Amor Rural

52

Quando entrei na casa de meu tio, fingindo acompanhar as conversas dos meus pais, parte de mim desejava trancar-se no quarto e permanecer lá por muito tempo. Eu me sentia envergonhado por ter feito papel de bobo na frente de Taehyung, culpado por tê-lo feito sentir-se daquele jeito e triste por não entender meus prórpios motivos que culminaram todo o desentendimento. Por que eu não me sentia seguro? Minha mãe era frenética em suas perguntas sobre minha estadia e às vezes eu me perdia em sua voz contagiante, passava a impressão de estar distraído. Meu tio lançou-me um olhar questionador, mas o desviou antes que eu pudesse dar a entender algo. Talvez ele já soubesse.

- Me conta tudo! - Minha mãe pediu pela milésima vez e eu suspirei, olhando-a com impaciência.

- Mas eu já falei tudo, mãe. - Resmumguei.

- Talvez você lembre de outros detalhes. Você está tão estranho... - Ela se sentou ao meu lado, pousando sua mão branca em minha pele. Eu encarava o lado contrário, não querendo que ela percebesse nada em minhas expressões. - Por que não me diz o que aconteceu? Alguém te tratou mal?

- Não, nada disso. - Suspirei. - Só me sinto meio cansado e ainda surpreso pela chegada de vocês, e acho que não quero ir embora... 

- Mas...

- Não tem mais o que me prenda na cidade.

- Você ama a cidade, Yoon... - Minha mãe fez com que eu olhasse para ela, seu toque era gentil e macio, delicado, acolhedor. - Fala comigo.

Senti, inevitavelmente, meus olhos arderem e meu peito apertar. 

- Era pra eu ter apresentado alguém pra vocês hoje, alguém... especial. - Respirei fundo. - Um namorado. - Minha mãe ajeitou-se onde estava sentada. - E não consegui, não sei o motivo, ele ficou ofendido... Sei lá. Achou que fosse pessoal.

- Mas... mas quem é esse garoto? Quantos anos ele tem? O que ele faz? Ele te magoou? - Um sorriso fraquinho brotou em meus lábios, confortável por sua preocupação típica. - Sabe que não teríamos nada contra, não sabe? Eu e seu pai respeitamos você.

- Ele trabalha com o tio Yoonsu faz um tempo e gosta muito daqui, acho que deve ter vinte e um... Não tenho certeza. - Virei meu corpo na direção de minha mãe, mantendo meu olhar baixo. -  Estava tudo certo pra contar, mas eu fiquei travado e ele não gostou. Não queria que Taehyung ficasse assim porque eu gosto dele, gosto bastante.

No momento em que eu achei que receberia um abraço caloroso e afagos em meus cabelos, minha mãe levantou-se com agilidade e arrumou os cabelos com certa brutalidade. Ela chamou por meu pai até que ele chegasse correndo onde estávamos, precupado e com meu irmão em sua cola. Confuso, observei a reunião familiar aproximar-se.

- Você sabe onde é a casa desse homem?

- Sei...

- Pois então nós vamos lá pra essa apresentação acontecer e ele parar de ser chato! - Minha mãe suspirou pesadamente, irritada, olhando para meu pai que tinha as chaves do carro no bolso. - Vamos! 

- Onde? Por quê? - Meu pai e eu seguimos a mulher apressada que catou sua bolsa e caminhou até nosso carro.

- Vamos dar um oi pro namorado do Yoongi. - Ela abriu, entrou no automóvel e fechou-se lá, olhando para frente.

Meu pai, atordoado, olhava-me questionador. Encolhi meus ombros.

- Aconteceu. - Expliquei o que não havia sido perguntado, pelo menos não verbalmente.

- Eu já imaginava que iria "acontecer".  - Ele riu, sacando as chaves do carro e seguindo em passos tranqulos até lá. - Mas ela vai dar um surto. - Ele falou baixo. 

