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Passei a noite em meu quarto, ignorando os risos que vinham da cozinha. Meus pais e meu tio estavam passando o tempo que lhes restava para colocar o papo em dia, provavelmente beliscando pão e bebendo vinho enquanto meu irmão assistia algum filme na sala. Eu sabia que, por mais que fosse tentar socializar corretamente, seria impossível omitir meu estado de espírito orgulhoso e deplorável, portanto, foi fácil tomar a decisão de ficar encarando um teto no escuro. 

Minha cabeça desocupada trabalhava em lembrar-me dos detalhes do acontecimento de mais cedo e os meus ouvidos recebiam o som incessante das notificações que chegavam no meu celular, este que havia sido devolvido por minha mãe mais cedo. Provavelmente haviam muitas mensagens de meus amigos, mas elas não interessavam nem um pouco. Sabia que sumir daquele jeito, sem avisar nada, tinha sido um pouco injusto, por isso me forcei a responder tudo com vários e vários textos explicativos, recebendo respostas de alguns e sendo ignorado por outros. Eu não poderia ligar menos.

Não consegui evitar de sentir um aperto típico no peito, eu sabia seu motivo e estava tentando aceitar como uma pessoa normal faz... Mas parecia errado. Muito errado. 

Minha raiva parecia dissipar-se cada vez em que eu teimava em mantê-la ali, deixando-me cego. Meu coração... ele dóia como se estivesse sendo esmagado por algo invisível e pesado, algo que eu não conseguia tocar para retirar. Não queriacomeçar a chorar, mas minha garganta ardia e os olhos insistiam em transbordar, fazendo a água escorrer de minha bochecha gelada até cair no forro de cama. 

A decisão não estava tomada? Eu não tinha feito questão de acabar com o que nem tinha começado direito porque, no fundo do fundo, era mais fácil do que sentar e conversar direito, mais fácil do que encarar Taehyung sem sentir irritação por ele ter duvidado dos meus sentimentos enquanto estive nervoso? Eu não queria vê-lo e entendia, mesmo relutante, que não era porque estava com raiva dele. Eu não queria vê-lo porque havia uma grande possibilidade de haver uma reconciliação. Estava com medo de sofrer posteriormente caso essa relação desse certo, então era bom que desse errado desde agora. 

Em um pulo me sentei na cama, o nariz trancado e os olhos arregalados, o rosto quente e molhado. Só agora percebera que Taehyung estava com razão em duvidar dos meus sentimentos uma vez que ele notou meu receio em relação ao sucesso de nós dois. Ele não se desculpou porque estava certo, e não iria se desculpar porque continuava certo... Que seja. Acabou.

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Acordamos cedo naquela madrugada, muito sonolentos e realizando as tarefas com uma lentidão extrema. Sem energia para conversar ou assunto que  chegue, tomamos nosso café da manhã em um silêncio esmagador, mas que era mais satisfatório do que uma conversa animada pra mim. Como dizia antes de vir parar no fim do mundo, eu não estava no "mood".
Era tão cedo. Permitia-me pensar. Logo eu iria embora. Tudo seria passado e o passado uma hora é esquecido, não é mesmo? Que peão desgraçado!

- Continue assim e o pão virará farinha. - Minha mãe disse enquanto ria, levando uma xícara de café à boca para um gole gentil e provavelmente aquecedor.

- Estou descontando minha carga emocional adolescente. - Ri, sentindo-me amargo por dentro.

Passos pesados, como se o indivíduo estivesse tentando tirar sujeira grudada nas botas, invadiram o ambiente. Eu não não saber quem era por medo de ser aquele que não deve ser mencionado. Deixei a mesa do café o mais gentil que pude e voltei ao quarto, decidido a fazer alguma coisa da minha vida e em prol dela. Era cedo demais quando olhei no relógio... muito cedo. Comecei a ficar ansioso.
Fechei minhas malas o mais rápido que pude, esperando significar que aquilo seria um fim adequado para as coisas que vivi. Foi uma experiência, Yoongi, chato de merda.
Não ouvi vozes na cozinha, então não deveria ser alguém importante.

Com a ajuda de meus pais e meu tio, o carro foi entupido de malas e presentes coloniais que havíamos ganho de meu tio. O único de quem eu me permitiria sentir saudade.
Não me despedi de mais ninguém, embora quisesse, porque tive medo de chorar e voltar atrás. Algo me dizia para voltar.
Ignorando minha cabeça, acomodei minha bunda no carro e liguei uma música alta em meus fones de ouvido, assim minha imaginação poderia correr solta e os pensamentos não voltariam. Os sentimentos não esmagariam minha garganta.

Foi assim que demos partida, sem olhar pra trás, ignorando, mas sabendo que algo havia sido deixado mal resolvido. Eu mais do que ninguém sabia disso. Mas ficaria assim e não seria revisto. Não por mim.

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Oi gente. Depois de um ano.

Quero ser franca com quem está lendo.

1. Por que a fanfic parou?
Porque minha vida mudou, tudo mudou. Meus interesses, compromissos, prioridades. Não me vi mais aqui.

2. Por que ainda volta?
Porque uma parte de mim sente saudade, dívida, compaixão por todos que estão  aqui.

3. Afinal, para ou continua?
Continua. Eu  preciso terminar o que comecei, preciso deixar alguém feliz. Preciso ter um compromisso que eu até o fim,  feliz ou  não. Preciso de disciplina.

Desconsiderem todos os meus avisos. Amor Rural será atualizado todo sábado pela tarde. Ele está no final.

*caso houver algum acontecimento que não encaixe. Desconsiderem. Eu escrevi esse capítulo e irei  revisar a história.

Vocês não merecem uma autora sem compromisso, e eu fui assim suficientemente. Estou bem. Vou terminar isso por mim e por vocês.

Beijos e abraços. Usem máscara.

Se houver erro ortográfico finjam que são cegas

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