Empatia.

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INFORMATIVO: Gente, neste capítulo, os pensamentos do Wei estarão em negrito e as lembranças em itálico, para que não ocorra confusão da parte de vocês.

(....)

Para ser feito Empatia, era necessário um nível extremo de concentração. A mente  dos indivíduos devia estar livre de qualquer pensamento, deixando-o pronto para receber uma quantidade grande de informações. Qualquer erro e os praticantes da Empatia teriam sérios problemas. Por tal motivo, era necessário um supervisor. Song Lan estava sentado logo a frente dos dois. Wei Wuxian já era alguém acostumado a praticar Empatia. Havia feito isso com A-Qing, com a cabeça de Nie Mingjue e um dos fantasmas  no Templo Guanyin, mas naquela hora ele sabia que talvez essa Empatia fosse demais para si, afinal ele descobriria coisas sobre sua mãe; ele veria sua mãe. Quando entrou no processo, ele tomou uma respiração profunda e se preparou para a enxurrada de lembranças que receberia.

Ela era uma menina, levada e bagunceira. Corria pelos campos da montanha, brincava todo dia e quando chegava os momentos de aprender, ficava entediada. O treinamento lhe distraía e lhe despertava o interesse por poucos minutos. Os momentos em que ela mais gostava era quando estava aprendendo a usar a espada ou quando desenvolvia sua energia espiritual, seu núcleo. A menina cresceu e se tornou adolescente, mas sua personalidade não mudava; seu espírito livre e aventureiro continuava o mesmo.

— Cangse, onde está a anotação de sua última Caçada Noturna?  — Baoshan perguntou, expressão séria, mãos atrás das costas.

— Esqueci de fazer as anotações! Encontrei com o irmão FengMian nessa caçada. Depois eu faço.

— Depois você vai se lembrar de tudo o que fez? 

— Acho que não me lembro de nada do que fiz, Mestra. Só de ter encontrado o irmão Jiang. 

— Sua memória é péssima! Como você pode não lembrar o que fez na Caçada Noturna a dois dias atrás!? — Baoshan tinha certa impaciência na voz.

— Bem, eu prometo me esforçar para lembrar da próxima vez. — Cangse se curvou, em um pedido mudo de desculpas, embora não se sentisse arrependida.

O cenário mudou, mas ainda estavam no mesmo campo aberto, na mesma montanha. Wei Wuxian via sua mãe com uma espada em mãos, os trajes verde e brancos esvoaçando ao vento, os cabelos lisos e castanhos a balançar, os olhos brilhando conforme a luz do sol atingia o rosto dela. Wei Wuxian notou, havia puxado a cor dos olhos da mãe, aquele azul turquesa intenso. Sentiu o coração explodir em felicidade, admiração e amor. Também percebeu a semelhança física com ela. Os lábios, o formato do rosto, apenas seu nariz era diferente, então achou que este havia herdado do pai.

Na época em que Cangse era discípula de Baoshan, Wei notou que as regras não eram tão rígidas. Os discípulos tinham a permissão de sair da montanha e ele viu diversas vezes Baoshan observar sua mãe sair e ir cidade adentro. 

"Ela era uma mulher linda. Agora entendo porque Senhora Yu tinha tanto ciúmes; entendo porque papai ficava tão vidrado com ela."

— As palestras do Clã Lan começarão em breve. Cangse, você será enviada para Gusu para participar. Como os outros discípulos ainda são novos, irá sozinha.

— Terei mais aulas chatas! A Senhora vive dizendo que o Clã Lan é muito rígido.

— Você terá que se comportar, tente não quebrar as regras. Não quero ter problemas com Lan Yi. 

— Eu nunca causo problemas, sou a solução deles.

"Decididamente sou filho dessa mulher." Wei pensou. Ele também tinha aqueles pensamentos quando adolescente.

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