Caçada noturna - Parte II

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A noite tinha chegado silenciosa. O céu brilhando em sua majestade azul e cheio de estrelas, a lua cheia iluminando tudo em sua glória fria. Não havia um único som além da canção que soava pelas ruas vindos da flauta fantasma. Wei Wuxian havia deixado seu grupo. Tudo estava tão calmo que ele decidiu passear sozinho, clarear a mente e tentar entender toda aquela confusão. Com a flauta nos lábios, ele tocava WangXian recostado em uma árvore. Enquanto admirava o céu noturno, ele não percebeu aproximação silenciosa de seu maior pesadelo desde a infância. Quando deu por conta, sua canela já estava sendo mordida por um cão negro, magro e feio, cercado por três pequenos filhotes da mesma cor que agora latiam de forma fina e irritante. Seu coração errou uma batida, duas, três. Parou de bater! O grito veio, apavorando a qualquer pessoa que pudesse ouvir. Era medo, pavor, o maior terror na vida de um homem traumatizado pela infância. Ainda que sua perna estivesse doendo e com um fino filete de sangue a escorrer, Wei Wuxian correu, sua vida dependia daquilo. Precisava salvar a si mesmo. Onde estava Lan Wangji naquele momento para lhe defender!? Queria seu marido, desesperadamente.

Em meio a sua corrida pela vida, ele viu uma figura alta parada na frente. Com medo, ele sequer prestou atenção; olhava para trás o tempo todo enquanto era perseguido. Sem pensar em nada além de fugir, ele pulou na figura a frente e se agarrou a ele, implorando por ajuda.

— Me ajude! Me ajude, por favor faça-os ir embora! — Wei exclamou em alto e bom som. Ele não percebeu que circulou as pernas ao redor do outro, ele não sentiu seu cheiro, sua mente estava nublada pelo medo.

(...)

Lan Wangji ficou petrificado com aquele grito, ele reconheceu aquele tom de voz e temeu, tremeu e se desesperou. E se um daqueles inimigos tivesse encontrado Wei Wuxian? Seus pensamentos não eram claros. Quando pensou em dar o primeiro passo, eis que um vulto rompe pelas árvores correndo e se agarrando a si, pulando em seu colo, o abraçando com os braços e pernas. Lan Wangji só entendeu aquele desespero todo quando ouviu os latidos. Ele não iria machucar os animais, não havia necessidade. Com um movimento, Bichen se movimentou e seu brilho azul e frio golpeou o ar, atingindo a frente e espantando os quatro cachorros. Mãe e filhotes, a alfa estava apenas protegendo suas crias do invasor de seu território. Wangji envolveu os braços ao redor dele e o apertou, toda calma que havia dentro de si se esvaindo. Ele estava ali, agarrado consigo, tremendo da cabeça aos pés. Com todo seu carinho, ele passou a mão pelas costas de Wei Wuxian e procurou lhe acalmar, lhe transmitir tranquilidade. A batalha ainda acontecia lá atrás, mas nada importava naquele momento além de cuidar e proteger seu marido. Minutos se passaram com eles dois naquela posição até que Wangji decidiu quebrar o silêncio.

— Wei Ying... — Wangji chamou, tentando trazer atenção dele para si.

— Não vou sair daqui!

— Wei Ying, eles já foram embora. — Wangji tentou de novo. Não era possível que Wuxian não havia se dado conta de que era ele ali.

— Como você sabe que eles foram embora!?

— Eu espantei. Estou aqui.

Ao som daquela frase, Wei Wuxian finalmente pareceu despertar de seu medo e afastou o rosto, olhando para a face daquele que lhe acolhia e foi assim que o som da voz lhe invadiu os ouvidos, o cheiro de sândalo tomou conta de suas narinas. Estava nos braços de seu marido.

— L-Lan Zhan... — Wei murmurou, fixando seu olhar naquela íris douradas ao qual tanto amava. — Lan Zhan é você mesmo?

— Hm... — Foi a resposta que Wangji deu, o apertando contra si.

— Lan Zhan... Lan Zhan. Sempre você me salvando.

— HANGUANG-JUN! — Um grito veio por trás de Lan Wangji. Era Lan Jingyi.

Não pode ser ninguém além de você.Onde histórias criam vida. Descubra agora