54° Scarlet

21.1K 1.3K 109
                                    

Frieday I'm in love-- The Cure

Boa leitura!

   Estamos todos dentro do cômodo onde guardamos coisas como enfeites e artefatos de decoração, é basicamente nosso quartinho das tranqueiras.

Minhas mãos estão suadas e não consigo manter elas paradas, meu nervosismo aparentemente é nítido, pois o Deniel resolve tomar a iniciativa e puxar o assunto.

--- Christian não estamos fazendo qualquer tipo de acusação, mas porque se comportou daquela forma tão estranha quando falamos da mulher morta?-- pergunta sendo objetivo, e por um momento sinto uma certa inveja de sua frieza e capacidade de deixar o lado emocional de lado.

Meu pai que antes mantinha um olhar confuso, agora está visivelmente inquieto e diria até que receoso, oque apenas me trás uma má sensação.

--- A história dessa mulher de alguma forma me fez lembrar alguém conhecida-- suspira com o olhar meio perdido-- não necessariamente a história dela, a qual não sabemos, mas sim o fato da mesma ter tirado a própria vida-- conclui e sinto uma certa curiosidade tomando conta do meu ser.

--- E quem era essa pessoa a qual o faz lembrar dela?-- questiono sem conseguir me conter.

Sem olhar em nossa direção se aproxima da janela onde fixa os olhos em algum ponto distante.

--- A mãe de Valquíria-- sinto meu corpo paralisar-- Elisabeth nunca gostou de falar sobre a morte da irmã, por conta da mesma ter tirado a própria vida de forma tão repentina-- respira fundo-- de alguma forma sinto que tenho culpa na morte dela-- finaliza demonstrando claramente um certo arrependimento.

--- Mas porque você teria culpa?-- Deniel pergunta aquilo que não consegui se quer formular.

--- Eu a engravidei, deixai claro que assumiria a criança e cuidaria como um pai o deve fazer, porém também enfatizei que não iria ser seu companheiro, até porque sabia que a mesma não era minha companheira-- fecha com força os olhos e da um soco na parede ao lado-- porra, eu não a amava, mas juro que cuidaria para que tivesse o maior conforto possível, tanto para a criança quanto para ela-- encosta a testa no vidro-- porém ela se matou após o nascimento da Valquíria, tirou a própria vida, amargurada pelo fato de descobrir que na verdade minha companheira era sua irmã, Elisabeth-- finaliza amargurado.

Começo a andar de um lado para o outro tentando assimilar tudo oque foi dito, é perceptível sua dor, não física, mas mental, a culpa que lhe corrói a alma.

Ele não há havia iludido, nem feito promessas, pelo contrário queria cuidar e dar segurança as duas, mas ela não queria apenas isso, queria mais, queria o amor dele, algo que nunca poderia ter, pois o mesmo já seria da minha mãe.

--- Contei para a Elisabeth após ela descobrir sobre a Valquíria ser minha filha, me sinto um lixo por não ter contado antes, afinal de contas elas eram irmãs, sempre foi o direito dela saber o motivo pelo qual sua irmã se matou-- senta no chão parecendo sentir o peso das próprias pernas demais para se aguentar em pé.

Ele errou muito em não ter sido sincero com a minha mãe desde o início, errou em omitir fatos tão relevantes, porém não vejo ele como o principal culpado disso tudo, não vejo maldade em suas ações, apenas um homem desesperado com medo de perder a mulher a qual ele ama com tudo oque há em si.

O amor é feito de erros, uns maiores que os outros, mas que, infelizmente, são inevitáveis.

Ajoelho ao seu lado e abraço seus ombros o trazendo para perto de mim, sinto lágrimas molharem minha blusa e engulo em seco sentindo um caroço se formar na minha garganta.

A Princesa Encontrada - 1° Livro da Saga Mystical BeingsOnde histórias criam vida. Descubra agora