Pensamentos de um morcego

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Ao final do dia anterior ele só ouvira falar sobre como ela era boa em tudo e sobre os pontos que conseguia graças a isso. Em sua primeira aula, ela estava lá com sua língua rápida, sua postura fria e seus olhos azuis. Os olhos que ele não havia conseguido ver durante a seleção. Aqueles olhos tão intensos e frios que de maneira hipnotizante o deixaram perdido na imensidão daquele céu azul.

Ele demorou alguns momentos para retornar a si ao perceber que ela não desviava o olhar do dele. Mas ela não estava encantada com ele como ele por ela. Ela o encarava de forma insistente e fria. Ele concedeu a ela um de seus piores olhares, aquele típico olhar que fazia desde crianças pequenas até bruxos adultos estremecem, mas ela não vacilou.

Aquilo o deixou furioso.

Estava tão focado nela que até perdera seu foco de Potter. Ele fez perguntas ao menino, perguntas que ele não sabia responder. Severo via o olhar dela, ele via frieza mas por trás ele sentia a ousadia e o desafio dela para com ele. Então, no intuito de humilhá-la para satisfazê-lo ele mandou que ela respondesse.

E ela respondeu. De maneira certa e direta. Sem hesitar ou pestanejar.

E então, finalmente ele foi capaz de quebrar o contato visual com ela. Ao fazê-lo, porém, sentiu uma pontada de falta de apreciar seus bonitos olhos.

" O que é isso garota? "

" É para escrever. Se chama caneta. " — Disse erguendo-a a caneta na frente de seu rosto. Ela falou com ele como se ele fosse um idiota.

" Eu sei o que é uma caneta! " — Ele tropeçou nas palavras, indignado.

" Sério? Eu não tive essa impressão. Pegue " — E jogou a caneta para ele que a pegou agilmente. " É sua. "

No final da aula ele lhe deu mais vinte pontos por conta de sua poção impecavelmente preparada.

Ele deu a uma Gryffindor trinta e cinco pontos em apenas uma aula.

Ele ficara consternado e com raiva.

Severo estava corrigindo as redações sobre o benzoar. A da menina Granger e a de Draco estavam aceitáveis, até boas. Mas a dela, Anastasia, estava impecável. Ela tinha uma caligrafia caprichada e as informações sobre o benzoar iam muito mais do que as que haviam nos livros, fazendo às dos outros alunos parecerem meras cópias comparadas a dela.

" Inferno, como ela consegue? Não é possível que ela seja boa em tudo " — Ele pensava enquanto a observava disfarçadamente de cinco em cinco minutos.

Ela era uma criança estranha. Ela era quieta, apenas falava quando falavam com ela — e as vezes nem isso —. Elegante, isso era evidente em sua caligrafia, fala, postura ao se sentar ou andar, como segurava os talheres durante às refeições. Mas o mais estranho era como ela era fria. Sua expressão nunca se suavizava, sempre fechada e indiferente, ele se perguntava se ela sabia sorrir e se pegou imaginando o quão bonito poderia ser aquela cena.

Ele balançou a cabeça afastando seus estúpidos pensamentos. Quando se deu conta a aula já havia terminado e todos já haviam saído.

Severo abriu a primeira gaveta de sua escrivaninha e de debaixo dos papéis ele retirou a caneta-tinteiro que ela havia lhe dado. Era preta com sua ponta prata. Era bonita.

Brincava com a caneta entre os dedos enquanto murmurava para si mesmo.

— Senhorita perfeitinha, por que você é tão diferente? Por que você não sai da minha mente?

O Mistério de Anastasia Onde histórias criam vida. Descubra agora