Capítulo 29

160 3 0
                                    

XXX Início de ligação XXX
— Lúcia: Já resolveu?
— Roberta: Mãe, eu não quero sair.
— Lúcia: Roberta, você quer me fuder, minha filha?!? Seu pai vai arrancar meu couro na audiência!
— Roberta: E como que ele vai saber, mãe?!? A única pessoa que conta as paradas que eu faço no morro é você mesma! Aliás, ninguém do morro conhece meu pai e vice-versa! Ninguém, no caso, morador, porque os moleques tudo conhecem ele.
— Lúcia: É só teu pai parar com o carro no domingo de noite na porta de casa que as vizinhas pescoçuda sai de dentro de casa pra olhar oque que tá acontecendo, não se faz de inocente!
— Roberta: Mãe, não vai acontecer nada! Confia em mim uma vez na vida, poxa! — Pedi toda dramática
— Lúcia: Você sabe os perigos que isso traz pra sua vida, né? — Perguntou após respirar fundo
— Roberta: Sei. Mas se tiver muito foda, eu mesma saio. Tu sabe que eu não sofro calada!
— Lúcia: Tá. Tchau.
XXX Fim de ligação XXX
Ela desligou e eu coloquei o celular no bolso do short, confusa.
— Roberta: Ela deixou? — Perguntei pra mim mesma, olhando pra qualquer coisa
— Lays: Deixou você entrar pra boca?!? Eu não acredito! O mundo tá perdido! Caralho! Eu vou matar a tia! — Disse e apoiou a testa nas mãos
— Roberta: Você não vai contar pro meu pai, né? — Perguntei dessa vez pra Lays, rindo
— Lays: Eu entrego teus podres pra alguém? — Perguntou me olhando feio
— Roberta: Te amo! — Disse ainda rindo, abraçando a Lays de lado
— Lays: Roberta, eu vim falar contigo pessoalmente porque eu não ia aguentar falar por mensagem! Papo reto, me ajudaaaa! — Disse depois que eu soltei-a
— Roberta: Com o Cobra? — Ela assentiu com a cabeça — Fica com ele, carai! Cês só vivem juntas, cês já ficaram um monte de vez, cês sentem algo um pelo outro, que tá na cara..., então qual o problema?
— Lays: Eu vou pro Jacarezinho se ele me botar... Eu não respondi um "sim" ou um "não" de certeza pra ele quando ele perguntou oque eu achava da ideia dele me botar de fiel.
— Roberta: Ah, não — Disse com voz forçada de choro — Você não pode me abandonar! — Disse abraçando-a de novo
— Lays: Eu não vou abandonar você! — Disse rindo, me abraçando também — O Cobra só vive aqui no Alemão, tu mermo tá ligada nisso. Se eu for pro Jacarezinho, vai ser daqui a seis meses, no final do ano, né? Ou então no começo do próximo ano. E você vai ficar com a Alícia — Ela separou-nos do abraço, mas continuou segurando meu pulso de leve — Também vai ter a Jhennyffer, a Larissa, a Patrícia... — Disse ironicamente
— Roberta: As três últimas são umas ótimas companhias — Disse ironicamente
— Lays: Tu diz isso no deboche, mas no fundo, tu tá ligada que elas são! — Disse rindo

