cap. 29 | mio

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Mio

Glamour Angel Evans. Como é que eu posso começar a explicar Glamour Angel Evans? (e sim, esse parágrafo é uma clara referência a "Meninas Malvadas") Bem, ela é a rainha. A academia é seu palácio. Nós, os estudantes, seus criados. Mas não julguem vossa majestade apenas por sua beleza. Ela possui um cérebro, e bem inteligente, por sinal. Ela o usa para decretar suas ordens reais. Nos dividir em classes e subclasses. Não queira ser mais do que um criado, guarda, ou dama de companhia. A rainha Glamour decepa cabeças quando está entediada. Nunca a compare com uma Regina George, porque esse título não a pertence. Eu sou a Regina George. Sou eu quem anotei o nome dela no meu livro do arraso, e a tinta dessa caneta não apagava. E também sou eu, quem vai empurrá-la na frente de um ônibus, nesse exato momento.

Estamos no auditório da academia, e quando eu digo "estamos", me refiro a todos os alunos que estudam aqui. A semana de provas finalmente havia acabado. No próximo sábado, já poderíamos voltar para nossas casas, e aproveitar as famigeradas férias de julho. Estou sentado perto de Enzo, Vênus e Lulu, a esquerda do aglomerado de estudantes. A nossa frente,tem um palco. Todos os professores, incluindo meu favorito, Carlos Vidal, já estão acomodados em suas cadeiras. No centro desse palco, todos podem ver a diretora, frente a um microfone. Atrás dela, bem acima de todos nós, uma grande tela.

– Bem-vindos, professores e alunos. – A diretora cumprimenta. – O que estamos prestes a viver aqui, é uma tradição honrosa da academia ALFA. Se você não é um aluno do primeiro ano, com certeza já possui conhecimento. Somos gratos pela educação que conseguimos proporcionar, sendo assim, também somos gratos a vocês. O evento de hoje, não é nada mais do que uma premiação, para os alunos que se destacaram durante o ano. – Ela tenta um sorriso, mesmo sendo séria, na maior parte do tempo. – Podemos começar?

A recepção da plateia não é tão calorosa. Na verdade, os alunos parecem bem entediados. Algo me dizia que essa reação não iria durar por muito tempo.

– Tudo bem. – A diretora dá de ombros. – Podem rodar o vídeo.

A grande tela se acende, bem acima das nossas cabeças. Provavelmente, devíamos estar assistindo algum tipo de relatório estudantil, mas a imagem é um pouquinho diferente. Lá estão, o professor Carlos Vidal, e sua aluna Glamour, fazendo safadezas em cima de uma mesa, na biblioteca. Todos os estudantes estão de olhos arregalados, assim como a diretora e os professores. Um deles em questão, o "astro", parece que vai ter um ataque cardíaco. Viro meu rosto para a direita. Consigo ver Glamour daqui. A pobrezinha nem consegue se mexer. Acho que entrou em estado de choque.

– Jesus Cristo! – Vênus comenta, em um tom que as pessoas ao nosso lado conseguem ouvir. – Quem teria coragem de filmar esse tipo de coisa e ainda trazer ao público?

– Não faço ideia. – Respondo, no mesmo tom. – Coitadinha dela...

As exclamações de espanto começam a se converter em risadas. O barulho realmente toma uma grande proporção. No centro do palco, a diretora parece ter um surto.

– Você é muito bom em ser mal. – Vênus sussurra, contra meu ouvido. – Eu quero morrer sua amiga.

Dou risada, mas ela dura pouco tempo. Enzo, que está sentado na fileira da minha frente, olha diretamente para a minha cara. Não há nada dentro de seus olhos, a não ser decepção.

Ok. Não havia mais nada para fazer ali. Me levanto, em meio a todo aquele caos, e saio do auditório. A caminhada até o meu armário é bem tranquila, já que os corredores estavam vazios. Abro a porta azul metálica. Retiro um pen drive, que eu havia usurpado mais cedo, da diretoria. Não faço ideia do que havia ali dentro, mas aposto que o fato de eu ter ganhado uma bolsa para Princeton estava incluído, já que era aquilo que devíamos estar assistindo no auditório. Deixo o pequeno objeto cair no chão, depois o quebro de uma só vez, com uma pisada. Jogo os restos tecnológicos na lixeira.

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