cap. 18 | ken

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Ken

Acho que sair falando coisas para alguém quando você está alcoolizado não é muito legal. Como eu havia feito essa descoberta? Na minha última conversa com Mio. Era um fato de que o álcool deixava qualquer um mais sincero. Comigo não foi diferente. Eu sabia que havia falado algumas merdas, mas na real, nem me lembrava direito. O lado positivo é que não preciso mais me preocupar com isso, já que Mio não queria me ver nem pintado. Passo as semanas seguintes apenas me dedicando aos estudos. As provas finais começavam essa semana e eu definitivamente não queria me sair mal de novo. Talvez eu devesse arrumar um novo amigo asiático para me dar aulas particulares. No geral, podem até não ter o pau pequeno, mas aposto que os rumores de que são todos inteligentes é verdadeiro.

Tento controlar meu nervosismo na segunda, para as primeiras provas, mas confesso que é difícil ao ver Mio sendo adorado como o mais novo deus da academia ALFA. Eu não conseguia entender. Mesmo depois de todas as coisas ruins que eu fiz para ele, seu status continuava subindo. Foda-se! Preciso tirar todos aqueles pensamentos da minha cabeça e mandar ver nas primeiras provas. E é o que eu faço. No final da aula me sinto um degrau acima da minha meta. Só faltavam mais quatro.

– Olha só para ele... – Filipo comenta enquanto guardamos nossos materiais. Está olhando diretamente para Mio, que conversa com um grupo de alunos na porta de sala. – Tá se achando o todo poderoso.

Também reparo na cena, mas não vejo daquela forma. Na verdade, Mio parece o mesmo desinteressado de sempre. Só que agora com amigos.

– Pelo jeito o ano vai acabar com o Mio em primeiro lugar. – Brenda dá de ombros.

Percebo o olhar de Glamour se tornar sombrio ao ouvir aquilo, mas logo ela está sorrindo novamente. Parece analisar a sala como uma águia predadora de serpentes. Por fim, seus olhos brilham ao avistar Hugo, que está prestes a sair pela porta.

– Hugo! – Ela se adianta, antes que ele se vá. Está toda sorrisos.

– Falou comigo? – Hugo aponta para si mesmo, de olhos arregalados.

– Claro, lindinho. – Ela se aproxima ainda mais.

– Nossa! – Hugo abre um sorriso. – Acho que é a segunda vez desde o ano passado que você me dirige a palavra.

– Eu andei reparando em você, sabia? – Glamour leva uma das mãos até a gravata de Hugo e começa a ajeitá-la no colarinho. O rosto dele fica automaticamente ruborizado. – Só que eu não tinha coragem de te falar. Você sabe que eu sou tímida.

– Reparando em mim? É sério? – Ele fica desconcertado.

Filipo e Brenda estreitam a visão para aquela cena inimaginável. Eu nem me dou o trabalho. Conhecia Glamour muito bem para saber que aquilo não passava de mais um joguinho. Não fico surpreso quando ela se aproxima ainda mais de Hugo. Seus corpos estão quase colados.

– Acho que você já sabe que o Mio resolveu sair do nosso grupo. – Ela finge estar triste, mas por algum motivo sua voz continua sensual. – Ou seja, uma vaga ainda está em aberto. Então eu andei pensando... – Ela para de falar de repente, como se ficasse constrangida. – Não. Esquece. Eu não devia te incomodar com isso...

– Não! Fala! – Hugo parece fascinado.

– Acho que você poderia ocupar essa vaga. – Glamour fala de uma vez, sem rodeios.

Hugo não parece acreditar no que ela disse. Está completamente embasbacado.

– Espera... Você tá sugerindo que eu me torne um de vocês? Sério? Você não tá tirando uma com a minha cara, né?

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