— Roberta: Verdade, não posso negar! — Disse rindo junto com ela — E aí, vai pro Jacarezinho ou não?
— Lays: Pensei que você não quisesse que eu fosse...!
— Roberta: Não quero, mas quero ver minha miga feliz — Disse sorrindo, toda fofa
— Lays: Não sei. Depende de como o Cobra vai me tratar daqui até o final do ano. Vou dar a desculpa que eu não posso responder agora porque eu tô no colégio.
— Roberta: Colégio e mãe são as melhores desculpas quando não queremos fazer algo!
Nóis foi dar um rolê pelo morro, mas fomos interrompidas pelo assunto que estávamos falando: Cobra. Nós encontramos a Alícia na lan house com os moleques, então eu continuei meu rolê com a Alícia.
— Alícia: Ouvi uns papos que o Neguinho tava com ciúmes de tu com os moleque.
— Roberta: Ciúmes de mim? Logo de mim, que tô melhor que puta? — Fiz a segunda pergunta em tom irônico
— Alícia: Credo, Robertinha, tu mermo se auto-nomeia dessas paradas!
— Roberta: Que nada, foi o Geré que disse isso ontem! — Disse rindo — Mas continua aí. Tu ouviu mais o quê?
— Alícia: Só isso. Eu tava passando na rua e os caras estavam falando que o Neguinho fica boladão de ciúme quando te vê com outro moleque.
— Roberta: Eu já me liguei nisso. Hoje mesmo, quando eu fui lá na central por causa do b.o que vou te contar já, já, eu sentei no colo do Geré e o Neguinho me olhou feião. Não é a primeira vez que ele me olha feião porque tô com algum moleque.
— Alícia: Será que ele tá gostando de tu de outro jeito?
— Roberta: Impossível! — Respondi rindo — Desde que eu dei pra ele no ano passado, se a gente tromba dez vezes na rua, em oito vezes ele fala que tá com saudade da minha buceta! Como que o cara tá gostando de mim e só tem saudade da minha buceta?!?
— Alícia: Quem sabe ele não consegue dar o papo diretamente...
— Roberta: Minha buceta é meu coração agora, só se for!
— Alícia: Do jeito que tu tá dando pra geral por aí...! — Disse rindo
— Roberta: Temos que agir com o coração, e meu coração pede pra eu liberar a xota pra quem eu tenho interesse, tá?!?
— Alícia: Eu amo tu e tua sinceridade, Robertinha! — Disse rindo mais ainda
— Roberta: O papo aqui não faz curva, querida! — Disse rindo junto com ela
O papo não faz curva, mas a Alícia e eu fazemos, e quando dobramos a esquina da viela pra irmos pra sorveteria/loja de açaí, encontramos o Neguinho e a Jhennyffer. Eles estavam de costas pra nós, conversando altas paradas, então eu puxei a Alícia pelo pulso e ficamos antes da "dobrada" da rua escutando o papo. Mó ideia errada isso que eu fiz, mas minha curiosidade falou mais alto. Ela sempre fala, na verdade!

