Felicidade destruída.

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Os momentos de felicidade deveriam ser constantes, sobrepondo aos momentos tristes, mas a vida tinha disso; quando a felicidade vinha, a tristeza estava logo atrás para destruir os sonhos, machucar os corações e trazer desespero para aqueles que ansiavam ser felizes com suas escolhas. As coisas iriam fugir do controle das duas jades, sobretudo para a segunda.

Lan Wangji suportou treze anos de um luto ao qual nunca imaginou que o faria sofrer tanto. Ele só havia sofrido daquela forma quando perdeu seus pais. O restante de sua família estava ali. Seu irmão e seu tio. Família. Uma pequena palavra que trazia alento ao seu coração mas que ao mesmo tempo estava lhe machucando, afinal, fora por causa de seu tio que Wei Wuxian havia partido em busca de treinamento. Dois longos anos sem o homem que amava, dois longos anos dormindo sozinho, tendo apenas a escuridão da noite e a solidão como companhia. Ele já deveria estar acostumado com aqueles sentimentos tão solitários, mas como se acostuma com a solidão quando se conhece a alegria de se estar com quem se ama? Ele havia tido meses maravilhosos ao lado do Patriarca Yiling. Ele se descobriu, descobriu coisas novas, fez coisas novas ao lado dele; tudo envolvia ele. Era o mais paciente possível e suportava aquela distância como um verdadeiro mestre que já havia passado por aquilo por tanto tempo, embora naquela vez fosse diferente. Wei Wuxian estava vivo e voltaria o mais breve possível para seus braços. Confiava no marido, sabia do seu potencial e do seu amor por ele. Logo estariam juntos. Era tudo o que Lan Wangji pensava todos os dias, mas não esperava nunca em toda sua vida que tudo fosse mudar drasticamente e ele tivesse que fazer a escolha mais difícil de sua vida.

(...)

A felicidade poderia ser encarada de tantas formas. Simples, exageradas, por pequenas coisas adquiridas, por feitos que traziam um bem geral ao próximo ou descobrindo um amor, descobrindo que todo aquele sentimento é recíproco.

Lan Xichen estava radiante após todo aquele momento com Jiang Cheng. Ele o amava com tudo o que poderia amar e sabia que da maneira atrapalhada e confusa, era amado de volta. Ele não precisava dizer ou ouvir aquelas palavras para saber disso. A confusão do Jiang era suficiente para ele saber que o outro tinha os mesmos sentimentos consigo.

A separação veio calma, cheia de sorrisos e carinho, para os dois. Ao contrário do que a jade pensava, Jiang Cheng não o repeliu depois de ter sido beijado, pelo contrário. Ele ainda lhe deu tantos beijos depois que havia perdido a conta. Embora ele soubesse que aquilo era apenas o primeiro passo para o líder Jiang, Xichen estava confiante de que o outro daria uma chance aos dois. Ele estava muito melhor, aquela melancólia e tristeza tinham se dissipado. Ainda que sentisse saudades de WanYin, ele se permitira sentir apenas o prazer e a alegria do que havia vivido com Jiang Cheng.

Sua vida estava mudando; ele mesmo estava mudando. Tudo se encaminhava da melhor forma. Em muito tempo, ele se sentiu feliz como não se sentia a anos. Em sua mente, sabia que jamais esqueceria Jin GuangYao. Ele fora o seu primeiro amor e o primeiro fica gravado em nossas vidas, mas além de amor, ele havia sido um traídor. Xichen guardou todos aqueles sentimentos no canto mais distante de sua mente e coração. A partir dali, estava se iniciando um novo ciclo em sua vida, um ao qual ele era o cultivador mais forte que existia, era a excelência do mundo da cultivação e era amado por aquele ao qual à vida tinha verdadeiramente destinado para si.

Uma semana se passou desde a partida de Jiang Cheng. O cultivador chefe sentia saudades, mas uma saudade boa e isso lhe ajudava a desempenhar melhor o seu trabalho. Naquela hora ele estava calmo, relaxado e se permitindo tocar sua Xiao. Liebing sempre fora um bálsamo para Xichen. Não era apenas uma arma espiritual, era uma amiga, e as melodias que saíam dela, tocadas por ele também tinham a capacidade de acalmá-lo. Ele se perdeu entre a música, tocando uma canção alegre, a mesma que havia criado para seu irmão e cunhado. Aquela canção representava a felicidade do irmão, a euforia e espírito aventureiro do Patriarca; representava a união dos dois como um todo.

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