capítulo quinquagésimo oitavo

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Apesar da situação dramática naquele castelo, Gohan conseguiu sorrir ao ver a alegria da prima ao lado do guerreiro Saiyajin.

- Fico contente que tenha encontrado a felicidade, Tights – disse ele com sinceridade depois de abraça-la. – Seus pais ficarão muito felizes com a notícia.

O braço de Raditz entrelaçou a cintura de Tights para perto dele, em sinal de proteção e talvez de ciúmes. Gohan sorriu mais ao perceber que aparentemente todos os Saiyajins eram possessivos para com suas mulheres.

- Certamente ficarão – Tights encostou a cabeça no peito de Raditz.

- Pretendem se casar quando?

- O mais rápido possível – Raditz se antecipou antes de Tights responder.

- Isso é bom – Gohan coloca as mãos no bolso. – Pelo menos um bom casamento nesse lugar.

Tights e Raditz confirmaram com a cabeça vendo que o barão falava do casamento que aconteceu a pouco. Da Maron e do lorde.

- É algo difícil de engolir – resmungou Raditz. – Vegeta se casar com outra mulher.

- Levando em consideração que perdeu a esposa a tão pouco tempo – Gohan concluiu.

- Sim – o guerreiro franziu o cenho. – Mas acho que o fato dela se parecer fisicamente com a falecida, é compreensível os motivos de meu Lorde.

- Não acho Maron tão parecida assim com minha falecida irmã – Tights fez uma careta.

- Sério? – riu Raditz da cara da mulher. – Ela parece mais irmã da Bulma do que você.

- Não me provoque, Raditz – ela riu dando um tapa no peito dele.

- Fisicamente é inegável – Gohan estava sério. – Mas em questão de personalidade e opiniões, são duas pessoas diferentes. Se foi pela semelhança que ele casou-se com ela, logo verá o erro que cometeu. De qualquer forma, é decepcionante ver Bulma ser substituída por Maron.

Tights e Raditz voltaram a ficar sérios e concordaram. Os dois sabiam que não foi a semelhança entre as duas que causou aquele casamento, mas acharam mais sensato não tocarem no assunto da violência do lorde contra Maron.

Um silêncio esquisito tomou conta dos três antes de alguém tomar coragem para falar.

- Então ... – Tights resolveu quebrar o gelo – como conseguiu chegar a tempo para o casamento? Os mensageiros não são tão rápidos assim para um convite tão encima da hora.

Gohan passou a mão no cabelo de maneira nervosa e riu sem jeito.

- Nem sabia desse casamento. Sou um intruso.

- Não sabia do casamento? – Raditz automaticamente ficou tenso. – Então está aqui por outro motivo. Algum problema na Inglaterra?

- Não! – ele ergueu os ombros sem jeito. – Não é problemas que me trazem as Terras Altas.

- Então o que o trás aqui, meu primo? – Tights indagou curiosa.

- Videl – ele respondeu num sobro só. – Tenho algo para conversar com ela.
Tights ergueu o olhar para Raditz, que retribuiu a encarada. Logo ela se voltou ao barão.

- Oh, meu primo, lamento dizer que perdeu a viagem – ela disse cabisbaixa. – Não sabia até então, pois estava me resolvendo com Raditz, mas Videl foi embora, ela deixou uma carta para mim no quarto ao qual estava instalada, fui ver hoje quando peguei algumas peças de roupas para o casamento do Lorde.

- Ela foi embora? – Gohan gaguejou. – Para onde? Para as terras de seu pai? Ou ela se casou?

As perguntas saiam em tom desesperado, e ele nem ao menos tentava disfarçar o quão patético parecia.

- Ela foi para um convento – Tights diz rápido ao ver o quão estranho estava seu primo. – Foi isso que ela escreveu na carta pelo menos. Videl decidiu se tornar freira.

- Freira? – Gohan fez uma careta. – Como assim freira?

