capítulo 06

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Sofia 🌌💜

Fiquei beijando o Paulinho por um tempo ali no beco, mas logo eu pedi pra ir pra casa porque era duas horas da manhã, abrir a porta no maior silêncio mas meu pai tava sentado na sala, cara de macaco bravo.

Perigo: Tu é surda ou se faz, Sofia? - Revirei os olhos, trancando a porta.

Sofia: Pai, nem começa! Eu tenho 22 anos, você sabe com quem eu fui, sabe onde eu estava e sabe que eu não ia fazer nada de errado, nada que não posso.- Falei, indo pras escadas.

Perigo: Porra Sofia, vai me dar dor de cabeça essas horas? - Respirou fundo.

Sofia: Você que tá me dando, papai.- Fiz bico.- Você sabe que eu só não fui morar sozinha ainda porque você me pediu pra ficar com você aqui, mas eu já sou grandinha.

Perigo: Vou te bater.- Olhei pra ele que sorriu, passando a mão no rosto.

Sofia: Tá pensando no que? Brigou com a mãe? Ela tava meio chatinha hoje mais cedo.- Esfreguei o nariz e fui me sentar ao lado dele.

Perigo: Mulher é complicado.- Beijou minha testa e eu deitei no colo dele.

Sofia: Eu vi a Barbie hoje, você nunca nem me contou que eu gostava dela, nem quem era ela.- Ele riu.

Perigo: Doida né? Usuária de crack e tudo tipo de droga possível.- Eu neguei rindo e a gente escutou o barulho da escada e era o Lucas saindo da cozinha, ele tava arrumado e muito cheiroso com uma cara não muito boa de noiado, ele coçou a cabeça e olhou pra gente.- Tava aonde?

Lucas: No quarto fumando, pô.- Apontou pras escadas e eu ri, pegando minha trança e colocando toda pra trás.

Perigo: Tava aonde Lucas, qual foi? - Perguntou de novo.

Lucas: Fui numa resenha com os meninos, a gente tava marolando lá no pico.- Fez cara feia e eu olhei pra ele.

Perigo: E tu entrou por onde?

Lucas: Escalando o muro de fora né, deixei a janela da cozinha aberta ali.- Eu ri.

Perigo: Entra pela porta, ô malucão. E me avisa quando sair, porra! Desde quando virou bagunça? - Ele concordou com a cabeça.- E amanhã, te quero na escola sem falta.

Lucas: Nem fudendo.- Se jogou no outro sofá.

Perigo: Se abrir óbvio de novo, eu que vou te levar amanhã pra escola, ainda vou te deixar na porta da sala.- Apontou se levantando.- Se liga aí, não é pra sair não, nem um, nem outro.

Eu balancei a cabeça deitando no sofá e tudo ficou em silêncio após meu pai subir as escadas, comecei a brincar com minhas tranças e olhei pro Lucas, que tava todo lombrado olhando pro nada, de boca aberta.

Sofia: Tu usou o que? - Falei baixo, vendo ele balançar a cabeça e me olhar.

Lucas: Maconha, já falei.- Eu ri.

Sofia: Eu também uso droga, Lucas! Tá mais pra balinha isso aí.- Ele me olhou de cara feia.

Lucas: Tá saindo da linha de perfeita dos coroas? Pai não gosta disso não.- Falou debochado.

Sofia: Nunca fui perfeita e nem paguei, qual é? Você nunca nem se quer quis se aproximar de mim e me conhecer. Te mimei demais quando criança, ficou adolescente e nem olhava mais na minha cara, ingrato! - Ele riu, era uma das primeiras vezes que eu via aquilo, sinceramente.

Lucas: Escutei uma conversa dos pais, se eu não podia te contar o que eu ouvi...- A frase dele foi interrompida por gritos do quarto dos nossos pais.

Júlia: Eu tô cansada de esconder, cansada de mentir pra menina. Não dá mais pra pagar de cínico, caralho.- O grito dela foi tão alto que eu fiquei sem reação, o Lucas levantou e balançou a cabeça pra mim, subindo as escadas devagar.

Perigo: Não tem pra que voltar nessa história agora, já faz quase 25 anos.- Falou mais calmo e eu encostei na porta com o Lucas.

Júlia: Você acha certo mentir pra ela? Ela ama você, mas sabe o quanto ela vai te odiar quando descobrir? - Falou muito baixo, eu logo percebi que estavam falando de mim e fiquei atenta.

Lucas: Qual foi, bora pro quarto.- Segurou minha mão, me puxando e eu neguei.

Perigo: E por que tu nunca contou? Tu sabe da história tanto quando eu, Júlia.- Escutei um barulho de choro é o Lucas me olhou.

Júlia: Porque você que cresceu com ela ao seu lado, eu entrei na vida da Júlia quando ela tinha seis anos, você ficou com ela desde o primeiro ano, você que tem que contar! - Eu fiquei imóvel ali, não acreditei em uma palavra.

Perigo: Me escuta, tu acha que ela vai gostar de saber que não é nossa filha? - Olhei pro Lucas, que desviou o olhar.- Não Júlia, não vai! Eu amo a Sofia aqui, comigo, eu não vou fazer nada que separe ela de mim.

Eu não acreditei que tinha ouvido aquilo, me afastei e fui em direção a escada, desci dali e sai de casa o mais rápido que eu consegui, mas assim que eu abrir a porta de casa, escutei o barulho de tiro lá fora, encostei no portão e os meninos que ficavam na segurança da casa entraram na minha frente, me impedindo de sair enquanto eu sentia uma vontade imensa de chorar e correr dali.

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