Crucio

1K 114 35
                                    

Um mês se passou depois daquela cena humilhante no salão principal, Anastasia ainda pensava naquele poema e quem o havia mandado. Por outro lado, ela estava mais tranquila agora que os ataques tinham cessado.

— Posso me sentar? — Veio uma voz fria e arrastada ao lado dela, ela ergueu seu olhar da folha em que lia e assentiu para o Mestre de Poções. — O que está fazendo que não está no seu salão comunal?

— Ah, não comece com isso.

— Certo... O que você tem aí? — Disse trocando de assunto.

— Avaliando as matérias do próximo ano, ponderando quais eu vou escolher.

Anastasia possuía certa noção sobre Aritmância,  mas essa era sua última opção, pois ela nunca foi um gênio quando se tratava de números.

Ela descartou Runas Antigas porque dominava o assunto, sequer cogitou Estudo dos Trouxas, afinal ela tinha nascido trouxa.

Sobraram Trato das Criaturas Mágicas, Adivinhação e Astronomia. Três matérias que ela nunca havia estudado.

— O que você acha? — Anastasia perguntou para Iris.

— Escolhe Adivinhação, quem sabe você não tem dom e acaba virando uma daquelas velhas doidonas que moram em tendas e que ficam lendo cartas e bolas de cristal o dia todo. Madame Anastasia. — Finalizou com uma risada.

— A sua zombaria foi de muita ajuda. — Disse revirando os olhos.

— A senhorita já escolheu? — Ela se ergueu com a pergunta dele, estava tão concentrada que tinha se esquecido de sua presença.

— Vejo isso com mais calma depois. — Disse deixando a folha de lado.

— Se quer a minha opinião não escolha Adivinhação, é inútil, desperdício de tempo.

— Há quanto tempo nós dois não temos uma conversa civilizada? Desde o Halloween? Desde o fim de meu primeiro ano letivo?

— Sinceramente, senhorita Petrov, eu acho que nós nunca tivemos uma conversa civilizada. — Ele disse esboçando um sorriso tranquilo.

— Tem razão.

— Talvez nós pudéssemos tentar agora...

— Realmente? Tudo bem, acho que o clima aqui está melhor desde que os ataques cessaram.

— Quer realmente falar justo disso?

— E você quer falar sobre o que? Nossos sentimentos? Compartilhar nossos sonhos e bons momentos que tivemos em nossas respectivas infâncias?

— Nós não concordamos em ter uma conversa civilizada, garota? — Perguntou, ríspido.

— A culpa é sua que parece não saber manter uma simples conversa amistosa.

— Minha culpa? Eu-. — Severo bufou cansado. Ele não queria tornar a brigar. — Certo... Se você quer saber eu achei incrível o seu desempenho no clube de duelos.

— Você gosta do gosto da derrota, professor? — Alfinetou sob o tom frio de sua voz.

— Ai, eu não deixava. — Iris rapidamente se intrometeu.

As bochechas de Severo ganharam um leve tom vermelho de raiva. Mas ele apenas suspirou.

— Anda fazendo aulas de auto-controle para a sua raiva? Por que se sim, acho que estou gostando dos resultados. — O homem revirou os olhos.

— Fui sincero, a senhorita foi incrível.

Antes que eles pudessem continuar a conversar, a sineta tocou, avisando-os que em poucos instantes os corredores estariam cheios de alunos.

O Mistério de Anastasia Onde histórias criam vida. Descubra agora