capítulo septuagésimo terceiro

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Kuririn cavalgava ao lado de Vados, Lazuli e Whis, estavam quase chegando a Inglaterra. Os três sérios e em silêncio. Mas o mais pensativo durante aquele trajeto era Whis, que não sabia dizer como diabos Lazuli conseguiu convencer Kuririn a voltar com menos de trinta minutos em um quarto trancado.

Diferente de Bulma, com quem Whis conviveu mais, Lazuli era discreta em suas atitudes, menos escandalosa por assim dizer, e também tinha as expressões mais duras, sérias. Se não fosse sua aparência delicada e jovial, pareceria com aquelas mulheres carrancudas e megeras. Mas como Lazuli era linda, com seus olhos loiros e seus olhos azuis, a carranca dela lhe dava um charme. Se tratava de uma mulher muito atraente, era impossível negar.

Mas justamente por conta dessa peculiaridade em sua aparência de bonita mas zangada, Whis não sabia dizer qual das duas armas, que aquela mulher aparentemente tinha, usou para convencer o príncipe a regressar. Ele tinha suspeitas de que ela podia ter o seduzido, aliás, foi a primeira coisa que Whis pensou que ela faria quando pediu, ou melhor dizendo, exigiu que queria falar com Kuririn a sós.

Mas a cara com que o príncipe saiu daquele quarto não foi de quem tinha acabado de se aliviar de algum desejo carnal. Não. Kuririn saiu daquele quarto com as expressões duras, decidido, implacável. Então, naquele momento, com aquela expressão e com as palavras dele, dizendo que retornaria e assumiria seu trono, fez Whis acreditar que aquela mulher, Lazuli, o jogou na parede e disse verdades doídas da qual o verdadeiro herdeiro ao trono merecia ouvir.

Porém, durante o trajeto silencioso e chato, como Whis pensava, os dois trocavam olhares como dois amantes e, com isso, ele desistiu de descobrir o que havia acontecido naquele quarto, até porque não importava mesmo, pois no fim, tudo havia dado certo, em questão de tirar a covardia de Kuririn, pelo menos.

Antes de chegar ao castelo, Kuririn decidiu que precisava de um exército, mas não sabia em quão dos lordes das terras do rei confiar para ajuda-lo naquele momento, vendo que pelo que soube, Jewel tinha bastante aliados. Claro, que com a sua chegada e com o que ele tinha para revelar, muitos se voltaria contra o falso rei, mas não seria tolo em acreditar que aquilo era o suficiente.

- o Barão Gohan não estava presente no dia da votação, príncipe – Lazuli tirou a dúvida quanto aquele assunto que se mostrou naquele momento. – Ele e também o Visconde Kame.

- Iremos as terras de Gohan então – rosnou Kuririn. – Não pedirei ajuda ao pai de Maron e ficar em divida com aquela família.

Todos concordaram, e assim caminharam discretamente e encapuzados até às terras de Gohan, a quem mentalmente, Kuririn rezava, ter a ajuda que precisava para tomar o trono, ou ao menos, conseguir entrar no castelo e convencer a todos que a coroa foi dada a um assassino.

*****

Gohan olhava perplexo para Yamcha, que finalmente havia contado a história toda carregada dos mínimos detalhes que ele havia exigido. Por Deus, ele saiu por alguns dias para evitar uma guerra e quando volta a Inglaterra toda havia enlouquecido.

Já não bastava ter ouvido que o trono havia sido tomado por um homem ao qual ele jurava estar morto – e antes tivesse mesmo, diga-se de passagem – agora, segundo Yamcha, deveria ser a boa notícia, escutou que Kuririn estava vivo e escondido em um exílio ao qual Bulma havia ficado e até então não tinha falado porque o príncipe pediu.

- Estou cercado por loucos – gritou Gohan depois de se destravar de sua perplexidade.

- Calma! – Yamcha ergueu os ombros levemente. – Whis e Lazuli foram busca-lo. A loira garantiu trazê-lo de volta.

- Calma? – rosnou Raditz do outro lado da sala. – O desgraçado de Jewel está vivo e você pede calma, Conde? Eu deveria ter arrancado a cabeça daquele desgraçado quando tive a chance.

