Índiazinha do Alemão - Pré História ✧

Capítulo 36

— Lúcia: Então passa pra ele, que se eu quisesse falar contigo, eu ligava pra tu!
— Vanessa: Só um momento que tô indo passar pra ele. Educação ainda se usa, tá, querida?!?
— Lúcia: É, se usa, sim, mas eu decido com quem quero usar! E ainda tô sendo educada contigo!
— Vanessa: Essa tua ex não tem jeito — Escutamos ela falar no fundo, pro meu pai
— Wallace: Fala, Lúcia — Disse logo depois
— Lúcia: Por que tu quer pegar minha filha na quinta, sendo que as férias dela acabam no domingo?!? Tu pode ir tirando teu cavalinho da chuva!
— Wallace: Até parece que você não fica feliz de eu ir buscar a garota mais cedo, pra você ir aproveitar sua vida de solteira!
— Lúcia: IIIIH, TÁ COM CIUMINHO, É, QUERIDO?!? TUA NOVA MULHERZINHA NÃO TE SATISFAZ?!? PRA TU ESTAR PREOCUPADO COM MINHA VIDA DE SOLTEIRA, SÓ PODE!
— Roberta: Mãe, calma! — Disse me acabando de rir
— Wallace: Tchau, Lúcia, tchau! Não dá pra conversar contigo! Domingo eu vou pegar a Roberta!
XXX Fim de ligação XXX
Ele desligou. Eu tava me acabando de rir, e minha mãe se juntou a mim.
— Roberta: Eu aprendi a brigar contigo! — Disse tocando na mão dela
— Lúcia: É, né, mocinha?!? O ruim sobra pra mim!
— Roberta: Até rindo a senhora dá paz! Caralho!
— Lúcia: Olhe a linguajar, filha d'um arrombado!
— Roberta: Não precisa xingar meu pai!
— Lúcia: Falei alguma mentira?!?
Uma observação: esse diálogo todo foi rindo! Dei de ombros, já que não sabia se era verdade ou mentira. Eu só tenho lembranças dos meus pais dos meus 8 anos pra cá, e eles já eram separados quando eu tinha essa idade, então eu nunca os vi brigando antes do divórcio. Enfim, como era quase 14hrs, minha mãe e eu fomos almoçar e limpamos a pia juntas conversando sobre o melhor assunto: macho! Contei pra ela sobre o mini ataque de ciumes que o Neguinho teve ontem quando me viu com o Geré.
— Lúcia: Ih, tu nem disse se aceitava ou não ficar só com ele, e ele já tá assim?!?
— Roberta: Pois é! Eu fiquei tão puta, mas tão puta...! E depois ele ainda veio me beijar, aí eu dei uma joelhada no meio das pernas dele e voltei pra perto dos moleque!
— Lúcia: Tu só aceita ficar com ele se tu for muito otária, porque ele já deu prévia!
— Roberta: Ah, mãe, mas ele é tão gostosinho, tão amorzinho comigo... E aquele sorriso dele?!? Eu piro!
— Lúcia: O sorriso dele é lindo mesmo, mas mais vale tua liberdade do que um moleque te prendendo!
— Roberta: Verdade, verdade. Melhor conselheira! — Disse abraçando-a de lado
— Lúcia: Ai, Roberta, sai que tá calor, garota! — Disse me empurrando de leve
— Roberta: Verdade! Vou dar um rolê! Tchau!

Dei um beijo na bochecha dela e ela nem se importou; foi pra sala e ficou assistindo seus documentários enquanto conversava com alguém no celular toda animadinha. Tomei banho, escovei os dentes, penteei os cabelos — quase chorei —, me vesti, coloquei meu celular no bolso do short e minha glock na cintura.
— Lúcia: Precisa ir com isso? — Perguntou me olhando feio, quando eu tava procurando minha melissa pela sala
— Roberta: Ih, mãe, eu não posso sair sem nada, não! Se rolar algum bagulho aí, eu tenho que estar preparada!
— Lúcia: Tá, garota, rala da minha frente! Um dia tu me mata do coração!
