CAPÍTULO 20

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Eu nervosamente pego seu prato ainda cheio e levo para a cozinha. Vejo a pilha de vasilha suja e suspiro.
Eu jogo a comida na lixeira que já está quase explodindo de tão cheia. Terei que tirar o lixo também.

Enquanto lavo as vasilhas eu penso em algumas hipóteses. A pele da Ruby estava tão fria. Será que ela está doente?. Paro de pensar e começo a rir nervosamente.

Assim que eu pego o saco de lixo para fechá-lo eu vejo a comida que a Ruby se recusou a comer.
Desde que cheguei aqui, tenho brigado com a pequenina por causa de comida.
O comentário que a Sara fez sobre os Johnson me vem a mente. Eu devo admitir que tem alguma coisa misteriosa nisso.

"Vocês comem juntos... sério?" Me lembro da pergunta que a Sara havia me feito sábado a noite.

Eu nunca vi... eu tento conter a minha aflição e foco em tirar o lixo.

Eu caminho até as latas de lixo que ficam do lado de fora da mansão e jogo o saco que estou segurando com os outros que já estão lá. E se eu... procurar alguma coisa no lixo?

Eu não serei capaz de continuar morando aqui se eu estiver o tempo todo com dúvidas.

Eu fico na ponta dos pés e perco um tempão desfazendo os nós. Que pesadelo!

Nos primeiros sacos eu não achei nada muito suspeito. Mas o último está escondido atrás dos outros e eu não tinha visto antes.
Assim que eu me aproximo eu noto que o saco está todo sujo, e sai dele um cheiro muito nojento. Há moscas voando ao redor da tampa, o que simplesmente me desencoraja a abrí-lo.

__ O que eu estou fazendo! __ Digo me afastando do saco. Olho para cima e depois junto o fôlego e respiro fundo. Abro a tampa novamente e tento abrir o saco. Todos os sacos estão muito bem fechados. O cheiro está tão forte que parece que tem um animal morto aqui.

Fecho a lixeira novamente e respiro fundo, tentando não vomitar.

Depois de olhar uma última vez nos outros sacos de lixo, eu tenho que encarar os fatos: Tirando o saco de lixo que eu trouxe, não há outro rastro de comida! Não tem resto de comida aqui, em saco nenhum.

Eu volto para a mansão, esperando que ninguém tenha me visto.

Uma vez no meu quarto e com a porta trancada, por um momento eu fico sem ar e confusa.

O que eu vou fazer? Eu não posso continuar agindo como se não tivesse nada errado. Aquele saco que não consegui abrir pode ser a resposta de tudo. O saco pode estar lotado de comida fresca que já está em decomposição.

Eu devia ter dado ouvidos a Sara. Os Jonhson são bem peculiares. Mas, como ela sabe dessas coisas a respeito deles?

Eu decido ligar para ela. Eu disco seu número e fico escutando o telefone chamando, enquanto espero ela atender.
Infelizmente a ligação cai na caixa postal.

Depois do beep eu hesito e acabo desligando o telefone, frustrada por não ter com quem conversar.

Ando pelo meu quarto como um leão em uma gaiola. Que tipo de família eles são? Ou, o que eles são?

__ Para com essa palhaçada Jade! Você vai ficar maluca e vão te internar em um hospício! __ Falo caminhando pelo quarto desesperadamente.

Afasto esses pensamentos ruins para longe. Se eles forem realmente perigosos, eles provavelmente já teriam me cortado em pedacinhos e me enterrado no jardim. Certo?

De fato, há um segredo ao redor da família Johnson, mas também em toda Liberty City.
Todo mundo da Universidade parece ciente do que está acontecendo por aqui, com exceção de mim.

Todas as memórias dos últimos dias me voltam a mente.
Nenhuma vez eles tocaram sua comida na minha presença. Agora eu entendo melhor porque a Ruby fica tão mal humorada na hora das refeições.

Até que eu tenha mais informações, eu terei que ser mais cuidadosa. Eu vou fazer algumas pesquisas e talvez conversar com a Sara.

A aula de 'Mitos e Lendas' repentinamente me veem a mente, praticamente alguns trabalhos que o Dr. Clark comentou.
Não que eu ache que os Johnson sejam feiticeiros, aliens, canibais ou qualquer outra coisa...

Mas eu tenho que deixar algumas coisas bem claras, se eu quiser dormir bem daqui pra frente!

Começo a arrumar as minhas coisas para amanhã, mas sou interrompida por um barulho vindo do corredor. Imagino que o barulho tenha vindo da porta misteriosa, mas parece ter vindo do quarto do Thomas.

Tiro meu chinelo e destranco a porta do meu quarto lentamente. Saio na ponta dos pés e sigo em direção ao final do corredor. Escuto um barulho de vidro sendo quebrado e paro por um momento.

Pela primeira vez a porta do quarto do Thomas não está trancada. Desta vez está entre aberta. Me aproximo e tento vê alguma coisa pela greta, mas não vejo nada. Empurro um pouco a porta bem lentamente e me afasto para ele não perceber que eu estou espiando.
Estico meu pescoço e vejo alguns papéis e objetos no chão. Olho para o outro lado a procura do Thomas e o vejo pegando um objeto de decoração e atirando no chão. Sem querer eu tropeço batendo na porta e fazendo a mesma se abrir.

__ O que você está fazendo aqui? __ Pergunta ele em um tom bravo ao me vê.

__ Eu só... escutei um...

__ SAI DAQUI! SAI AGORA! __ Diz ele gritando e vindo em direção a porta e a fechando na minha cara.

Assustada eu fico parada por alguns segundos na entrada, penso em bater na porta, mas hesito. Dou meia volta e resolvo ir para o meu quarto.

O que será que deve ter acontecido? Será que ele brigou com algum irmão?

Isso não é problema meu. Tenho que focar nas minha coisas, só isso.

Eu vim para Liberty City com uma única missão: Concluir a minha faculdade.
Depois disso eu volto para NewCrest e retomo a minha vida antiga.

Depois de colocar a minha camiseta, eu me deito na cama, sem me sentir muito segura.
Eu tento esvaziar a minha mente, caso contrário eu não conseguirei dormir. Fácil falar, mas nada fácil de fazer...

TODA SUA HISTÓRIA (𝐶𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎)Onde histórias criam vida. Descubra agora