- Yamcha é um homem desnorteado, só isso explica ele pedir calma – foi a vez do barão se revoltar. – Não posso acreditar que está calmo nessa situação. Você tem parafusos soltos, certamente tem, Conde Maclaurin. Acreditar que uma mulher irá convencer Kuririn a retornar, estando ele tanto tempo acovardado no exílio?

- Bom, eu ...

- Já disse – Raditz elevou sua voz em meio ao outros, cortando assim, Yamcha – , não esperaremos ninguém, vamos ao castelo com o exército Saiyajin e com o seu, Barão, e deixe que eu cuido do problema.

- Sei que está sedento pelo sangue de Jewel, Raditz – disse Gohan. – Mas mesmo com nossos exércitos juntos, não será o suficiente para invadir aqueles muros. Jewel tem muitos a seu favor.

- Qual a sua sugestão então? – Raditz tinha sangue nos olhos. – Esperar até que o maldito tente pegar Tights novamente? Não esperarei atitudes sensatas dessa vez, arranco o coração daquele desgraçado com o meu punho antes que ele coloque suas mãos em minha esposa.

- Eu voto por pegar Bulma pelos cabelos e fazê-la nos mostrar aonde o príncipe se esconde – o barão estava visivelmente impaciente, vendo que jamais falaria uma coisa daquelas estando calmo. – Só para variar, minha prima é a chave para desarmar esse caos.

- Acredito que devemos esperar – Yamcha tentou colocar sensatez na situação. – De uma chance a Lazuli e Whis.

- Ótimo! – riu assombrosamente Gohan. – O destino da Inglaterra nas mãos de um provável bruxo e uma mulher. Estamos ferrados.

Bem nesse momento, um dos homens de Gohan entra na sala com a respiração descompensada e os olhos arregalados.

- Barão – inclinou-se ele a Gohan. – Lazuli se encontra na entrada de nossas terras, e o falecido príncipe está ao seu lado. Os mortos caminham entre nós, senhor.

O queixo de todos caíram, não por conta da história dos “mortos caminharem entre os vivos”, até porque a situação já havia sido explicada pelos presentes daquele cômodo, mas a surpresa foi pelo fato de Lazuli ter conseguido trazer Kuririn.

- Nunca duvide de um poder feminino, senhores – Yamcha suspirou com deboche. – Com a mulher, nem o diabo pode.

Ninguém ousou contradizer o conde, diante dos fatos, não tinha como rebater qualquer resposta plausível para aquela constatação.

*****

Kakarotto estava do lado de fora do casarão de Gohan, resolveu esvair a cabeça, tentando colocar as ideias no lugar, enquanto discutiam do lado de dentro da casa. Ele conseguia ouvir a voz do irmão alterada a todo instante. Compreendia a raiva dele e queria ajuda-lo, dando-lhe apoio para ver que o mesmo poderia contar com ele para acabar com a vida do desgraçado que agora estava entre ele e Tights. Mas não estava se sentindo forte para dar apoio a ninguém, na verdade, sentia que era ele que necessitava de apoio.

Não tinha como culpar Chichi pela sua atitude para com ele, vendo que se fosse o contrário naquela situação, ele também não acreditaria na desculpa esfarrapada que dava à ela, mesmo essa desculpa sendo a verdade dos fatos.

O comandante se sentia magoado por Chichi não acreditar nele, por ela estar sendo tão cabeça dura. A mulher parecia uma muralha impenetrável da qual ele não conseguia derrubar. Isso, até então, era admirado por ele, mas agora, odiava o fato da personalidade de sua esposa ser tão marrenta ao ponto de não lhe dar brechas para que ele pudesse ter uma conversa com ela sem brigas e sem dor. Por Deus, ele havia dado sua palavra, assumiu seus erros e mesmo assim ela não deu uma chance à ele. Era frustrante e irritante.

Lutas eram mais fáceis que mulheres, decidiu. Pois quando o inimigo está caído no chão, ele abre a guarda para sua derrota. Mulheres não, quando estão aparentemente caídas, não abrem guarda para a derrota, dão um jeito de você cair, ficando os dois feriados no chão.

Olhando para o horizonte, Kakarotto não sabia mais o que dizer ou fazer. Ainda pensava em levar Chichi a força para as Terras Altas, mas não com a mesma animação ou esperança. Sentia que deveria desistir de tudo e entrar em um acordo quanto ao pequeno Goten. Estava emocionalmente cansado demais para continuar insistindo em algo que talvez não tivesse um futuro feliz. Afinal, não queria passar a vida implorando por perdão, acreditando ele que não errou tão gravemente assim. Talvez fosse uma decisão a ser pensada com calma e não com essa raiva toda que sentia. Teria que agir de maneira sensata, mesmo que seu coração se partisse só em pensar em desistir de Chichi.