Essa é minha mãe demonstrando preocupação. Nem faz drama, né? Fui dar um beijo na cabeça dela, mas ela nem deixou eu chegar perto, então eu fiz oque ela disse: ralei da frente dela. Bati fio pra Lays perguntando onde ela tava, mesmo sabendo que ela tava com o Cobra, e acertei, então fui pra boca do FB sozinha mesmo. O Geré não tava lá, mas seus seguranças estavam, inclusive o Neguinho. Se o Geré não tá onde seus seguranças estão, é porque ele está perto, mas acompanhado de alguém do sexo feminino. Nem me importo, diferente do meu sorriso preferido. Toquei na mão de todos os moleques que estavam lá, além dos seguranças do Geré, e me sentei do lado do 2N.
— Neguinho: Patrão tá no quartinho com a Juliane — Disse me testando
— Roberta: E eu com isso(?).
— Neguinho: Tu não tava com ele ontem?
— Roberta: Ontem, não hoje, e mesmo se ele quisesse ficar com outra mina, que ficasse. Não tenho compromisso com ele, nem com ninguém — Respondi, após dar de ombros
Ele me olhou com cara de "sei". Ainda bem que ele sabe!
— Pinguim: Índiazinha é braba! Vá mexer com ela! — Disse pro Neguinho, após rir
— Frajola: Fica só na dela, esperando alguém mexer! — Disse rindo, fazendo sinal de "fudeu" com as mãos
— Fusca: Pior que cobra essa daí! — Disse também rindo
— Roberta: Eu trato a pessoa do jeito que ela me trata, pô! O certo é o certo!
— Neguinho: E o errado é cobrado! — Completou a frase,
— Neném: Cês tão namorando, é? — Perguntou pra nós, grilado
— Roberta: Não. Pirou?!? — Disse rindo
O Neném me olhou com cara de "sei", assim com o Neguinho. Esse povo anda sabendo muito da minha vida...! Ficamos conversando, não sobre minha relação com o Neguinho, e o Geré saiu do quartinho atrás da Juliane, com seus braços envolvidos na cintura dela. Eles saíram se beijando e tudo mais.

— Geré: Agora mete o pé que minha filha chegou — Disse ao me ver, soltando a Juliane
— Juliane: Quem? — Perguntou com as mãos no quadril dele, após virar de frente pra ele
— Geré: Índiazinha. Até mais, rala — Disse e tirou as mãos dela do seu quadril
— Juliane: Ih, tu vai me trocar por essa pirralha que não sabe nem segurar uma pistola?!?
— Geré: Olha como tu fala da minha protegida, caralho! — Disse após dar um tapa na cara dela — Rala, porra! Não já dei o papo?!?
— Roberta: Fala de novo que eu não vou só mostrar como sei segurar, mas como sei fazer uso de uma! — Disse sentada na calçada, já que o 2N e o Fusca me seguraram cada um por um braço
— Juliane: Tá na hora de trocar a fralda! — Disse me encarando e foi saindo da boca
— Roberta: Tu também, mas a geriátrica!
— Juliane: É o quê, pirralha?!? — Perguntou após dar meia volta
— Roberta: É o que tu ouviu! Ficou surda?!?
Tentei levantar da calçada quando percebi que ela ia vir pra cima de mim, mas os moleques continuaram me segurando. O Geré não avisou de novo pra ela sair da boca; só fuzilou-a com os olhos, e percebi que ele fechou os punhos. Ela saiu da boca, mas me olhou da mesma forma que o Geré estava olhando-a. Deixa eu contar a história toda pra vocês: a Juliane falou essa parada aí de eu não saber segurar uma pistola porque na época que ela era fiel do Geré, eu tinha 11 anos e já era amiga de todos os moleques, inclusive do Geré. Ela tava presente quando eu peguei uma pistola pela primeira vez, e eu fiquei sem saber como segurar, daí o FB me ensinou. Minha vontade de ser patroa de morro e de estar confrontando com os alemão e com os botas começou com ela, porque ela era super ativa quando era fiel do Geré.
— Geré: Sempre tu, né, caralho?!? — Disse sentando no sofá, do lado do FB — Se é briga, tu tem que estar no meio! Tá foda proteger tu!
— Roberta: Ela quem vem falar merda pro meu lado, e tu quer que eu fique quieta?!?
