A professora McGonagall, após o almoço, entrou na sala de Transfiguração para preparar as aulas daquela tarde. A mulher escocesa estava um tanto absorta após presenciar a cena da senhorita Petrov saindo tão apressadamente do salão após receber uma caixa trazida por um... Merlin, por um abutre. E também, para completar a esquisitice, a taça da menina explodira sem nenhuma explicação lógica.
A cena foi muito comentada, assim como tudo que envolvia Anastasia era muito comentado.
Minerva apenas saiu de seus pensamentos sobre o acontecimento estranho quando percebeu que havia uma caixa vermelha posta sobre sua mesa.
A caixa de Anastasia.
A professora de Transfiguração correu como se não estivesse acreditando no que via e agarrou a caixa com suas duas mãos. Ela leu rapidamente o pequeno aviso que estava escrito em um pedaço de pergaminho " não abra " e o jogou de lado. Minerva analisou o desenho que havia gravado encima. Era um brasão, porém ela não o reconheceu.
— Santo Deus, porque você é sempre um enigma tão difícil, Petrov? — Minerva perguntou baixinho, enquanto tornava a pousar a caixa em sua mesa, juntamente com o anel de pedra negra que estava encima da caixa e que ela percebeu que era o anel que Anastasia sempre usava.
O dia inteiro se passou e nenhum sinal de Anastasia. Bom, não era como se alguém tivesse procurado por ela, mas a garota não apareceu para nenhuma aula e todos sabiam que isso não era de seu feitio.
Após o término do jantar, o professor Dumbledore convocou os professores Snape e McGonagall para a sua sala. O primeiro porque talvez o mestre de poções fosse ali naquele castelo, a pessoa mais próxima do diretor e a segunda pois ela era a chefe de casa da menina " desaparecida ".
— Vai tomar providências, não é mesmo? — Ele, o professor de poções, adiantou-se sem nenhuma cerimônia ou demora. — A garota está desaparecida há sete horas já.
— Severo, não sejamos precipitados. — o diretor tentou acalmar, em seu costumeiro tom calmo e acolhedor. — Pode ser que a senhorita Petrov esteja apenas descansado em seu dormitório.
— Não, ela não está. — Minerva acabou com as esperanças. — Perguntei por ela na última aula da tarde para a senhorita Granger que é colega de quarto da senhorita Petrov e ela me disse que Petrov não estava no dormitório e nem na Torre.
— Se ela não aparecer até a hora do jantar de amanhã eu acionarei o ministério.
— Amanhã? Nós não podemos nos dar a esse luxo. A uma hora dessas ela pode estar machucada, ou até mesmo... morta. — a voz de Severo foi morrendo conforme cada palavra.
— Não diga isso! É-é tolice! Ela deve estar por aí. Eu concordo com Alvo. Anastasia tem alguns problemas de saúde, nós três sabemos disso, talvez-talvez ela apenas esteja repousando em algum lugar do castelo. Sabemos como ela não gosta de ser incomodada e na Torre ela certamente seria. Eu acredito então que ela apenas esteja em um lugar mais... mais... — Minerva já não sabia mais o que dizer. — Ela vai aparecer, eu sei que sim, estamos nos preocupando por nada. Ela não é uma criança... Eu... estou indo.
Assim Minerva saiu, deixando apenas os dois homens no escritório do diretor.
— Nem ela mesmo estava acreditando em suas próprias palavras. — Severo reclamou.
— Mas ela tem razão, Severo. Anastasia não é nenhuma criança. Ela sabe o que faz, não é para menos que viveu tantos anos sozinha. Ela vai aparecer.
— E se não aparecer? — Severo rebateu.
— Severo essa sua preocupação...
— Eu apenas me importo com o que iriam dizer sobre a escola. É com a imagem de Hogwarts que me preocupo e não com os caprichos de uma fedelha mimada e arrogante. Se já não basta aqueles artigos tendenciosos que Rita Skeeter escreve no Profeta Diário. Um escândalo sobre o desaparecimento de uma aluna é o que nós menos precisamos, principalmente agora que mais do que nunca precisamos zelar pela reputação da escola.
Dumbledore analisou o professor de poções por um longo momento com seus olhos astutos e brilhantes.
— Eu compreendo. — foi apenas o que ele disse e Severo segurou-se para não suspirar aliviado.
— Eu vou seguir o exemplo de McGonagall e vou me despedir. Não posso ficar esperando para sempre a boa vontade de Petrov em dar as caras
— Boa noite, Severo. — o homem vestido de preto assentiu em resposta e saiu o mais rápido possível da sala do diretor.
Severo sentia-se terrivelmente mal. Torturando-se com a lembrança daquele adeus dele e de Anastasia naquela manhã. Ele não queria que fosse realmente um adeus.
Naquela noite, antes de adormecer, o seu último pensamento foi para Anastasia.
" Por favor, esteja bem "
Outro dia se passou. Já era a hora do jantar no dia seguinte ao qual Anastasia tinha sumido e o olhar do professor de poções estava fixo nas portas do grande salão.
Ele suava frio, a cada minuto passava suas mãos pelo tecido grosso de suas calças para tentar limpar os resquícios de nervosismos que não paravam de aparecer.
Em menos de meia hora o jantar acabaria e o professor Dumbledore acionária o ministério.
Severo suspirou e fechou os olhos com força. Por Salazar, ele não se lembrava quando em sua vida esteve tão nervoso.
— Por favor, apareça, por favor, — ele começou a pedir, baixinho. Nem mesmo os burburinhos repentinos que começaram na mesa dos professores o distraíram de seu pedido. — por favor.
— Ela voltou. — o aviso veio de McGonagall que estava sentada ao lado dele. Severo abriu os olhos para ver que Anastasia estava tomando um lugar na ponta da mesa da Gryffindor.
Severo suspirou aliviado.
— Obrigado. — ele sussurrou, apesar de não saber para quem estava agradecendo.
Anastasia desarapatou em um corredor próximo ao grande salão e suspirou cansada. Ela estava esgotada física e psicologicamente. O que mais queria naquele momento era subir para seu dormitório e dormir, mas ela também estava com fome e por isso se rendeu e caminhou até o grande salão.
Muitas foram as cabeças que se voltaram para ela, que ignorou e sentou-se no canto da mesa da Gryffindor e tratou de se servir bem como raramente ela fazia.
— Hum... tem um corte na sua bochecha.
Uma primeiranista, ruivinha e de olhos castanhos avisou para ela que assentiu para a criança. Ela sabia daquele corte, mas não adiantava tentar fechar pois a hemofilia não permitiria.
Anastasia tentou comer o máximo possível. Ela estava com fome, mas a comida apenas entalava em sua garganta a cada vez que ela tentava engolir.
Quando a maioria dos alunos começaram a se levantar, ela também o fez e seguiu para seu dormitório na Torre da Gryffindor. Lá ela tomou um banho, uma dose de sono sem sonhos, colocou sua camisola mais confortável e deitou na cama.
" E eu que pensava que as coisas não poderiam piorar. Iris estava certa, eu tenho que aprender a ficar quieta "
Anastasia pensou e esperou ouvir Iris retrucar se gabando de que ela estava certa. Mas aí Anastasia se lembrou de que não estava com Iris e fez uma nota mental para recuperá-la antes de finalmente cair no sono.
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O Mistério de Anastasia
Fanfic- A nossa visita se deve ao fato de que você possuí uma vaga em Hogwarts. - O corpo dela enrijeceu como pedra com as palavras de Dumbledore. Ela era uma bruxa, não nasceu daquele jeito, mas ela era. Mas ela não era uma criança, era adulta. Não poder...