O barulho dos cavalos o tirou de seus devaneios e ele olhou em direção aonde o barulho se mostrava.
Qual foi sua surpresa, que entre os quatros que desciam de seus cavalos, se encontrava Vados, tirando seu capuz e mostrando seus grandes cabelos claros.

Seus olhos se comprimiram quando ela olhou em sua direção e aparentemente se derreteu.

- Kakarotto? – ela sussurrou caminhando em sua direção.

Kuririn e Lazuli entraram para dentro da casa e Whis deu uma olhada para irmã e Kakarotto antes de balançar a cabeça negativamente e deixa-los a sós.

- O que faz aqui, Vados? – Indagou ele cruzando os braços no peito musculoso.

*****

Vegeta descia as escadas, com Trunks em seu colo, havia o pegado a pouco com Videl, depois de sair possesso do quarto que se encontrava Bulma. Estava decidido a pegar seu exército e sumir da Inglaterra para nunca mais voltar.

Assim que estava no último degrau, escutou a voz de Bulma atrás dele. Ela estava no começo da escada com o rosto inchado, provavelmente de tanto chorar.

- Não vai leva-lo, milorde – gritou ela. – Antes que o faça terá que me matar.

Vegeta virou a cabeça para trás com um sorriso cruel nos lábios.

- A morte não a deseja, milady – rosnou ele. – Se a quisesse, a teria levado na primeira oportunidade que teve.

Bulma apertou os punhos e, com a expressão de quem mataria qualquer um que aparecesse na sua frente, desceu as escadas em uma velocidade impressionante, ficando apenas um degrau longe do corpo de Vegeta.

- Por que é tão cruel, Vegeta? – Indagou ela num sussurro. – Já não basta a quantidade de dores que passei por sua culpa, agora quer tirar de mim a única coisa que me faz feliz.

- Suas dores não se comparam as minhas, Bulma – sussurrou ele de volta. – Não tem ideia do que sofri longe de você, enquanto se fingia de morta. Somente sou cruel com você, porque é o que restou em meio essa dor.

- Não o tire de mim – ela segurou em seu braço. – Não termine de me destruir.

- Acaba de me expulsar do quarto e agora me faz pedidos – ele se afastou dela. – Já disse que poderá ver a criança, diferente de você, não quero tirar um ente de Trunks.

- Eu o expulsei porque ... – Bulma sentiu os olhos arderem. – Ah, não importa, me dê meu bebê.

Vegeta desceu o último degrau e a encarou em desafio. Aparentemente Bulma pularia em seu pescoço, se não fosse a porta principal da casa se abrindo e Kuririn passando por ela.
- Príncipe Kuririn? – Bulma sorriu fazendo assim Vegeta se virar bruscamente para trás, vendo três pessoas entrando na casa.

Logo em seguida, Gohan e os outros que participavam daquela confusão, chegou a sala de entrada. Todos encaravam o príncipe, esperando ele começar a falar.

*****

Videl resolveu ir ver Chichi depois de Vegeta ter pegado Trunks, estava inquieta e um tanto agoniada. Não conseguia ficar calma ou trancada no quarto como ordenou o marido. Estava brava com Gohan por ele não a ter deixado junto à ele, mesmo se tratando de um bom homem, que a tratava com amor e carinho, ainda assim tinha atitudes que não agradavam Videl. Ninguém era perfeito, mas aquele negócio de ficar expulsando ela de reuniões importantes por ela ser mulher tinha que mudar, vendo que ela não queria virar aquela mulher que seu pai e seu quase marido a transformaram.

Quando chegou lá, Chichi estava aos prantos, mas não demorou a acalma-la. Conversando com ela, em poucos minutos, e já estava calma novamente.

- Chichi – Videl tentou depois que ela havia parado de chorar. – Em nenhum momento imaginou que Kakarotto possa estar falando a verdade?

Chichi a olhou incrédula.

- Eu vi, Videl – ela praticamente gritou. – Meus olhos não mentem, ele estava com outra, e ela o beijou na minha frente.

