cap. 2 | ken

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Ken

Meu despertador toca as cinco e meia da manhã, como sempre acontece, de segunda a sexta. Me levanto de uma só vez, para não correr o risco de ficar na cama, e vou direto para o banheiro me trocar. Depois de escovar os dentes e lavar o rosto, coloco meu moletom e uma bermudinha folgada, calço meu tênis e vou direto para o ginásio malhar.

Quando chego, vou até a área da cozinha e preparo meus suplementos. Whey Protein e Creatina. Depois preparo um shake de frutas e proteínas, que consumo ao lado de torradas integrais. Desjejum realizado, hora do treino! Hoje é dia de malhar as pernas, então pego pesado nos agachamentos. Ninguém usa a academia nesse horário, o que me deixa à vontade com os aparelhos. Aproximadamente uma hora depois, está tudo finalizado.

Volto para o quarto suado, mas o clima ainda é frio por não ser nem sete horas. Tomo uma ducha rápida e visto meu uniforme. Camisa social branca com os primeiros botões abertos. Blazer por cima, sem fechar. Calças que estão cada vez mais justas. Tênis novinho em folha, já que sempre desgasto os meus muito depressa. Penteio meus cabelos louros propositalmente desordenados, para que fiquem daquele jeitinho que todo mundo fica babando.

Quando chego no colégio, todo mundo me cumprimenta pelos corredores. Dou um alô para os interessantes, os fracassados deixo no vácuo. Pego meu livro de Aritmética no armário e vou direto para a sala.

– Olha as pernas do cara. Tá trincado, hein. – Filipo me cumprimenta.

Me sento ao lado dele, depois mando um beijinho para Glamour e Brenda na carteira logo atrás.

– Quando vai deixar de ser frutinha e começar a malhar comigo de manhã?

– Pra que? Já deu uma olhada no meu corpo? Olha só esses músculos! – Filipo mostra seu muque direito.

– Retardado. – Dou risada.

Percebo quando o aluno novo entra na sala. Ele passa direto, com as mãos dentro do bolso, e se senta nos fundos. Sozinho, como no primeiro dia. Coitado! Eu até sentiria pena, mas alguma coisa me faz não ir com a cara desse asiático metido.

Preciso aguentar as próximas duas aulas de aritmética com atenção. Depois que me formar no colégio, pretendo cursar a melhor faculdade de Administração e ingressar na carreira empresarial, junto aos meus pais. Eles mantêm o alto nível da família como investidores das melhores empresas que você puder imaginar. Do país e do exterior. Cálculos não são bem a minha praia, mas eu tinha certeza que conseguia dar conta.

No intervalo para o almoço, meus amigos pedem o cardápio do dia, mas eu estou exclusivo a minha dieta de treino físico. Nos sentamos na mesma mesa de sempre. Ela é feita para seis pessoas, mas jamais passou de quatro cadeiras.

– O que acharam do aluno novo? – Brenda pergunta.

Glamour está tirando uma selfie da comida, enquanto eu dou ligeiras garfadas no meu frango. Filipo responde de boca cheia:

– Soube que ele tem duas mães. Será que é gay também?

– Por que não dá encima dele e tenta descobrir? – Glamour dá risada.

– Tô fora! – Filipo responde.

Consigo ver o novato daqui. Está sentado a duas mesas de nós, mas dessa vez não está sozinho. Um dos bolsistas mais entojados está conversando com ele. É um tal de Hugo, que faz de tudo para se enturmar com os alunos ricos.

– Na verdade acho que ele agrega para o colégio. – Glamour fala. – As mães dele são dentistas. Cirurgiãs. Parece que elas têm uma linha de consultórios no país. Além de toda a representatividade que ele traz, tendo mães lésbicas e sendo originalmente da Ásia. E ele é bem bonito.

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