- Eu sei. - Ri e usei o que me restava de energia para entrar no carro. A cabeça de meu tio surgiu na porta e meu pai abaixou o vidro, esticando-se para fora. 

- Vamos no namoradinho do Yoongi porque sua irmã quer fazer um barraco.

Meu tio nada disse, somente lançou-me um olhar surpreso e meio duvidoso, o qual tentei ignorar ao fingir distração com meu irmão. Eu não queria que Taehyung ficasse bravo com o que ia acabar acontecendo, mas não conseguia imaginar uma reação diferente de sua parte. Seria justo se ele ficasse com raiva de mim e não quisesse mais olhar na minha cara depois de ter tido um encontro forçado e desconfortável com minha mãe. Nosso carro saiu devagar e seguiu balançando pela rua de terra, cheia de buracos e pedras. Minhas mãe tagarelava e me perguntava o caminho constantemente, este que eu informava cheio de apreensão. Quem era pior de enfrentar, Taehyung ou minha mãe?

- Ali! - Apontei para a casinha de Tae, entristecendo-me ainda mais quando lembrei de como havia a deixado pela manhã, cheia de lembranças boas. 

Meu pai estacionou bem na frente e minha mãe saiu do carro em um pulo, ajeitando sua bolsa abaixo do braço. Meu irmão correu em sua cola e eu fiquei para trás, com minhas mãos nos bolsos, querendo roubar as chaves do meu pai e fugir para longe, muito longe. Braços conhecidos passaram por volta do meu ombro, meu pai olhava-me sorridente.

- Ela não vai fazer barraco. - Ele riu. - Só está energética.

- Como você tem tanta certeza? - Murmurei.

- Conheço sua mãe desde o ensino médio, ela nunca se mete em briga nenhuma.

- Coragem. - Ri, aproximando-me cada vez mais para ouvir as batidas incessantes que ela dava na porta de madeira. Assim que a porta se abriu, a figura de Tae era de um homem sonolento de cabelos bagunçados e roupas de dormir. Era cedo.

- Pois não? - Seu olhar ainda não havia encontrado o meu, pois parecia ter sido tirado repentinamente de um sono.

- Você é Kim Taehyung? - Minha mãe perguntou, olhando para mim rapidamente. Concordei com a cabeça e ela voltou a analisá-lo.

- Sim.

- Eu sou a mãe do Yoongi. - Seu tom era duro e a postura de Kim foi imediatamente ajeitada. Seus olhos arregalaram-se e finalmente notaram minha presença afastada, fazendo com que eu me constrangisse.

- Hm... Olá. - Ele se curvou educadamente, dando espaço para minha família passar pela porta. - Entrem e sentem, por favor. Sinto muito recepcioná-los desse jeito...

Um a um, cada pessoa foi passando por ele e arrumando um lugar no sofá em que passamos boa parte da noite abraçados. Não o olhei quando passei pela porta, fui em passos rápidos para perto do meu pai outra vez e odiei a postura covarde que estava adquirindo.

- Então - Minha mãe começo outra vez, Taehyung estava sentado em nossa frente. - Qual foi o desentedimento dos pombinhos?

- Mãe... - Tentei, reunindo os vestígios de coragem e voz que me restavam, argumentar com ela, o que foi inútil, pois sua mão levantada indicava uma interrupção.

- Estou falando com Taehyung. - Ele parecia igualmente surpreso.

- Bom... - Ela o interrompeu outra vez.

- Pois veja bem, eu não gosto de ver meu filho cabisbaixo e pressionado, então eu gostaria de uma resposta realmente boa.

Olá

Como estão? O que estão achando?

Para ser sincera, esse capítulo foi um dos meus piores. 

Tenho estudado muito e feito muitos trabalhos, por isso a escrita fica bem reduzida.

Qual a música do BTS favorita de vocês? Eu amo Pied Piper...

Abraços