- Mas e ele? Retribuiu o beijo? – Videl ergueu os ombros. – Afinal, você disse que ele falou que não havia retribuído o beijo.

Chichi abaixou a cabeça.

- Eu não sei, não fiquei reparando nesses detalhes, mas se ela o beijou é porque tinham intimidades, nenhuma mulher se oferece assim.

- Se oferecem sim, Chichi – Videl pegou na mão dela. – Nem todas as mulheres agem igual.

- Mesmo assim – Chichi respirou profundamente. – Ele estava lá com ela, me deixou sozinha em casa para ir a festa com outra. Não consigo imaginar que ele seja inocente nessa história.

Videl balançou a cabeça positivamente, vendo que não conseguiria convencer Chichi em ser mais maleável em seu julgamento, vendo que ela mesmo já tinha experiência no assunto por conta de Cocoa.

Chichi se levantou, tentando tomar ar diante da situação sufocadora. Foi até a janela para inspirar o ar fresco, mas no jardins, viu Kakarotto conversando com uma mulher, e qual foi sua surpresa ao ver que a mulher era a mesma que havia o beijado naquele noite horrível.  A raiva foi imediata.

*****

Kuririn chegou decidido diante de todos, impressionando até mesmo Whis com sua atitude impetuosa e firme.

- Então, Gohan, está comigo para tomar minha coroa de volta? – perguntou depois da breve conversa que teve.

Gohan queria explicações, do porquê de ter se mantido no exílio, de quem o jogou do penhasco. Mas Kuririn disse que tudo seria explicado mais tarde, que agora o importante era tirar do trono o assassino de seu pai.

- Estou com você, príncipe – disse Gohan decidido. – Mas sabe que estamos em desvantagem. O castelo é cercado, e o exército do rei é muito maior do que o meu. Os aliados são poucos diante da atual situação, Jewel corroeu a todos usando o nome de Freeza.

- Nem todos – Lazuli se meteu na conversa. – Meu irmão, Lápis, se mantém afastando da decisões do reino, mas seu exército cresceu no último ano. Acredito que ele possa nos ajudar.

- Consegue mandar um recado para ele, Lazuli? – Indagou Kuririn se virando para ela. – Se não me engano, as terras fornecidas à ele pelo meu pai não ficam longe daqui.

- Não! Elas não ficam – disse Lazuli enfática – Mandarei imediatamente, provavelmente em menos de uma hora ele esteja aqui.

- Ótimo!

Lazuli saiu da sala rapidamente, indo atrás de alguém que pudesse levar seu recado a Lápis, seu irmão.

Kuririn dessa vez se virou para Vegeta, que olhava para aquilo tudo um tanto desconfiado. Ainda se encontrava próximo de Bulma e com o bebê em seu colo. Os dois observavam o alvoroço que se formou tão rapidamente. 

- Você é o Lorde Saiyajin, não é? – Indagou Kuririn.

- Sim! – Vegeta respondeu prontamente.

- Vi que seu exército está lá fora, e imagino que tenha um motivo para isso – Kuririn olhou alternadamente para o bebê e para Bulma. – Porém, acredito que isso, esse seu problema, possa ser resolvido de outra maneira.

- Diga de uma vez o que quer – Vegeta se mostra impaciente.

- Muito bem, um homem direto – Kuririn balança a cabeça veemente. – Quero seu exército ao meu lado, para ajudar-me a tomar meu trono. Darei o que desejar em troca.

- Eu irei mesmo se meu Lorde não for – disse Raditz se intrometendo. – Quero a cabeça do atual Rei, meus interesses são particulares e não por uma causa maior.

- Terá a cabeça dele então – Kuririn ergue o queixo com arrogância para Raditz. Se voltando ao lorde ele continua. – Então, Saiyajin, posso contar com você e com seu exército?

- Me dará o que quiser? – perguntou ele para ter certeza.

- O que desejar.

- Então, assim que conseguir tomar o trono, com a minha ajuda,  quero o divórcio de meu casamento com Bulma e a tutela de meu herdeiro.

Bulma chegou a cambalear para trás com o pedido de Vegeta. Doeu nela ouvir ele exigir Trunks, mas ela não imaginou que doeria tanto ele pedir o divórcio, vendo que ela mesma já tinha feito isso com ele.

O veneno tinha um gosto diferente quando se era engolido e não lançado.


Uma Noiva para o LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora