Hogwarts
18 de Junho de 1991O professor de poções Severo Snape encontrava-se naquela manhã mais carrancudo e mal-humorado do que nunca. Motivos? Sim, havia motivos para aquilo.
1 — Aquele era o ano em que finalmente o muito famoso e pouco visto menino-que-sobreviveu, Harry Potter, começaria o seu primeiro de sete anos estudando em Hogwarts. Ou seja, Severo teria que aguentar o filho de seu maior e mais antigo inimigo com o amor de sua vida. Ambos mortos. Seria insuportável para o mestre, pois ele sabia que o garoto teria a arrogância e o grande ego que seu pai tinha e seria doloroso já que ele sabia que o garoto possuía os olhos de sua mãe, a mulher que ele tanto amou e amava.
2 — Dumbledore, o diretor da escola, havia pedido a sua presença em sua sala e a professora de transfiguração Minerva Mcgonagall, também estaria lá.
3 — Coisa boa, Severo sabia que não seria.
Parou em frente a gárgula e revirando os olhos em impaciência pronunciou friamente a senha Gota de limão. Uma senha infantil para um homem infantil. Quando abriu a porta, lá estava Dumbledore com suas vestes chamativas, sua longa barba e seu sorriso sincero e acolhedor que particularmente deixava Severo enojado.
— Severo, meu filho, até que enfim. — Saudou o diretor em seu tom sempre muito gentil e alegre.
— Está atrasado. — Disse Minerva, em um tom muito diferente do de Dumbledore.
— Eu não preciso que me diga o óbvio, Minerva, obrigado e só para a sua informação mesmo eu não devendo-a a você, saiba que eu não queria estar aqui.
Minerva lançou um olhar duro para ele que segurou-se para não rir, atormentá-la era realmente muito divertido.
Dumbledore vendo aquela cena, fingiu uma falsa tosse ganhando a atenção dos outros dois.
— Vai nos dizer o por que nos chamou, diretor? Sabe, eu não possuo tempo e muito menos paciência para desperdiçar.
— Sim, Severo. Eu direi, certamente eu direi.
Minerva e Severo ficaram esperando, mas passou-se quase um minuto e o diretor continuava ali, quieto, apenas encarando os dois.
— Dumbledoreee
— Ah, sim, sim. — Finalmente falou. — Sentem-se, sentem-se. Aceitam uma gota de limão?
— Não! — Exclamaram em uníssono, sentando-se.
— Bem, meus caros amigos, eu chamei vocês dois aqui para falar de uma certa garota.
Severo e Minerva reviraram os olhos com clara impaciência.
— E o que tem essa garota de tão especial que faz você nos fazer vir até aqui?
— O nome dela consta nos nossos registros de nascidos-trouxas. Ela se chama Anastasia Petrov, aparentemente ela é órfã.
— Até agora eu não entendo o motivo de você ter feito eu perder o meu tempo para vir aqui para falar de uma garota órfã. — Disse em seu costumeiro tom indiferente e arrastado. Em seguida, ele estreitou os olhos em direção ao ancião. — Dumbledore, se você pensa que vai me arrastar até um orfanato apenas para perder o meu tempo com uma pobre pirralha órfã, você está muito enganado. — E por fim, ele disse. — Leve a Mcgonagall.
O olhar de Dumbledore caiu sobre Minerva que suspirou.
— Tudo bem, se é assim eu vou. Em que orfanato ela vive?
— Ela não mora em um orfanato, Minerva. Anastasia mora em Londres... sozinha.
Aquela informação deixou tanto o professor de poções quanto a professora de transfiguração estupefatos.
— Sozinha? Como sozinha? Uma criança de onze anos vive sozinha? — O tom que Minerva usava era confuso e desacreditado. — Ela não possuí tios, avós, eu não sei, ela não possuí qualquer parente que possa ficar com ela?
— Se ela possuí ou não, não consta nos registros. Apenas diz seu nome, sua data de nascimento e que é órfã de pai e mãe.
— Isso está me parecendo muito estranho. — As palavras de Minerva deram vida aos pensamentos de Severo.
— Acalme-se, Minerva. Logo ela vira para Hogwarts, quem sabe se não levarmos o caso dela ao ministério da magia ela não possa ser adotada?
— Desculpe, Alvo. Nunca ouvi algo tão absurdo quanto isso, foi um choque.
— Compreendo. Minerva, saímos em uma hora. Severo, meu filho, tem certeza que você não quer... — Dumbledore parou. Severo já não estava mais ali, mas ainda era possível escutar o som de seus passos enquanto descia às escadas para bem longe dali. — ir...
Enquanto se aprontava até a hora de ir, Minerva perdia-se em seus pensamentos sobre a tal garota, senhorita Anastasia Petrov. De maneira nenhuma ela aceitava esse fato de que uma criança morava sozinha, como aquilo era possível? Será que as autoridades trouxas sabiam? E se sabiam, por que não faziam nada? Bem, não é como se a maioria dos trouxas fossem as pessoas mais eficientes e altruístas, ela sabia disso.
Quando chegou a hora de ir ela pensou que todas as suas perguntas seriam respondidas.
Mal-sabia ela que dali em diante ela ganharia ainda mais dúvidas e nenhuma verdadeira resposta.
Aparataram em um beco e foram fazendo o resto do percurso a pé. Os poucos trouxas que encontravam tinham sempre a mesma reação; encaravam descaradamente, quase desacreditados quando viam suas vestes.
— Eles são sempre tão originais. — Minerva comentou sarcástica.
Às casas eram muito diferentes das casas da rua dos Alfeneiros, Minerva notou. Elas não seguiam um padrão, haviam diversas, cores, tamanhos e formas. Podia-se notar que eram casas de pessoas que possuíam uma boa renda.
Viram-se diante de uma casa de dois andares, mantinha-se de pé pelos tijolos marrons, tinha grandes janelas que encontravam-se todas fechadas e uma porta branca. Apenas uma casa normal.
Dumbledore desferiu suaves batidas contra a madeira branca da porta, esperaram alguns segundos e não tiveram resposta.
— Talvez ela não esteja em casa.
— Ou talvez não tenha escutado. — Dito isso, ela ergueu seu indicador até a campainha dourada que estava coberta por uma camada de poeira, indicando que talvez não fosse muito usada.
Passos foram ouvidos pelos dois professores e no segundo seguinte a porta foi aberta por uma menina, uma coisinha bastante pequena de pele pálida com cabelos muito loiros, um vestido bonito e os olhos de um azul claro e intenso. Os olhos dela eram iguais aos de Mcgonagall que ofegou ao vê-los, ela nunca havia visto uma pessoa com os mesmos olhos dela.
A menina sussurou algo que Minerva não conseguiu entender.
— Bom dia, eu sou Alvo Dumbledore e essa é Minerva Mcgonagall. Essa seria a casa da senhorita Petrov?
— Sim essa é a casa dela. Essa é a minha casa, eu sou Anastasia Petrov.
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O Mistério de Anastasia
Fanfiction- A nossa visita se deve ao fato de que você possuí uma vaga em Hogwarts. - O corpo dela enrijeceu como pedra com as palavras de Dumbledore. Ela era uma bruxa, não nasceu daquele jeito, mas ela era. Mas ela não era uma criança, era adulta. Não poder...