— Geré: Se tu for atrás dela pra brigar, vou deixar tua cabeça e a dela igual a da Larissa!
— Frajola: Eu bem que avisei que ia rolar chantagem com teu cabelo! — Disse rindo
— Geré: Não é chantagem, não, pô! Mas é que a Robertinha perturba pra caralho com esses papo de briga!
— Roberta: Não sei ficar calada diante uma ofensa — Disse boladona, com os braços cruzados
Os moleques mudaram de assunto. 17hrs nóis começou a escutar uns barulhos de tiro.
— Geré: QUE PORRA É ESSA, TITICO?!? — Gritou após bater radinho pro mesmo
— Titico (soldado do pé): É OS CANA, PATRÃO! VIERAM DE CAVEIRÃO, MAS TÁ LÁ FORA AINDA! OS QUE ESTÃO FORA DO CAVEIRÃO ESTÃO ESCONDIDO LÁ EMBAIXO, NA ESQUINA DA DOIS! — Ouvimos ele responder pelo radinho
— Geré: CHEGAMO JÁ AÍ!
Nisso, o Geré desligou com o Titico e voltou a conexão do radinho para a conexão de todos os radinhos dos soldados. Irmão, quando tem confronto, todos os soldados, mesmos o que não estão em horário de "trabalho", têm que parar o que estão fazendo e ir para o local que são fechados. Eu ia pra 12, onde sou fechada, mas o Geré me segurou quando eu ia saindo da boca com os moleques que não são seus seguranças.
— Geré: Tu fica — Disse segurando meu braço com uma força do caralho
— Roberta: Eu não tô com meu sete-meia-dois!
— Geré: O que não falta é fúzil pá tu! — Disse, e olhou pro FB — Aí, arruma um fúzil pra Roberta.
— FB: Vem — Me chamou
Fui com ele pro quartinho, e olha, eu pensei que era só um quartinho onde os moleques levam as minas pro abate, mas tem porta que eu nunca a vi aberta, e quando o FB abriu, tinha um corredor que dava pra uma outra porta, e quando o FB abriu-a também, tinha outras duas portas.
— Roberta: Caralho, é uma fortaleza, é?!? — Perguntei rindo
— FB: E nóis vai dar moleza, é?!? — Perguntou de volta, rindo
Ele abriu uma das portas, pegou um m16 e me deu. Saímos do quartinho, após ele fechar todas as portas. Todos os vapor e os compradores que estavam na boca tinham metido o pé, e só tava o Geré, seus 12 seguranças — juntou os 6 de um turno com os 6 do outro turno —, o FB e eu. Eles já estavam tudo prontos só esperando o FB e eu, e o Geré tava falando alguma parada no radinho que eu não entendi, já que peguei pela metade. Se eu não pegar algo pelo começo, não vou entender se pegar pelo meio. Quando ele terminou de dar o papo, nóis foi pra 4, rua acima da rua da 2, onde os canas estavam. Chegando lá, o Geré e o FB se jogaram no chão, ficando só com a cabeça pra fora da esquina. Todos os outros moleques ficaram agachados mesmo, atrás das barricadas que bloqueavam metade da rua, e eu também. Com o m16 apoiado na barricada, eu conseguia ver tudo lá embaixo com a luneta, e sempre que os tiros pararam por uns segundos, eu ficava mais tensa. Inimigo bom é inimigo localizado!
— Roberta: BOTA CARA, PORRAAAA! — Gritei pros canas que estavam escondidos lá embaixo
— PM: NÓIS VAI TE PEGAR TAMBÉM, PROJETO DE VAGABUNDA! — Gritou escondido de algum lugar, lá embaixo
— Roberta: VÃO PEGAR COMO?!? CÊS TÊM OLHO PRA VER ENTRE AS PAREDES?!?
Nem ele nem nenhum que estava com ele lá debaixo respondeu por voz, mas sim com tiros, e a gente não ficou atrás. Eles davam uma rajada de lá e a gente dava cinco de cá. Uns minutos depois, e com nenhum de nós e nenhum de lá ferido, a gente viu o caveirão dobrando a rua. Puta que pariu, caralho!