – ele pegou no ombro de Kakarotto. – E você se distanciar é a melhor opção.

- Me distanciar? – os olhos de Kakarotto eram carregados de dor.

- Sim – Cutelo suspirou. – Não sei muito bem o que ouve entre vocês, se você realmente a traiu, ou ela se precipitou em seu julgamento, mas com esse provável adultério ela consegue o divórcio. É a lei. Mas não quero que você tome o filho de seus braços assim que ele nascer. Por isso, falarei para ela esperar a criança nascer antes de tomar qualquer decisão, mas em troca disso, peço a você que de esse tempo a Chichi e permita que ela tenha uma gravidez e parto tranquilos.

- Mas eu ... – Kakarotto ponderou pensando pela primeira vez em outra pessoa que não fosse ele. – Promete cuidar dela durante esse tempo?

- Certamente – prometeu o duque. – Ela ficará bem aqui, lhe garanto. Quando a criança nascer eu o aviso através de um mensageiro, então, só então, poderão se resolverem.

Kakarotto partiu naquela mesma noite sem exigir ver Chichi, concluiu que sua presença só faria mal à ela. As palavras de seu sogro martelaram sua mente durante toda a viagem de volta. Precisava pensar primeiro nela e em seu bebê agora, e por mais que quisesse resolver tudo pra ontem, e traze-la de volta de uma vez por todas, era melhor adiar tudo aquilo. Para o bem de seu herdeiro, e para o bem de sua esposa.

Mas uma coisa Kakarotto não aceitaria agora e muito menos depois que o bebê nascesse. O divórcio. Não assinaria aquilo nem perante a pior das torturas. Chichi era sua, e disso ele não abriria mão nunca.

*****

Gohan e Videl terminavam de arrumar a mala, decidiram que partiriam naquela mesma noite.

Quando terminaram foram até a janela.

- Como vou pular essa janela? – Videl perguntou a Gohan olhando a escada um pouco longe.

- Eu vou na frente e te ajudo a alcançar o primeiro degrau, pode ser? – sugeriu ele.

- Sim, acho que será mais fácil.

Gohan então subiu na janela, virou o corpo e se apoiando no parapente deixando o corpo descer até o pé alcançar o primeiro degrau.

Primeiro ele pegou a mala dela, e a jogou lá pra baixo, por sorte não fazendo muito barulho com o impacto.

- Venha – exigiu ele esticando o braço para Videl tomar coragem.

Ela inspirou profundamente antes de se mover, então, ergueu a perna para subir na janela, mas bem nesse momento Cocoa entra no quarto.

- O que está fazendo? – Indagou ela com as sobrancelhas abaixadas.

Videl se virou bruscamente por se assustar com a entrada inesperada da noviça.

- Venha logo, Videl – a voz do lado de fora a deletou.

- Gohan está ai? – a voz de Cocoa soou raivosa.

Videl fez uma careta quando Cocoa se aproximou dela com passos largos.

- Vai fugir com ele mesmo depois de tudo? Mesmo depois dele ter me beijado?

- Ele disse que não te beijou – Videl a encarou.

- E você acreditou nele rapidinho, não é? – ela debochou.

- Ele me provou que não era ele o mentiroso dessa história.

Cocoa riu nervosamente.

- Acha que vou deixar você ir com ele? – Cocoa segurou o braço de Videl. – Acredita mesmo que vou permitir que você parta com um homem como ele enquanto eu fico aqui, trancada nesse convento perdendo minha juventude?

- Me solta – Videl se assustou com a loucura daquela situação.

- Fui obrigada a entrar nesse convento, Videl – ela disse de maneira raivosa. – Você também será obrigada a permanecer nele.

A voz de Cocoa ficava mais alta cada nova palavra. Videl tentava se livrar do aperto da noviça em seu braço.

- Videl? – era Gohan. – O que está acontecendo? Por que essa demora?

- Você fez tudo isso, inventou esse monte de mentiras e não deixou que Gohan soubesse que eu estava aqui, por inveja?

- Claro que não – Cocoa sussurrou em deboche. – Só estou fazendo isso para você não se desviar do seu caminho. MADRE!

Antes que Cocoa pudesse gritar de novo, Videl acerta um soco em sua mandíbula tão fortemente que ela despenca no chão.

- Você é ridícula, sabia? – Videl subiu na janela. – Deveria buscar sua felicidade para não se incomodar com a dos outros.

