Meu tio me olhava como se estivesse brigando consigo mesmo dentro de sua própria cabeça para decidir se me respondia ou não, e enquanto isso eu comia sem nenhuma pressa. Aquela comida era divina e eu deveria agradecer a cozinheira qualquer dia desses.
Yoonsu passou as mãos ásperas nos parcos cabelos em sua cabeça e me encarou, murmurando "você sempre foi curioso, igual sua mãe".— Os pais do Taehyung sempre foram pessoas muito modestas, queridos, amigos de todos. Costumavam vir aqui conversar comigo em alguns finais de tarde e traziam o garoto pra ficar brincando. — Meu tio falava como se pudesse lembrar vivamente do que me contava. — Ele era apegado com os dois, tinha muito amor das duas partes...
Taehyung havia viajado com a mãe para cuidar de uma tia doente em outra cidade, e mesmo que a situação dela não fosse boa, estava alegre por ir ver os primos. A única coisa menos legal era que seu pai havia ficado para tomar conta de seus cachorrinhos, mas já estava voltando e iria contar tudo para seu pai.
Não se sentia triste por estar voltando para casa, muito pelo contrário, queria chegar logo e corria na frente de sua mãe pela rua de terra.— Vamos dar um susto no pai! Vamos entrar de fininho! — Taehyung sorria de modo sapeca.
— Vamos, querido.
Os dois não bateram na porta ao entrar nem fizeram a costumeira gritaria alegre, os passos eram na ponta dos pés. Taehyung estranhou não ver seu pai lá fora ou sentado no sofá da sala, mas então só sobrava um lugar para ele estar: o quarto.
Sua mãe e ele deixaram as malas na sala e subiram silenciosamente, Taehyung se preparou e abriu a porta em um pulo. Seu sorriso desmanchou na mesma hora e sua visão escureceu no que sua mãe cobriu seus olhos com a mão, mas ele já tinha visto o suficiente. Seu pai estava com outro homem na mesma cama que dormia com sua mãe.
Por algum tempo após ser mandado para o quarto o garoto não entendeu o que acontecia, mas os gritos dos pais eram audíveis e ele pôde compreender. Seu pai fora uma pessoa ruim, desonrou o casamento com uma pessoa tão boa que era sua mãe. Ele a colocou em um estado de tristeza profunda, fez com que esquecesse como ser mãe, deixou Taehyung desamparado.Yoongi parecia poder ver todas as cenas daquela triste história passando diante de seus olhos.
— O pai dele tentou reconciliação, mas o garoto já o culpava por tudo. Inclusive pela depressão da mãe, coitada da senhora Kim. Às vezes o pai dele vem até aqui e tenta conversar... já está velho — Meu tio suspirou. — Não é uma boa cena, Taehyung nunca superou e não é amistoso com ele.
Concordei devagar, deixando meu prato vazio de lado.
— Entendo...
— Mas por que ficou tão interessado nisso?
— Nada, só curiosidade. — Menti e me levantei, abraçando meu tio como nunca mais tinha feito antes de pegar meu prato. — Obrigado tio, boa noite pro senhor.
Sorri, deixei meu prato na pia e fui escovar os dentes antes de me deitar. A história ainda passando várias vezes por minha cabeça, era por isso que ele não gostava da aproximação masculina? Por trauma com o pai, não querer se igualar?
Taehyung tinha todo direito de não perdoar ou ficar bravo, mas ele deveria entender algumas coisas que não iriam caber à mim esclarecer. Tudo que eu poderia fazer era não mexer na ferida dele com minhas investidas. Como ainda não tinha me repelido rudemente?
Suspirei e fui me deitar, pensando no quanto ele fora educado apesar dos pesares.Olá
Como estão? O que estão achando?
Eu to triste e irritada pra caralho, postei outro capítulo hoje porque amanhã vou sair.
Abraços
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Amor Rural
FanfictionYoongi havia ido muito mal em seu ano letivo, e seu castigo seria passar suas férias na fazenda de seu tio. Sem acesso à tecnologia, Yoongi vê somente um único passatempo pra poder suportar os dias quentes e pacatos: o capataz.