Tights suspirou tirando a carta da manga do vestido e o estendeu ao primo, que de início olhou o papel desconfiado, mas logo o pegou entre os dedos.

- Acho que você demorou demais – Tights é certeira. – Ela falava muito de você no começo, depois não queria nem ouvir o seu nome. Não sei o que ouve entre vocês, ou o que prometeu a ela, mas acho que a pressão do pai e sua distância a fez tomar essa atitude.

Gohan olhou o papel paralisado, tinha medo de abrir e encontrar algo dolorido ali.

- Ela fala de mim aqui?

- Não diretamente – suspirou Tights pesadamente se voltando para Raditz. – Vamos deixa-lo sozinho para ter privacidade, amor.

Tights virou as costas e voltou-se, quando viu que Raditz não saia do lugar.

- Vamos, querido, não vamos ser invasivos.

Antes de acompanhar Tights, Raditz pegou no ombro de Gohan e sussurrou:

- Vá atrás dela, Barão, mulher quando foge, quer ser perseguida.

Tights balançou a cabeça negativamente enquanto saia do ambiente com Raditz a acompanhando.

- Você e suas frases baratas – ela o reprendeu, mas o sorriso em seu rosto mostrava que ela achou engraçado.

- Elas são eficazes – ele sussurrou no ouvido dela. – Você é quem o diga, meu amor.

Tights apertou um lábio no outro, tentando controlar o riso e o arrepio em seu corpo. Ela odiava admitir, mas ele ser um conquistador barato foi um dos motivos dela se apaixonar por ele.

- Vamos para sua casa, quero ver como está Kamba – disse ela tentando mudar de assunto.

Um sorriso presunçoso surgiu nos lábios dele. O espírito audacioso de Tights ainda estava vivo nela, por isso não admitiria que ele tinha razão em questão a conversa anterior.

- Antes vamos pegar suas roupas. Quero você morando comigo antes de casarmos.

- Não é errado? – ela sussurrou preocupada.

- Será por poucos dias, logo estará casada comigo.

Sem forças ou vontades de contraria-lo, Tights subiu junto a Raditz as escadas. Imaginou que não seria condenada ao inferno por conta de poucos dias de luxúria com alguém que não era seu marido oficial.

*********

                Uma semana depois.

Maron olhava mais um dia amanhecer naquele quarto escuro e solitário. Aquele lugar parecia um mausoléu de tão deprimente.
Levantou com os olhos inchados e perdidos. Não conseguiu pregar o olho a noite toda por sua mente martelar o porquê da distância de Vegeta para com ela.

O lorde passava a maior parte do tempo com o clã, ia para o quarto apenas a noite, e pior, em um quarto diferente do dela. Ele não permitiu que ela ficasse em seus aposentos, arranjou um apropriado para ela e praticamente a jogou ali.

Ela imaginou que ele não resistiria se ela se insinuasse para ele, mas estava difícil fazer com isso com ele tão distante. Deus, ele não passava um segundo sequer com ela. Não comiam juntos, não conversavam e não dormiam na mesma cama.

- Inferno – ela ladrou entre os dentes enquanto jogava a água da tina no rosto.

Suas feridas já haviam sarado, e ela estava mais que pronta para ser uma esposa de verdade para Vegeta.

Tentava esquecer a humilhação de seu casamento, e pensar no dali em diante.

Lógico que lembrava que havia aceitado suas condições, mas não disse aquilo de coração, foi apenas para ter de uma vez por todas o que desejava. O faria mudar de ideia, faria sim.

Decidida, saiu do quarto tentado parecer animada, ela quebraria as estruturas dele e o teria para ela, afinal, agora ele não bebia mais, caçava muito e treinava bastante com seu exército, teria que descarregar a tensão do dia a dia em alguém, estava novamente se tornando um homem ativo e nada poderia impedi-la de mostrar seu charme para ele, e Vegeta, como o homem viril que era, não diria não.

- Dessa noite não passa – sussurrou ela para si mesma enquanto descia as escadas do castelo.

