CAPÍTULO 38

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(Thomas Johnson na mídia)

Eu poderia ficar assim por horas, sentindo sua força e seu cheiro aconchegada em seus braços.

Eu toco seu peito com meus dedos trêmulos e não tento mais fugir do seu domínio.

Sorrindo ele se aproxima capturando meus lábios. A forma como ele se aconchega em meu pescoço enquanto me puxa mais para perto dele me pega desprevenida.

__ O que você fez comigo? __ Diz ele a centímetros dos meus lábios.

Eu passo minha mão nos seus cabelos castanhos e subitamente sou tomada por uma emoção desconhecida.

__ Eu não planejei isso... __ Digo.

__ Não planejou o que? __ Pergunta ele se afastando e olhando para mim.

__ Você...

Eu realmente não planejei isso. O meu único objetivo nesta cidade era estudar. E nem isso eu estou conseguindo.

Um sorriso afetado aparece em seus lábios enquanto ele gentilmente beija o canto dos meus lábios.

Subitamente eu fico com medo de voltar para a mansão e que tudo seja diferente. Ou pior... que tudo volte a ser como era antes.
Estou com medo que ele se distancie de mim novamente, e que ele negue o que existe entre nós.

Às vezes eu tenho a impressão de que seu olhar é capaz de ver minha alma. Como agora, nesse exato momento. Talvez seja esse o seu poder.

Eu escorrego minhas mãos em seu pescoço e me encosto ainda mais eu seu corpo. Ele me abraça ainda mais forte, e gentilmente encontra meus lábios com os seus.

Eu o beijo com uma paixão que nunca pensei ser capaz de sentir.

Ele se afasta de mim derrepente e toma distância.

__ O que você diria de um pouco de ação? Vem aqui, sobe nas minhas costas!

Atordoada eu o vejo virar de costa e passar minhas mãos ao redor do seu pescoço.

Tudo acontece tão rápido, que eu não tenho tempo nem de pensar. Thomas me coloca em suas costas e sai correndo quase que voando! Tudo ao nosso redor parece dançar.
Ele corre em uma velocidade de tirar o fôlego entre as árvores.

Ele evita todos os obstáculos com impressionante destreza. Eu me seguro nele com toda a minha força.

A cada segundo que passa, eu vejo o céu diante de mim. Eu até estico minha mão para tentar tocar as estrelas, quando derrepente o Thomas mergulha em uma queda livre.

O vento chicoteia meu rosto e sopra em meus cabelos e eu me sinto livre e viva.

Thomas se move para um canto mais iluminado, se afastando do coração da floresta e se aproximando da mansão.

Thomas vira uma colina de floresta, se afastando da mansão.

Uma voz ecooa ao longe, fazendo o Thomas parar.

É o Noah, chamando pelo Thomas. E ele parece estar nervoso.

Eu suspiro e entendo que está na hora de colocarmos um fim a essa extraordinária noite.

__ Nós temos que voltar. __ Diz ele me pondo no chão.

__ Vamos lá. __ Digo bastante chateada.

__ Jade... __ Diz ele sorrindo e depois escondendo o sorriso rapidamente.

Eu olho para ele surpresa de ouvi-lo dizer o meu nome. Estou tão acostumada com seus apelidos brincalhões que fico maravilhada com sua repentina seriedade.

Percebo que ele não disse nada e está meio incomodado. Ele olha em meus olhos e depois fixa seu olhar em meu pescoço.
Ele não pisca um segundo. Eu começo a ficar com medo, ele não caçou... será que....

__ Thomas... __ Digo assustada fazendo ele olhar para mim novamente.

__ O que é isto? __ Diz ele pegando o pingente que está pendurando em meu pescoço.

Com a velocidade que o Thomas correu, o cordão saltou para fora da minha jaqueta.

__ Ahh, é um artefato Inca. Dizem que afasta as más vibrações.

__ Vem, vou te levar para casa.

Agora eu sei que este artefato tem segredos...

Coloco o artefato dentro da blusa novamente e me aproximo do Thomas, ele me segura em suas costas novamente e corre como um vento.

Em questão de minutos nós alcançamos o Noah e o Isaac. O Isaac me dá um sorriso que mostra que ele sabe o que está acontecendo, me deixando um pouco menos tensa.
Noah parece tenso, eu até suspeito que ele suspeita de nós.

Eu estou esperando uma bronca daquelas. Mas eu sou mais esperta, sorrio gentilmente para eles e me viro, andando em direção a mansão. Thomas me deixou na entrada da floresta.

Olho para trás e não vejo mais nenhum deles. Subo a escada correndo.

Adentro os corredores e fico parada na minha porta sem saber o que pensar. Eu suspiro e entro no meu quarto fechando a porta atrás de mim.

Olho para o relógio e já são quase quatro da madrugada. Eu preciso acordar às seis. Eu não vou conseguir, vou me atrasar e vou levar mais uma advertência.

Resolvo não dormir hoje. Se eu dormir eu vou perder o horário e acordar indisposta amanhã.

Pego meus livros de literatura e resolvo ler para esfriar a mente.

Escolho o clássico Lolita, escrito por Vladimir Nabokov. Um dos livros mais importantes do século XX.

Ele conta a história de um amor obsessivo de Humbert, um cínico intelectual de meia idade, por Lolita, uma garota de doze anos. 

Eu não gosto de livros desse tipo, mas a minha faculdade requer lê esses livros para os debates.

Depois de alguns minutos eu olho para o relógio e já são 4:53 da manhã.

Às horas não passam, caio sobre a cama querendo gritar.

Pego minha mochila e pego alguns manuscritos e rascunhos antigos. Pego alguns livros velhos que estão caindo ao pedaços, como Odisseia e Os Lusiadas.
Livros antigos mas com histórias imperdíveis.

Começo a fazer algumas anotações aleatórias sobre personagens e fatos que ocorreram na história.

O artefato Inca me vêem em mente. Lembro das expressões que a Scarlet e o Thomas fizeram quando viram ele. Resolvo pesquisar alguma coisa sobre ele.
Pego meu celular e pesquiso alguns artefatos antigos. Não encontro nenhum parecido com o meu. Procuro os artefatos usados em rituais, mas a maioria que aparece são potes, vasilhas, macacos e algumas esculturas de deuses antigos da mitologia.

Desisto de procurar e volto a leitura.

Penso por um segundo em ir até a casa da Lucie amanhã de tarde. Talvez ela saiba a história desse artefato e a quem pertenceu antes dela.

Deito na cama para ficar mais confortável e acabo pegando no sono.

TODA SUA HISTÓRIA (𝐶𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎)Onde histórias criam vida. Descubra agora