Taehyung ficou me encarando sem uma expressão definida, algumas vezes ele ria, outras fazia uma careta e ainda havia casos em que seu olhar parecia meio perdido. Qual parte havia confundido sua cabeça, meus pais ou o boquete?
- Como me avisa isso hoje? - Ele havia se escorado no trator e cruzado os braços sobre o peito, parecia autoritário.
- Fiquei sabendo disso só hoje também, tio Yoonsu me contou... Você vai querer conhecer eles? - Meu tom deveria ter soado inseguro, pois o olhar que Tae me lançou foi de preocupação.
- Claro que sim. - Ele sorriu. - Mas... - Ele suspirou de um modo exagerado e eu fiquei estranhamente tenso. - Isso quer dizer que você vai voltar pra casa.
- Uma hora eu iria precisar voltar, não é? - Levantei devagar, cruzando meus braços do mesmo modo que ele havia feito anteriormente. Essa pose fechada me fazia sentir mais seguro.
- E como nós ficamos?
Seu tom parecia aflito e compartilhamos um olhar receoso, mas eu não queria que aquele clima se instalasse agora. Não seria fácil dar um jeito?
- Bom... você tem celular e eu também tenho...
- Mas não é a mesma coisa.
- É o que temos! - Encarei-o com raiva, usando um tom mais alto que o normal. Suas implicações com esse problema estavam deixando meus nervos atacados. - Ou prefere terminar? - Resmunguei.
Taehyung pareceu ser cutucado por uma vara quente, pois saiu rapidamente de onde estava e aproximou-se de mim. Uma de suas mãos tocou meu rosto e desceu até meu ombro, descruzei meus braços e o encarei sem nenhuma vergonha de parecer triste, irritado ou tudo junto.
- Não quero terminar, não seja tão radical. - Ele riu baixo, porém, vendo que eu não me encontrava nem perto de compartilhar o humor, um beijinho delicado foi deixado em minha bochecha gelada. Não pude evitar de sorrir. - Só não queria ficar longe... - Seu tom manhoso fez com que eu o abraçasse com força.
- Mas eu volto quando der e você pode me visitar. - Beijei a pontinha de seu nariz, sentindo o aperto de seus braços em minha cintura. - E antes de eu ir embora vamos transar de novo.
- Jura? Nossa, você foi o namorado que eu pedi, sexo e distância.
Nós dois rimos antes de engatarmos em uma sequência carinhosa de beijinhos rápidos e gracinhas sussurradas, mãos brincalhonas e risos abafados por lábios cheios de saudade. Encarei Taehyung com admiração e tentei registrar seus detalhes ínfimos e bonitos, passei meus dedos por suas bochecheas e lábios, beijei-os com os meus, acariciei seu cabelo ressecado e sorri ao ter seus olhos bonitos olhando para os meus.
- Vai dar tudo certo, prometo.
- Seu que vai. - Ele sorriu e me largou, virando as costas para voltar aos seus deveres.
- O papo do boquete era de verdade mesmo? Porque se for fazer igual ao de hoje de manhã eu tiro minhas calças aqui e agora. - Ri de seu comentário, sentindo-me meio envergonhado, mas ainda satisfeito por ele ter gostado.
- Se nos sobrar tempo... Agora vou lá arrumar meu quarto pros meus pais. - Sumi antes que ele pudesse me perguntar mais alguma coisa sobre o assunto, subi até a casa do meu tio e fui direto arrumar minhas coisas, tendo lembranças invadindo minha mente cada vez que uma peça de roupa era dobrada e posta de volta à mala. Desde que cheguei aqui, as cantadas em Tae, os conflitos com ele, meus sentimentos, ambas as teimosias, eu estava satisfeito no que tudo tinha dado e torcia para que as coisas fossem duradouras... Eu gostava de Taehyung, gostava muito... Talvez eu o amasse.
Envergonhado por meus prórpios pensamentos, tentei fugir deles me atolando em tarefas e papeando com Dori, esta que não estava muito feliz por eu ir embora logo agora que tudo estava bem. Quando as coisas estão muito estáveis é normal que algo aconteça para mexer em tudo, tirar algo do lugar e fazer com que recomeçemos tudo outra vez. Eu estava tentando ser positivo, pois o papel de pessimista era do meu namorado.
Por volta das seis horas da tarde, quando eu e Tae estávamos conversando na porta de meu tio, ouvimos o latido alto dos cachorros e uma luminosidade anormal vindo da estrada. Eram dois faróis do carro que traziam minha família, meu nervosismo voltou e eu vi meu companheiro morder os lábios como sempre fazia ao tentar formular rotas de fuga. Minha mão acaricou suas costas rígidas e meu sorriso provavalmente não saiu reconfortante como esperado. Pude ver minha mãe e seu constante sorriso bonito antes de ser cegado meus luzes fortes, estas que foram desligadas quando o veículo estacionou. Minhas pernas pareciam feitas de chumbo e o chão era uma areia movediça que queria me engolir, mas mesmo assim segui na direção deles, sendo recebido por abraços apertados e ansiosos de todos. Eu fiquei feliz por vê-los, meu irmão parecia muito saudável. Abracei-os com força, aproveitando para matar a saudade que sentia e que havia acumulado no período em que fiquei longe. Pareciam alegres, meu tio também, todos ajudando-se a carregar as malas para dentro.
Taehyung estava parado na porta, observando minha mãe grudar em mim, enchendo-me de perguntas, meu irmão em nossa volta parecia muito ansioso e meu pai aproximava-se mais calmamente, provavelmente cansado da viagem. Como eu iria introduzir o assunto de Tae? Seria melhor chamar minha mãe para um canto? Parecia impossível de chamar suas atenções e, se chamasse, talvez fosse impossível falar alguma coisa, pois meu peito ardia e os pensamentos eram pesados.
- Yoongi... - Ouvi um chamado baixo e rouco, Taehyung me olhava com cautela e parecia igualmente constrangido. - Deixa pra amanhã, com mais calma.
- Tem certeza? - Olhei-o com admiração, tentando não demonstrar alívio pela oportunidade que estava me dando. Ele concordou e sorriu, um sorriso fraco que pareceu desanimado. - Se você quiser eu posso...
- Não. - Ele me interrompeu, a voz suave cobria certo tom de mágoa. - Amanhã. -Ele pôs as mãos no bolso. - Você vai ter mais um tempo pra pensar se é isso mesmo que quer.
Aproximei-me dele.
- Achei que estivéssemos entendidos sobre isso, conversamos mais cedo e eu vou contar!
- Eu vi sua cara, Yoongi, você nem sabe o que vai falar. - Taehyung abriu espaço para que meu irmão passasse, tomando cuidado para que ele não ouvisse. Seus olhos miravam atentamente meus pais, vendo se ainda estavam entretidos. Suspirei com certo pesar, sabendo que suas palavras eram inteiramente verdade.
- Eu não sei porque sinto medo... Sempre fui muito sincero e nunca escondi nada deles. - Confessei de cabeça baixa, com vergonha de encarar Kim.
- Bom, talvez você não tenha medo de assumir um relacionamento pra eles, o que me faz pensar que o problema sou eu. - Olhei para ele com rapidez e incredulidade, sentindo seu julgamento duro em minhas costas. - Amanhã. - Prometeu ele, saindo de fininho ao que o volume das vozes de meu tio e meus pais aumentavam. Saiu pelos fundos... deixou-me sozinho.
Olá
Como estão? O que estão achando?
Essa informação pode não ser inteiramente verdadeira, porém, pelas coisas que venho pensando para a fanfic, ela está se encaminhando para o final. Não posso dar pra vocês uma quantidade certa de capítulos, pois eu sempre ando mudando alguma coisa, o que pode fazer o enredo diminuir e aumentar.
Eu tenho estudado bastante, pois terei prova mesmo de quarentena... de Física. Boa sorte pra mim.
Cuidem-se.
Abraços.
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Amor Rural
FanfictionYoongi havia ido muito mal em seu ano letivo, e seu castigo seria passar suas férias na fazenda de seu tio. Sem acesso à tecnologia, Yoongi vê somente um único passatempo pra poder suportar os dias quentes e pacatos: o capataz.