*********

Chichi tomava um gole de sua sopa enquanto ouvia Kale e Caulifla falando pelos cotovelos.

Desde o dia do casamento de Vegeta, as duas iam todos dias na casa da Chichi ajuda-la com afazeres domésticos e com a comida.

Chichi não passava o dia todo na cama, mas não carregava nenhum tipo de peso, apenas andava um pouco na sua casa, comia e costurava. Era um pouco entediante, mas era para o bem do bebê, que aparentemente crescia forte em seu ventre.

Kakarotto ainda estava bastante distante dela, e mal conversavam, e ela, para não por em risco sua saúde, tentava não se abalar com isso.
Quanto ela terminou a sopa, começou a prestar atenção no que Kale e Caulifla falavam. Na última semana a conversa delas era resumida em apenas Vegeta e Maron, e como aquilo a irritava, pois nunca imaginou que entre todas as mulheres do mundo, Vegeta se casaria justamente com a que Bulma mais odiava. Aquilo era uma ofensa a memória da sua primeira esposa, decidiu.

- Podemos, por favor, falar de outra coisa? – resmungou Chichi se levantando da cadeira. – Esse assunto me dá nos nervos.

- Nós também, senhora – disse Kale.
- É – confirmou Caulifla balançando a cabeça positivamente. – Nossa nova Lady não nos agrada, o clã inteiro não a suporta.

- Então vamos mudar de assunto – Chichi suspirou enchendo um copo de água. – Sei lá, não tem mais nada acontecendo nessas terras?

- Raditz vai se casar com Tights antes do anoitecer de amanhã – Kale sorriu.

- Verdade, não é? – Chichi também sorriu.– Queria poder ir, certamente será uma cerimonia linda. Pena ter que ficar trancada nessa casa.

- O comandante deveria deixa-la ir – resmungou Caulifla. – Afinal, ele vai, por ser casamento do irmão dele.

- Pois é – o sorriso de Chichi sumiu. – Mas ele se preocupa muito com o bebê, e eu o entendo.

Kale e Caulifla olharam com pena para Chichi, realmente Kakarotto estava sendo radical demais para com sua esposa. Uma festa não seria perigoso, não é?

- Bom, depois da festa a forasteira disse que irá embora – Kale se apressou  a mudar de assunto. – O que é algo bom, não aguento mais dormi na mesma cama que você, Caulifla.

- Durma com ela então – rosnou Caulifla. – Estranho que não a vejo reclamando quando está com a perna em cima do meu corpo, como noite passada.

- Eu não, se você é espaçosa, imagina ela, Vados dá duas de você – resmungou Kale virando o rosto.

- Quem é Vados? – Chichi indagou confusa.

- Ah, é a forasteira que Kakarotto salvou de um lobo – Caulifla responde sem dar muita importância.

- Kakarotto a salvou? Como assim? – uma bola se formou no estômago de Chichi como se pressentisse alguma coisa ruim.

Kale e Caulifla se entreolharam quando perceberam a desconfiança no timbre da voz de Chichi, e ao lembrarem o quanto Vados e Kakarotto estavam próximo durante aquela semana, viram que deveriam ter ficado de boca fechada.

Elas se apressaram a se explicar, contando a história de maneira resumida e não dando ênfase no interesse de Vados parecia ter para com o comandante, e claro, sem falar da amizade que parecia ter surgido entre os dois.

- E agora que o tornozelo dela sarou, Vados decidiu ir embora para encontrar seu irmão, mas antes quer ver o casamento, com a desculpa que nunca viu uma festa de casamento.

- Coisa estranha – resmungou Kale com uma careta. – Quem nunca viu um casamento? Mas acho que ela só falou isso para Kakarotto a convidar para a festa.

- Kakarotto a convidou? – Indagou Chichi num fio de voz.

Caulifla deu um cutucão em Kale que não passou despercebido aos olhos de Chichi.

- Convidou – riu Caulifla sem jeito. – Mas por educação, sabe como seu marido é receptivo com estranhos, não é?