— Jhennyffer: Aquela vagabunda da Roberta é chave de cadeia, papo reto pá tu, irmão! Eu posso ser piranha, mas aquela ali é dez vez mais que eu! Tu toma cuidado pra tu num pegar uma doença na tua rola fudendo com aquela ali!
— Neguinho: Onde que eu tô falando de fuder, caralho?!? Tô falando que eu tô gamadinho na Robertinha, e não é só por buceta, não, que buceta tem mil por aí, mas eu quero é a dela! Tu toma conta da tua vida que eu tomo conta da minha, rapá! Aliás, tu não mete o nariz onde tu não é chamada de novo, não, porque se eu souber que tu tá de fofoquinha com meu nome por aí, eu passo o dedo em tu!
— Jhennyffer: "Fofoquinha"? Onde que é fofoquinha, seu mané?!? Tu acabou de dar o papo que tu é gamadinho naquela arrombada!
Ai que eu não me controlei! Dobrei a esquina com a mão aberta e acertei em cheio na cabeça da Jhennyffer; fechei a mão, segurando seu cabelo com força, e com a outra mão enchi a cara dela de tapa enquanto dava várias joelhadas em sua barriga. Não demorou muito pra ela ficar mole e eu a soltei, e ela caiu no chão. Não parei de bater nela; dei vários chutes em sua barriga e em seu rosto, até que o Neguinho me segurou.
— Roberta: ME SOLTA, SEU FILHO DUMA PUTA! TU TAVA DE CONVERSINHA COM ESSA VADIA MAMADA E AINDA VEM ME SEGURAR?!? — Gritei arranhando e encravando minhas unhas em seu braço
— Neguinho: A MINA TÁ DESMAIADA, ROBERTA!
— Roberta: TÁ DESMAIADA O CARALHO! E EU TÔ NEM AÍ PRA ELA! EU QUERO QUE ELA MORRA; ISSO SE EU MERMO NÃO PASSAR ELA! ESSA TALARICA ACHA QUE É QUEM PRA ME CHAMAR DE VAGABUNDA?!? VAGABUNDA É A MÃE DELA!
Eu esperniei e fiz tanto corpo mole que o Neguinho acabou me soltando, mas quem me segurou foi o Geré. Além dele, tava o TT, o Marinho, o Dudé e o Frajola, seus seguranças. O Neguinho também é segurança dele.
— Geré: PIROU, PORRA?!? ACHA QUE AQUI TÁ BAGUNÇADO?!? TÁ BAGUNÇADO, NÃO, CARALHO! ISSO AQUI TEM DONO E ELE NÃO TÁ MORTO, NÃO! QUER PAGAR DE DOIDA TODO DIA AGORA?!? — Gritou me segurando por trás, depois que deu um tapa na minha cara
— Roberta: Essa piranha tava falando merda de mim por trás! Geral tá ciente no que eu faço quando vejo vagabunda falando mal de mim por trás!
— Jhennyffer: Patrão chegou; num mesmo instante ela fica quietinha...! — Disse debochada, levantando do chão com dificuldade
— Roberta: CALA BOCA, GAROTA! EU TE QUEBRO NA FRENTE DELE! — Gritei tentando chutá-la, mas o Geré tava me segurando com força
— Geré: Quer falar mal da mina, fala na cara dela, porra! Tem coragem, não?!? Tu num paga de fodona pra geral?!?, por que num peita ela?!? — Disse pra Jhennyffer

A Jhennyffer não respondeu nem a mim nem a ele e veio tentar me cuspir, mas o Neguinho deu uma pezada em sua barriga que ela caiu no chão de novo.
— Geré: Fica na tua, porra! Faz o teu! Tenho mais oque fazer do que resolver b.o de cachorra! — Disse pra Jhennyfer — O mermo serve pra tu — Disse pra mim, apertando meu braço com muita força mesmo — Rala! — Mandou quando percebeu que eu não tava aguentando mais
— Roberta: Vem, Lia — Disse puxando a mão da mesma
Continuamos nosso caminho pra sorveteria. Meu braço tava vermelho pra caralho, sem falar do meu rosto ardendo com o tapa do Geré.
— Roberta: Queria ser calma como tu.
— Alícia: Eu não sou calma, eu só fico sem reação na hora mesmo, mas quando eu explodo, tu tá ligada...!
— Roberta: É, eu lembro do cacete que tu deu na Elisa!
A gente riu. Chegando na sorveteria, pedimos uma tigela de açaí para cada uma de nós e sentamos numa mesa do lado de fora. Enquanto comíamos, falamos do povo. Não tem assunto melhor, e nunca acaba! No meu rosto eu tinha colocado um pano cheio de pedra de gelo para diminuir a marca do tapa. Quando terminamos de comer, a Alícia foi fazer uma parada no asfalto e eu fui pra casa. Tomei banho e fiquei só de calcinha e sutiã, já que não ia sair e tava um calor do caralho. Fiquei jogada na cama, deitada, conversando com meus friends pelo celular e fuçando a vida das piranhas pelo facebook.
— Neguinho: Eita, porra, Robertinha... — Disse debruçado na janela do meu quarto, fitando meu corpo
Privacidade é uma parada que não existe na minha vida.
— Roberta: Rala da minha janela — Disse seca
— Neguinho: Quero trocar uma ideia contigo.
— Roberta: Fala aí — Disse após largar o celular, sentando na cama
— Neguinho: Abre a porta pra eu entrar, porra!
— Roberta: Entra, tá aberta — Disse uns segundos depois, após suspirar

Índiazinha do Alemão - Pré História ✧ Donde viven las historias. Descúbrelo ahora