Amor Rural

42

Quando a sexta finalmente chegou, acordei Taehyung com uma gritaria que o deixou irritado por boa parte da manhã. Eu estava animado e com vergonha, sem saber direito o que fazer primeiro ou que roupa usar. Iria conhecer a mãe dele e queria que ela gostasse de mim!

— Yoongi, usa qualquer blusa! — Taehyung saiu de minha frente, esperando que eu não fosse atrás dele, mas eu fui.

— Qualquer blusa não tem! Eu tenho só essas duas aqui! — Bati meu pé no chão. — Ai, Taehyung, você é um chato mesmo! — Irritei-me com ele e voltei ao quarto em passos duros, colocando a primeira roupa mais ajeitada que veio na minha frente. Se ele não fazia questão de me ajudar, então eu iria de qualquer jeito. Era impossível dizer que eu já não estava emburrado e a ponto de brigar com o mais velho, mas deixaria pra soltar os cães nele mais tarde.
Enquanto eu arrumava aquela blusa estúpida, vi e senti dois pares de mãos morenas segurarem minha cintura, assim como senti o peito de Tae contra minhas costas.

— Você fica lindo de qualquer jeito... — Ele tentou beijar meu pescoço, mas fui mais rápido em me esquivar.

— Fico porque você não liga o que eu visto ou deixo de vestir. — Respondi rude, bufando quando não achei meu par de meias. Taehyung o achou primeiro e ergueu o braço para que eu não o pegasse.

— Senta aí. — Ele pediu paciente, apontando para a cama, fiz o que foi pedido e observei o mais velho se abaixar e pôr as meias em meus pés. — Qual o problema, Yoongi? — Fiz um bico ao que seu olhar demonstrou total atenção e preocupação comigo. Não queria parecer um garotinho idiota e começar a chorar na frente dele, por isso me contive.

— Eu estou nervoso e você não liga pra mim! — Cruzei meus braços. — Não dá sua opinião em nada que eu pergunto, fica irritado e sai de perto toda hora. Tem alguma coisa errada comigo, por acaso?

Taehyung suspirou e se aproximou, ficando entre minhas pernas e com as mãos abertas em minhas coxas. Seus dedos faziam desenhos abstratos por ali e seu olhar estava meio perdido até encontrar o meu.

— Também estou nervoso, sabia? Vai ser a primeira vez que vou ver minha mãe, meu pai e aquele namorado dele juntos depois de tudo que aconteceu. — Taehyung deitou o rosto em uma de minhas pernas. A relação dele com o pai, depois do acerto de contas, havia melhorado de modo considerável. Taehyung não o tratava com hostilidade e às vezes fazia visitas ou se dispunha a ir ao mercado e consultas com o pai. O assunto dele com o antigo namorado ainda era algo que o perturbava, eu deveria ter imaginado que seria difícil para ele.

— Acho que você deve tratar "aquele namorado do meu pai" pelo nome verdadeiro dele, é mais respeitoso. — Segurei em seu rosto, fazendo-o olhar para mim. Acariciei suas bochechas com delicadeza. — Eu vou estar com você de mãos dadas se quiser. Posso grudar em você que nem chiclete. — Ri. — Você vai saber lidar e vou te ajudar. Foi o que prometi.

Taehyung sorriu e eu me senti mais aliviado quando o clima pesado entre nós começou a se dissipar.
Ele fez uma esforço para não complicar comigo e eu para compreendê-lo e no final, enquanto estávamos no carro, indo para a casa da mãe dele, percebi como o que havíamos feito tinha sido um ato de paciência e consideração um pelo outro.

●

Assim que chegamos na casa da mãe dele e descemos do carro, Taehyung agarrou minha mão enquanto éramos recebidos alegremente por três pessoas. A mãe de Taehyung o abraçou e beijou, seu pai o abraçou e o namorado dele lhe deu um aperto de mão tímido, mas ao menos Tae sorriu para ele. Minha recepção foi um pouco diferente, já que a mãe de Tae segurou firme em meu rosto e me deu dois fortes beijos em cada bochecha.