- É – sussurrou Chichi. – Eu sei.
Kale e Caulifla olharam com culpa  para Chichi, que estava cabisbaixa e acariciava a barriga. Elas e suas grandes bocas.

- Bom ... – gaguejou Kale – temos tanta coisa para fazer, não é Caulifla? Mais tarde vamos vir aqui te ajudar com a janta, Chichi.

- Tudo bem – Chichi as olhou um pouco melancólica. – Acho que vou me deitar um pouco, me deu uma indisposição de repente.

- Isso, vai descansar – sussurrou Caulifla. – Pensa no seu bebê, logo ele vai tá correndo por ai.

Chichi sorriu, um sorriso triste, e as viu saindo da sua casa.

Quando deitou na cama, sentiu duas lagrimas caindo dos seus olhos. Não sabia porque, mas ao ter conhecimento da forasteira, uma tristeza enorme a consumiu.

**********

Gohan parou para tomar água em um pequeno riacho que encontrou.

A dias cavalgava entrando e saindo de conventos da região, e começava a se sentir frustrado por não encontrar Videl em lugar nenhum.

A Escócia era grande, e tinha suas divisões de clãs e terras, não era simples andar por aquelas bandas. Sua amizade com o clã Saiyajin facilitava um pouco as coisas, e por conta disso, resolveu que seria mais seguro andar com um manto Saiyajin por cima de suas vestes. E graças aos céus Kakarotto havia fornecido o tecido à ele.

Mas conventos ficavam em locais isolados e de difícil acesso, e por isso, já havia passado uma semana e apenas quatro conventos havia sido encontrado por ele. E em nenhum dos três Videl estava.

Ele pensou em ir falar com o pai dela, o tal de lorde Satan, mas desistiu ao imaginar que o mesmo não o aceitaria tão bem por ser um inglês que estava com a intenção de tirar sua filha do convento.

Por isso, com a cara e a coragem pegou seu cavalo, sem nem ao menos trocar meia palavra com o lorde Saiyajin e foi atrás da mulher de seus pensamentos.

Sentou em uma pedra e suspirou, rezava para ela estar em um convento da região, pois se não fosse esse o caso, teria que falar com o pai da moça, não teria outra opção.

Ele pensou em deixar essa loucura de lado e esquece-la, pois quando uma moça vai ao convento é por vocação, mas as palavras da carta gritava em sua mente como um pedido de socorro, e ele a tiraria de seu tormento. Tormento aliás que não teria ocorrido se não fosse sua imprudência e falta de atenção para com ela.

Tirando o papel de suas vestes, Gohan relê as palavras que já havia decorado daquela carta.

Querida Tights,

Estou indo para um convento, a pressão de meu pai me levou para o único caminho que posso escolher sem sentir meu coração se rasgar.

Homens não são bons para nós, eles com suas palavras e aparências nos faz fantasiar e ver algo que não existe.

Já conheci o mal que há neles, assim como você conheceu. Não posso arriscar uma vida infeliz ao lado de quem eu não amo.

Espero que seja feliz, e que tenha aquele que seu coração chama. O meu fecharei para o amor e o abrirei para Deus.

Videl.

Gohan apertou o papel entre os dedos sentindo-se culpado, pelo menos parcialmente, por tudo aquilo. Deveria tê-la levado com ele no mesmo dia que retornou para a Inglaterra depois da morte de Bulma. Mas sua preocupação excessiva para com seu país o fez ficar cego de seus sentimentos. Não sabia se a amava, nem ao menos se ela o amava, mas sabia que a queria, a desejava, e se teria que ter uma esposa, ela seria a única opção que seu coração e mente aceitavam.

Inspirando profundamente enquanto montava no cavalo, Gohan decidiu que não desistiria de encontra-la, o próximo convento ficava a quase um dia de estrada, segundo o que lhe informaram. Viajaria noite toda se fosse possível, talvez fosse nesse que Videl estava. E que Deus o ajudasse, pois quanto antes a encontrasse, antes poderia concertar as coisas e de uma vez por todas desposa-la, assim como desejava.

