"Você é a luz, você é a noite
Você é a cor do meu sangue
Você é a cura, você é a dor
Você é a única coisa que quero tocar
Não sabia que podia ser tão importante"
(LOVE ME LIKE YOU DO – Ellie Goulding)
Na quinta feira Jane saiu logo pela manhã para neutralizar os efeitos da sua família com Amélia e as garotas lhe oferecendo toda a força necessária, Tereza a aconselhou em particular antes que ela seguisse viagem e Joaquim foi avisado por Amélia que Jane estava indo para lá.
Depois de responder Amélia, Joaquim recebeu um e-mail de que seu exame de DNA estava pronto e tinha sido enviado direto do laboratório para o tribunal, Rafael e o advogado do tio tinham acompanhado todo o processo.
Seu dia tinha começado bem, falar com Amélia, mesmo que fosse um assunto bobo, o deixava nas nuvens pois era sempre acompanhado de um sorriso e de um estimulo maior. Começou a rabiscar um canto de uma folha durante um tempo vago e percebeu que havia feito uma música ou o que seria o começo de uma. Eram os tempos de colégio de volta.
- Rafa, a gente ainda tem condições de tocar? – mandou mensagem para o amigo que logo visualizou e respondeu.
- Temos, por quê?
- Queria voltar aos tempos loucos.
- Você usou essa tática uma vez, lembra?
- Era para conquistar a Isa, dessa vez é mais profundo.
- Amélia. - Rafa mandou uma carinha com corações nos olhos.
- Para, é sério.
- Também falo sério. É por Amélia.
- Ainda não. Preciso dedilhar umas notas, sei lá, sabe, extravasar.
- E depois cantar seu amor pela Amélia. – Rafael colocou carinhas de riso. – Todo mundo percebe, Joaquim. Todo mundo percebe.
Joaquim quis dizer que não, mas ele sabia que era bem isso o que estava acontecendo. Assim como um corno é o último a saber, Joaquim se sentia lesado pelas costas por seus amigos sabichões, focou novamente no trabalho e esperou que Jane chegasse para colocar ordem nas coisas como ela sempre fazia desde muito tempo atrás.
A família Donavan exultou-se ao ver Jane, com muitos beijos e abraços a filha precisou manter a calma e contou todos os pormenores entre interrupções da mãe do que se passava nas terras tropicais. Elizabeth era o assunto máster. Todos queriam saber o que houve com ela. Jane, que já tinha sacado toda a sagacidade de Elizabeth e que a mesma não queria sair como vilã e sim como vítima de toda aquela baderna, muito provavelmente acompanhada de uma dose generosa de dinheiro, começou a falar sobre a situação sem poupar todos os detalhes e incluir Joaquim na loucura obsessiva que tinha diante de si. Explicar-se com eles foi seu remédio, e esperar para ver as reações a dose final do seu tratamento. É claro que todos estavam alarmados e em choque.
Os dias daquela semana tinham se arrastado com assuntos enfadonhos de todos os lados, exceto por Amélia, que naquela terça feira tinha ficado bastante enjoada logo de manhã e notado a presença de um pouco de sangue ao ir ao banheiro. Por ser atrasada, julgou que todos os efeitos eram apenas sintomas de uma vida estressada e prometeu arrumar seus hábitos novamente. Porém, ao se recordar de seu encontro com Samuel não teve mais certeza disso. Onde ela arranjaria coragem pra se entender consigo mesma?
Passar o fim de sexta na sua casa foi uma ideia meio mal concebida, pois, era a deixa para que um ex ainda apaixonadinho se intrometesse em todos os seus planos e que lhe causariam muitas outras confusões ao qual não poderia imaginar. E qual não foi a sua cara quando abriu a porta para colocar o lixo pra fora e deu de cara com ele?
- Amélia, eu vim te ver. – disse ele a abertura da porta por ela, continuava bonito com um riso irônico passando em seu rosto.
- Ah que legal, eu soube que vinha.
- Agora é permanente, vou terminar minha faculdade aqui. – seu sorriso não escondia a empolgação, ele imaginava uma possível reconciliação?
- Bem legal. – ela o deixou passar. Naquele fim de dia sua dor de cabeça começou a chegar como resultado de sua negligência, Amélia queria sair daquela conversa e ir se deitar. Estava irritada e cansada e não queria saber sobre a luta diária na faculdade integral dele.
Consuelo mimava o garoto, Leô parecia olhar entre Amélia e Samuel e dividia a atenção com sua série preferida, baseada em um livro que leu durante a gravidez, "Apenas me ame" que se passava no século dezoito e contava aventuras em alto mar de um casal de fugitivos.
Pouco depois das dez Samuel se retirou.
Amélia dormiu assim que deitou, e passou a manhã de sábado entre as cobertas. Nada de novo, exceto ficar em casa, assistir filmes com sua mãe e fazer bolo com sua avó.
Naquele banheiro em meio a uma dorzinha desconfortável de cólica Amélia pensou em como sua vida tinha dado uma guinada, esperava que nada pusesse fim aquilo. Nada. E como estava contente em ter amigos, emprego e uma casa confortável.
Joaquim tinha sido avisado que em poucos dias a audiência de apelação estaria sendo feita por um Rafael menos formal e recebendo também desejos de boa sorte de Angélica, permanecia jogado no sofá comendo quando recebeu uma ligação de Vitória após desligar a anterior.
- Gostaria de saber se não deseja sair um pouco.
- Agradeço, mas estou morto, meu humor está péssimo hoje. Não seria uma boa companhia.
- Quer companhia aí?
Joaquim respirou fundo, gostava dela, mas não queria continuar com uma coisa que mais à frente acabaria mal.
- Eu preciso descansar, é só. Obrigado. Divirta-se.
- Tudo bem. Entendo. Boa noite.
A ligação foi encerrada e Joaquim pode se dar por vencido. Era Amélia quem ele queria e aguardava sinais que não vinham. Enquanto ela ainda tinha que lidar com um cara que sua família lhe dava total apoio, mesmo sabendo que não haveria outra vez, o seu dilema se resumia a contar a sua mãe sobre o episódio? Ou deixar tudo esquecido como sempre esteve? Difícil dizer, mas teria que dizer isso caso quisesse por fim aquela cara de cachorro pidão toda vez que se encontravam. Era hora de ir ou rachar.
Mas ela arriscaria por Joaquim? Ou iria comer pelas bordas igual a uma pizza? E ele, continuaria aguardando sinais inexistentes mesmo que na cabeça de ambos existisse o medo do próximo passo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
AMÉLIA (A garota e a flor)
RomanceAmélia é uma jovem comum que compartilha com sua mãe e avó um destino um pouco infeliz a cerca da presença paterna em sua vida, porém, numa noite que nada prometia; um olhar juntamente com um sorriso hipnótico, uma confusão e uma ida a delegacia pod...