O poema de alguém

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Na noite de sexta, após o jantar, Anastasia repetiu o percurso que fazia todas as semanas para ir a enfermaria.

Antes que ela pudesse entrar, Madame Pomfrey impediu sua entrada, barrando-a com seu próprio corpo.

— Eu estive pensando, senhorita Petrov, e acho que a enfermaria não é o melhor lugar para você ficar com todos esses petrificados. Está dispensada, não precisa voltar até tudo se resolver. Ah, mas faça suas refeições e tome as poções. — E empurrou alguns vidrinhos para a garota. — Por favor, cuide de sua saúde.

— Isso acabou mais rápido do que eu esperava. — Anastasia estava quase feliz depois que deu meia-volta para o caminho até a torre da Gryffindor.

No dia seguinte Anastasia acordou de bom humor no instante em que se lembrou da noite passada e que se deu conta de que finalmente tinha o dormitório só para ela agora que Granger estava confinada por tempo indefinido na enfermaria por conta de sua estupidez.

Estava tão tranquila que resolveu sair do castelo para um passeio pelo lago negro.

O clima naquele dia nos terrenos do castelo estava verdadeiramente mágico; muito frio e muito branco.

Anastasia caminhou por alguns minutos, depois parou para se sentar em uma rocha e observar o lago.

O inverno a fazia se lembrar de muitas coisas; uma delas de sua terra natal, e a outra de dias como aquele em que ela, seu pai e seus irmãos saíam para fora do palácio para poderem brincar na neve.

Ah, aqueles dias felizes. Dias felizes esses que não voltavam mais.

Tomada pela nostalgia do momento, Anastasia começou a cantar.

O sonho começando a cantar

A flor desabrochando

O dia desaparecendo

A luz se esvaindo

Abrindo a janela, vi um arbusto de lilases

Era o dia de primavera voando para longe

As flores expiraram

E sombras de abóbadas exultantes se moveram por beirais escuros

A melancolia sufocou, a alma estava envolvida, eu escancarei a janela, tremendo e com calafrios

E não lembro, de onde inspirou ante a minha face

Começando a cantar, ardente, ela ascendeu ao pórtico

Abrindo a janela, vi um arbusto de lilases

Era o dia de primavera voando para longe

— Eu nunca imaginaria que a senhorita é fã de música. — Anastasia deu um pequeno sobressalto e se virou para se deparar com a professora Minerva muito bem agasalhada em vestes tartã verdes, muito escocesa.

— Só dos clássicos.

— Eu não deveria ter escutado mas-

— Por favor, sem desculpas.

— Você canta muito bem. — Anastasia se limitou em erguer ambas as sobrancelhas com uma expressão de indiferença. Não era a primeira vez que alguém a espionava cantar e acabava lhe elogiando. — Não está com frio? — Perguntou ao ver que sua aluna só usava um vestido com um casaco por cima, os dois com um comprimento que ia até os joelhos, meias brancas e um xale.

— O inverno inglês comparado ao inverno russo mais parece uma fresca brisa de primavera.

— A senhorita ainda se lembra de sua antiga terra natal? Quer dizer, se já faz tantos anos que está aqui na Grã-Bretanha.

O Mistério de Anastasia Onde histórias criam vida. Descubra agora