**********

Vados poderia ter voltado a dias, mas duas coisas segurava ela nas Terras Altas. A primeira era Maron, ela queria ver a mulher que Vegeta casou, para ter certeza do que ia falar para Bulma quando retornasse. A segunda, que alias era a primeira em seu coração, era Kakarotto. Ela começou a sentir uma necessidade imensa de ficar perto do guerreiro, e ele era tão divertido e bonito, que sua vontade era de nunca mais sair de perto dele.
Nos três primeiros dias, continuou fingindo estar com o tornozelo machucado, para sua mentira não ser revelada. Depois disso, usou a desculpa de não poderia ir embora sem o seu cavalo.

- Ora, você é muito abusada, moça – resmungou Kakarotto. – Além de entrar nas terras Saiyajins sem autorização, acolhermos você por piedade e partilhar de nossas comidas e moradia, ainda quer um cavalo.

- Não quero um cavalo – ela disse enfática. – Quero o meu cavalo.

- Boa sorte em encontra-lo, depois do lobo que viu deve estar no fim do mundo galopando.

A risada de Kakarotto a contagiou ao fim da frase, e ela, depois de muito charme, e insistência, convenceu o guerreiro a procurar o cavalo junto a ela.

Andaram por toda a região, com Kakarotto com sua espada e arco e flecha, e ela, apenas com sua espada.

- Sabe mesmo usar essa coisa ou está com ela na cintura por enfeite? – Indagou ele durante o caminho.

- Sei sim – ela sorriu tirando um galho do caminho. – Treino desde meus seis anos.

- Seus pais lhe ensinaram?

- Não – Vados abaixou a cabeça. – Foi meu irmão, perdi eles muito cedo.
- Era bastante jovem quando perdi os meus também – Kakarotto se compadeceu em compartilhar sua tristeza junto a dela. – Tudo que eu tinha era meu irmão, Raditz, e o clã.

- Ia te perguntar isso – Vados parou de caminhar. – Raditz é mais velho que você, não é?

Kakarotto confirmou com a cabeça.

- Então por que você é comandante e não ele?

- Raditz teve uma época rebelde – Kakarotto coçou a cabeça. – Bebidas, mulheres e muitas noites mal dormidas. Enquanto isso eu me dedicava em ficar mais forte e aprender coisas do exército. Acho que Vegeta viu mais potencial em mim do que nele na época.

- É um homem responsável então?

- Gosto de pensar que sim – ele sorriu. – Apesar de ser mais novo, sempre me senti o irmão mais velho, levando em consideração a quantidade de vezes que dei broncas em Raditz pelas coisas que fazia.

- Ele ainda te dá trabalho? – Vados riu.

- Não, graças a Deus, essa mulher que ele está agora, o mudou a alguns anos atrás, de certa forma.

- A tal de Tights?

Kakarotto a olhou com as sobrancelhas erguidas, meio que perguntando com o olhar como ela sabia daquilo. Vados compreendeu a desconfiança do guerreiro e se pôs a se explicar.

- Kale e Caulifla são bastante falantes se quer saber.

Kakarotto desmanchou a carranca de desconfiança, ganhando no lugar uma mais descontraída. Vados suspirou aliviada. Ninguém podia saber que ela sabia do nome e história de algumas pessoas por causa de Bulma.

Caminharam em silêncio até a cachoeira, e quando Vados viu seu cavalo bebendo na beira do rio, correu ate ele. O cavalo não estava mais assustado e aceitou o carinho de sua dona.

- Bom, agora que já o encontramos, podemos voltar.

- Espere – Vados colocou as rédeas no cavalo e o amarrou no tronco para não ter o risco de fugir novamente. – Olha esse lugar, tenho que dá um mergulho.

- Você o que? – Kakarotto gaguejou vendo Vados levar as mãos nas costas. – Espera, o que você tá fazendo?