O soco havia doído, certamente ficaria inchado por semanas, mas o que mais doeu em Cocoa, foi quando conseguiu levantar e v pela janela Videl partir junto a Gohan. Era uma pessoa que se incomodava com a felicidade alheia, e aquela imagem ficaria para sempre em sua mente. Envelhecer naquele convento sem a opção de escolha era o seu castigo. Castigo esse que ela teria que suportar.

*****

Cinco dias mais tarde, Raditz cavalgava ao lado de Tights indo entregar a notícia a lorde Satan.

Videl e Gohan havia se casado escondido no caminho do convento até a Inglaterra.

Tights havia recebido sua carta na manhã anterior, e ficou feliz por sua amiga e por seu primo. Na carta, além das boas novas, Videl pedia para avisar seu pai o que ela fizera. Dizia ter medo da reação de Satan, e por isso não tinha coragem de dizer ela mesma, nem mesmo através de uma carta, que havia se casado.

Raditz já imaginava a reação do lorde das Terras Baixas, mas nem um milhão de anos imaginava que sua esposa conseguisse mudar a opinião de Satan de uma maneira tão sagaz.

- VIDEL O QUE? – Satan gritou perplexo depois de Tights entregar o recado.

- Fugiu do convento e casou com um dos barão da Inglaterra – respondeu ela calmamente.

- Por Deus – ele colocou a mão na cabeça. – Minha filha, minha única filha, casada com um inglês? É o fim. Morrerei de desgosto.

- O senhor se recuperará – Tights disse tentando não rir do drama de Satan.

- Como alguém se recupera da morte, moça? – Satan disse desesperado.
Raditz riu.

- Veja bem, Satan, pelo menos sua família não morrerá com Videl, pois isso que ia acontecer se ela continuasse com a ideia de ser freira – Raditz usa das palavras certas.

- Mas tinha que ser logo com um barão inglês – Satan enfatizou o “inglês” como se aquilo fosse o nome de uma doença.

- Um barão muito rico – Tights disparou.

Raditz franziu o cenho para Tights com o que ela pensou que fosse indignação.

- Riqueza não está em questão aqui – Satan murmurou. – Quão rico?

Tights sorriu, enquanto Raditz arregalava os olhos. Certamente estava perplexo.

As notícias para a alegria de seu pai quanto ao casamento chegaram na manhã seguinte para Videl, entregues em mãos na casa do barão, ou melhor dizendo, na casa do barão e da nova baronesa.

*****

Os meses passaram rápido, e a barriga de Bulma crescera consideravelmente.

Era tão bom ter podido sair daquela cama e respirar ar puro.

Sentada embaixo da árvore ela acariciava a barriga.

- Você não vai mesmo comigo? – Indagou Bulma assim que Kuririn sentou-se ao seu lado.

- Não tenho vontade de voltar.

- Deveria assumir o que lhe pertence, Kuririn, é o seu reino, seu trono.

- Whis foi ver para nós a situação, lembra? – Kuririn sorriu triste. – O rei interino parece estar fazendo um bom trabalho. Pra que atrapalhar o que está bom.

Bulma bufou.

- Um dia vai abrir seus olhos, senhor, e quando o fizer, vai se arrepender de sua covardia.

- E você de sua petulância, Bulma – Kuririn levantou. – Todos pagamos por nossos erros algum dia.

- Não diga que estão brigando de novo? – Whis apareceu com as mãos sujas de terra.

- Não – Bulma se levantou com certa dificuldade. – Então, tudo certo pra amanhã?

- Ah, Bulminha, só você para me tirar do meu exílio. Meu lindo e adorado exílio.

- Então? – ela arqueou a sobrancelha desafiadora.

Whis riu.

- Sim, sim, milady, está tudo preparado para nossa viagem amanhã.

- Ótimo – sorriu ela.

- Então amanhã Bulma Briefs renascerá dos mortos? – Kuririn riu. – Cuidado para não se assustarem e pensarem que está diante de um fantasma.

- Comigo do lado ainda – riu Whis junto. – Vão dizer que foi bruxaria.

- Ah, será divertido – Bulma riu também. – Vamos deixar todos chocados, ainda mais comigo aparecendo com essa barriga enorme.

Na manhã seguinte Bulma e Whis partiram. O retorno de Bulma chegara, e as emoções para esse momento nem se comparava ao que estava por vir.






Uma Noiva para o LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora