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O capítulo a seguirestá sendo narrado normalmente pelo Yoongi 


Após nosso banho e as brincadeiras que fizemos quando o deixamos, partimos para a casa de meu tio entre risos e abraços nada discretos, andamos de mãos dadas e falamos mais de uma vez como havíamos gostado daquela manhã. Falamos sobre os detalhes, sobre o que sentimos e sobre como havia sido tão bom para ambos. Estávamos em nossa própria bolha de sentimentos, bobos, com os olhos brilhando e as mãos dadas de dedos entrelaçados, firmes, sem prévia de soltura. Taehyung beijava meus cabelos seguidamente e eu o abraçava fortemente pela cintura, setindo seu cheiro enquanto andávamos desajeitadamente. Não passava por nossas cabeças que poderíamos estar encrencados pelo terrível atraso, mas talvez nem isso fosse capaz de apagar o sorriso de nossos rostos. Estávamos tão cúmplices que eu jurava poder entender seus pensamentos por uma troca de olhar assim como ele também parecia compartilhar a mesma sensação. Sentia-me feliz, mesmo andando meio errado. Pediria para repetir logo, talvez ainda hoje, eu não queria parar de pensar sobre o que fizemos e nem como me senti em cada momento. Cada vez que seus lábios tocavam os meus era como um lembrete do que eles haviam feito mais cedo, de como suas mãos que faziam carinhos em meu rosto haviam me deixado vermelho de tanto apertar. Chegava a ser meio engraçado olhar para ele. 

O dia parecia bonito com aquele céu escuro de uma chuva passada que ameaçava voltar a qualquer momento, havia um vento gelado que bagunçava nossos cabelos e fazia eu abraçar meu próprio corpo em busca de calor. O caminho de terra estava úmido, as casas pelas quais passávamos estavam de janelas e portas fechadas, denunciando a presença de seus moradores pela fumaça expelida de um fogão à lenha. Somente nós dois andávamos por ali, descendo a estrada íngreme. 

Fomos identificados pelos cachorros que latiam sem parar, tentando desfazer o nó da corda que os segurava, prontos para sair correndo por aí. Meu tio surgiu na porta de casa e se olhar tornou-se obscuro. Voltamos para a realidade imediatamente.

- Isso são horas? Sabe quanto serviço perdeu? - Sua atenção estava em Taehyung. - Se eu soubesse que seriam tão irresponsáveis não teria deixado ninguém dormir na casa de ninguém. 

O olhar do mais velho passou de Taehyung para mim.

- E eu lembro de ter dito que não me incomodava que ficasse com ele desde que não o tirasse do serviço, Yoongi. - Tio Yoonsu suspirou, eu e Taehyung nos curvamos em desculpas. - Quero falar em particular com você. E Taehyung, vá fazer seus deveres.

Sem nenhuma palavra, nenhum olhar trocado, nenhum sorriso ou toque, Taehyung e eu fomos cada um para um lado. Ele foi trabalhar e eu fui para casa, seguindo meu tio até uma sala pequena em que ele usava para guardar os papéis da propriedade e tratar de seus negócios. Seu olhar não era mais duro, era preocupado.

- Suas férias estão acabando. - Eu o olhei com surpresa, achando que iria ouvir um sermão.

- Sim... - Tentei incentivá-lo a continuar.

- Seus pais querem vir te buscar o quanto antes.

- Sim, mas eu falei pra minha mãe que ainda não queria ir embora e...

- Eles vão chegar hoje á noite. - Meu tio me interrompeu, senti um estranho calafrio percorrer meu corpo. - Era pra ser uma surpresa, mas achei melhor te contar... Assim você pode esconder Taehyung.

- Eu não vou esconder ele dos meus pais. - Olhei-o com irritação. - Por que eu faria isso? 

- Não sei, diga-me você. Por que não falou dele antes pra sua mãe? Ela comentou comigo que você parecia estranho quando falava com ela, que a intuição de mãe não falhava. 

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