Vados não respondeu, apenas deixou o vestido cair e se virou de costas para Kakarotto. Sem tirar sua roupa de baixo, ela pulou na água.

- Meu Deus – Kakarotto passou a mão na testa, desesperado por ver uma mulher bonita daquelas apenas com as roupas debaixo.

Apertou com uma das mãos galho da árvore, enquanto a via na água, nadando de costas, com os cabelos platinados molhados e soltos, os seios e mamilos aparecendo no tecido fino da vestimenta de baixo que estava molhada. Por Deus, ela parecia fazer aquelas coisas  de propósito.

Quando Vados saiu, com um sorriso malicioso, viu que Kakarotto a olhava hipnótico. Era impossível para um homem não olhar para a pele exposta no vestido que agora estava transparente.

- Não quis entrar? A água está ótima – disse Vados torcendo os cabelos.

- Eu conheço meus limites – resmungou ele se sentindo o pior dos homens.

- Será que sua esposa sabe a sorte que tem? – Vados indagou colocando vestido por cima da roupa encharcada de baixo.

- Por que pergunta isso?

- Qualquer outro em seu lugar não pensaria duas vezes em entrar comigo nessa água – ela suspirou. – É um homem honrado, é sim. Queria tê-lo conhecido solteiro.

- Eu não – ele disse virando as costas. – Pois se você fosse minha esposa, e Chichi fizesse o que você fez hoje, eu a teria traído.

- Sério? – Vados arregalou os olhos. – Qual é a diferença entre ela e eu?

- Chichi tem o poder de tirar o controle que tenho sobre mim. Não é apenas carnal, é algo mais profundo. Entende?

Vados abaixou os olhos, se sentia mal por estar interessada em um homem casado, e pior, um homem que era completamente apaixonado pela mulher, mas suas atitudes eram impulsivas, e não intencionais. Decidiu naquele momento que não atormentaria mais Kakarotto, mas não queria ficar longe dele.

- Desculpe a forma que ajo com você, senhor – ela disse no caminho de volta. – É mais forte que eu.

- Está perdoada se me prometer nunca mais tirar a roupa na minha frente.

- Prometo – ela riu. – Apesar que não terei mais oportunidades para isso, logo partirei e talvez nunca mais nos veremos.

- Quando pretende ir?

- Talvez amanhã – ela sussurrou triste. – Não sei ao certo ainda. Queria poder ficar, sabe? Mas deveres me chamam.

- Deveres? – Indagou Kakarotto desconfiado.

- Para com meu irmão – ela gaguejou nervosa. – Ele tá por aí, em algum lugar, não sei.

- Descanse por alguns dias, seu tornozelo acabou de curar, e logo terá o casamento do meu irmão e ...

- Mais um casamento? – Vados gritou eufórica. – Eu nunca fui a um casamento.

- Não? – Kakarotto franziu o cenho. – Então fique para vê-lo, com todo certeza meu irmão não se importará de ter uma convidada minha em sua festa.

- É muito gentil da sua parte.

A partir dali Kakarotto e Vados passavam muito tempo juntos, conversando enquanto o comandante mostrava as terras para ela, e também a rotina dos Saiyajins. Bons amigos, era como ele gostava de pensar.

Vados parou de se insinuar para ele, mas a cada dia que passava se interessava mais e mais por ele.

Claro que ela estranhou o fato de nunca ter visto a mulher dele, e um dia perguntou, e a resposta do comandante a deixou se sentindo péssima, pois aparentemente a mulher dele estava numa gravidez muito delicada e ele parecia frustrado com aquilo.

Olhando para o forro da casa onde dormia, enquanto escutava o barulho que as duas escandalosas faziam no quarto, algo que parecia uma briga ou coisa pior, Vados se deu conta de algo. Ela havia se apaixonado, e que Deus a ajudasse, pois aquilo era terrivelmente errado levando em consideração a situação toda. A festa de casamento seria no outro dia, e ela decidiu que deveria falar para ele de seus sentimentos, nunca mais o veria mesmo, era sua única chance, e ela não queria nada em troca, apenas falar.

Estava decidido, falaria e partiria, isso não machucaria ninguém afinal.

********

- Por que dessa demora da Vados? – Bulma resmungou se sentando na cama enquanto Whis acariciava sua barriga e sentia o bebê se mexendo bem devagar.

- Não sei – Whis ergueu os ombros. – Deve ter encontrado algo interessante no caminho e está entretida com ele.

- Whis, jura que não se preocupa com sua irmã?

- Na verdade não – brincou Whis recebendo um olhar repreendedor de Bulma. – Ora, pare com isso, Bulminha, estou brincando. Claro que me preocupo, mas faz tempo que Vados não sai daqui, deve estar aproveitando um pouco, acredito que logo chegará com notícias.

- O que faz você ter tanta certeza?
- Ela é minha irmã gêmea, temos uma ligação, quando ela não está bem eu sinto.

- Depois reclama por terem o chamado de bruxo – resmungou Kuririn do outro lado do quarto.

- Oh, Deus, dai-me paciência com esses ignorantes – Whis ergueu as mãos ao céus.

- Vai se arrepender de agir assim, Bulma – Kuririn continuou a resmungar. – Deveria ter mandado o recado de que está viva e deixado esses ciúmes de lado.

- Não – rosnou Bulma. – Eu tenho que ter certeza dos fatos antes de me revelar.

- Pra quê? – debochou Kuririn erguendo as duas mãos. – Tem coisa que é melhor não ficar sabendo.

- O que quer dizer?

- Ele é teu marido. Nada muda isso. E se ele casou-se com Maron,  é o segundo casamento que será anulado, ou seja, continua sendo seu marido. Por que procurar dores para carregar durante o resto de sua vida?

- Você não pode palpitar nesse assunto – resmungou ela agitada. – Não sabe como me sinto com isso.

- Ah, acredite, eu sei – ele desencostou da parede caminhado até a porta. – Escute o que eu digo, vai se arrepender, e carregará uma dor que podia ter ficado desconhecida por você durante o resto da sua vida.

Bulma o viu saindo do quarto, e franziu o cenho.

- Do que ele está falando? – Indagou ela para Whis. – Kuririn não passa de um príncipe que fugiu da coroa por medo. Ele não sabe nada do amor.

- Oh, Bulminha, não deveria falar aquilo que você não sabe – Whis a cobriu e beijou-lhe a testa. – E ele tem razão. Mas só aprendemos com os próprios erros, não com conselhos de terceiros.

Whis caminhou até a porta deixando Bulma confusa, antes dele fechar a porta ainda sussurrou:

- Boa noite.

*******

O dia do lorde foi cheio, levando em consideração a quantidade de coisas que fez. Realmente era bom voltar a seus afazeres, deveria ter feito isso desde o começo, nada melhor que o trabalho para distrair a mente de pensamentos infelizes.

Caminhou até o seu quarto cansado, queria poder dormir o suficiente para ir ao casamento de Raditz no outro dia. Afinal ele merecia ser feliz, assim como sua cunhada, ou ex cunhada, não sabia dizer ao certo. Apesar de ter se fechado para coisas do tipo, desejava a felicidade do irmão de Kakarotto com a mulher que ama.

Alguns mereciam essa felicidade, concluiu.

Entrou no quarto distraído, com a intenção de cair na banheira de água para um banho, e depois direto para a cama. Esperava que a canseira permitisse um sono pleno sem pesadelos.

Tirou o manto, e as botas, jogando-as no canto do quarto.

Desabotoando a camisa ele a tira e sente o ar frio da noite, por isso vai até a lareira e coloca mais lenha, quando se ergue, finalmente olha com atenção para o quarto, e suas sobrancelhas se abaixaram em zanga ao ver a mulher deitada em sua cama.

- O que está fazendo aqui, Maron? – sua voz saiu raivosa e impaciente.


Uma Noiva para o LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora