Capítulo 53 - Número desconhecido

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Com a venda de Bertrand executada com sucesso e a mudança de Joaquim para o apartamento novo as coisas deram um apaziguada, Tereza e Olívia dividiram com ele a ideia da floricultura e isso trouxe ao bonitão a chance de investir o dinheiro do apartamento de seu pai com a amante em algo bom para proveito de ambos, mas claro, antes tendo uma conversa bem sincerona e esclarecedora com sua mãe que seria mais à frente na cautela de um dia em que se sentisse seguro para isso.

Os dias se esvaziavam devagar e ninguém ainda tinha notado a que tempos tinham chegado, mas é claro que esta que vos fala sabia muito bem; era chegado o fim de nossa narração, contudo, não o fim propriamente dito de nossa história que se seguiria no anonimato do tempo. Uma pausa para reflexão seria muito bem-vinda sem todo o melodrama de despedidas. Observando o céu da cidade e toda sua extensão percebemos como algumas vidas unidas se tornam a pulsação da magia urbana e que se multiplicada se transforma na grandiosa fórmula de seu sucesso; as histórias que carrega e que lhe dão cor e alma. E contar essas histórias por mais simples que sejam, entretanto, tão cheias de surpresa nos faz perceber como algo compartilhado nos prende a atenção, e como aconteceu com Amélia e Joaquim acontece com outros Joaquins e Amélias mundo a fora. A magia  sempre estará em nosso ar.

A saga do "número desconhecido" ficou adormecida durante alguns dias, já que Joaquim tinha finalmente fechado a obra do Caravella e abria a expansão do Mar Encantado, ter voltado para a praia ajudou-o a colocar a cabeça no lugar, em especial com relação a Olívia e sua filha e o que faria daqui em diante com sua ex e sua filha.

Descendo do carro ele parou um momento antes de entrar para refletir sobre o que falaria com Amélia com seu celular a mão, os dois estavam juntos e era inevitável que não se aproximassem de novo e aquela foto tinha muito significado e intenção escondidos que ambos sabiam que iam estremecer estruturas, mexer com os alicerce dos dois e abalar as confianças era um deles, erguendo a cabeça devagar para o corredor ele estreitou os olhos ouvindo vozes e percebeu Amélia acompanhada de um cara diferente, alcançando a luz Joaquim notou que era o mesmo da recepção, o tal "Fred" que Jane havia mencionado.

Saindo da sua inercia da chegada Joaquim caminhou até eles, Fred sorria e ela parecia constrangida.

- Boa noite, Fred. – ele resmungou com as mãos nos bolsos da calça.

- Boa noite, você é o Joaquim, né? Amigo da Jane?

- É sou eu, um prazer. Joaquim Caravaggi. – ele estendeu a mão ao outro que rapidamente a pegou.

- O prazer é meu, Frederico Carvalho.

- Você não é estadunidense, é?

- Não, eu nasci no Rio e me mudei para Nova York com dezoito anos, mas meu pai é filho de um, então íamos sempre pra lá. A propósito, fui eu quem ensinou o português a Jane.

- Então a amizade de vocês é antiga.

- É, eu falava com Amélia sobre isso, agora eu vou voltar ao meu quarto e deixar os pombinhos matarem a saudade, e a propósito, o cardápio novo está pronto com Deise. Boa noite e aproveitem essa brisa maravilhosa. – Fred deu meia volta e retornou para dentro com um sorriso metido no rosto.

Esperando o silêncio da noite chegar, Joaquim olhou Amélia ficar inquieta.

- Aconteceu alguma coisa?

- É, meu pai, eu não te contei antes por que esperava que ele fosse se comportar, mas pelo visto, não vai ser assim.

- Pode me contar o que significa se comportar?

- Ele está tentando buscar o papel perdido de pai, encheu minha casa com presentes e está doido pra ver você.

- Isso é ruim?

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora