Ken
O quarto de Mio fica no terceiro andar, ou seja, somente um piso abaixo do meu. Mando uma mensagem para meu pai falando que fiquei preso no ginásio e vou demorar alguns minutos. Tudo isso sabendo que ele está logo abaixo de mim. Sim, estou entrando no quarto do asiático metido, mas simplesmente porque não tenho outra escolha.
Mio entra primeiro. Eu vou logo em seguida. Parece errado estar ali de alguma maneira. Eu sempre soube que era perigoso entrar em "território inimigo". O quarto dele é bastante comum. Provavelmente ainda não deu tempo de customizar. Os lençóis da cama estão desarrumados. Livros podem ser vistos espalhados pelo carpete e embaralhados encima da escrivaninha. Uma quantidade incômoda de roupas foi pendurada onde claramente não devia.
– Que bagunça! – Entrego.
Mio revira os olhos. Era um dos hábitos mais irritantes que ele possuía.
– E de nada por salvar a sua pele. – Ele comenta.
– Você tá louco se acha que vou te agradecer. – Dou uma risada sarcástica. – Você me deve isso por eu ter tido compaixão e deixado você dormir no meu quarto aquela noite.
– Que seja. – Ele dá de ombros. – Pode usar o banheiro. Vou separar uma roupa para você.
Não falo mais nada. Apenas sigo para o banheiro e fecho a porta. Quando começo a me despir, percebo o quão estranho é toda essa situação. Ligo o chuveiro, deixando com que a água quente lave todo o odor da maconha. Eu não queria que meu pai desconfiasse, então me limpo o melhor que consigo. Até uso o shampoo chinfrim de Mio para não correr o risco de o cheiro ficar nos meus cabelos. Depois de longos minutos, estou pronto. Não vou gritar para que Mio me traga uma toalha (por mais que isso parecesse divertido). Acabo optando por usar a dele mesmo que está pendurada sobre o box. Ela é branca e macia. Exala o mesmo cheiro doce que o dono insuportável.
Volto para o quarto com o cabelo bagunçado. Meu peitoral totalmente exposto. Mio arregala os olhos ao descobrir que sua toalha está em contato direto contra o meu pau. Perfeitamente enrolada na minha cintura.
– Precisava disso? – Ele soa irritado. – Agora eu vou ter que queimar isso aí!
– Eu também usei seu shampoo. – Me divirto. – Aliás, é bem ruinzinho.
Percebo uma nova peça de roupas sobre a cama. Poderia facilmente fazer parte da bagunça de Mio, mas o fato de estarem dobradas, revelam que não. Aponto para elas.
– Isso é para mim? – Provoco.
Mio ainda me olha irritado. Acho graça, porque ele merecia que eu fizesse bem pior. Quando alcanço a roupa, descubro que se trata de uma camisa comum. Também tem um desses shorts soltinhos com estampa de coqueiros. Bem abaixo de tudo, uma cueca vermelha.
– Se veste no banheiro. – Ele manda.
Sorrio ao mesmo tempo em que solto a toalha da cintura. Mio tem um bom instinto, porque se vira rapidamente soltando um baita palavrão.
– Vou me vestir aqui mesmo, caso não se importe. – Começo a passar a cueca pelas pernas.
– Você é um otário, sabia? – Ele reclama, ainda de costas.
Provavelmente Mio usa um número a menos do que eu, porque suas roupas ficam quase na medida certa. Apenas a bermuda aperta um pouco na minha bunda e expõe mais das coxas do que devia, mas isso era por conta da academia. Quando termino de me vestir, ele finalmente se vira.
– Ótimo. Já pode sair. – Ele fala.
– Calma aí. Já estou usando essa sua roupa cafona, pelo menos o cabelo eu preciso salvar para compensar.
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Perfeitos [✓]
Romance[Romance Gay] Mio não sente vontade alguma de fazer faculdade quando se formar, mas suas duas mães de criação querem o melhor dos futuros para o filho. Duplamente pressionado, o adolescente ingressa na Academia ALFA, conhecida como o melhor colégio...