Capítulo 19 - O Silêncio

18 0 0
                                    

Durante a reunião das garotas o assunto foi estritamente profissional, Joaquim com o lado esquerdo do rosto vermelho tentava não sentir que tinha feito um mal negócio saindo naquela noite e agindo como um babaca. Claro que a culpa da babaquice era exclusivamente sua. Mas olhar para as garotas todas sérias e sem jeito o deixavam profundamente chateado, afinal sustentavam uma opinião errada sobre ele.

- Então combinado que irão sábado até o resort com a minha equipe? – ele disse assinando o acordo de trabalho.

- Sim. – respondeu Nanda.

- Bom, o Rafael guiará vocês, junto com a Jane Donavan. Tudo bem?

- Tudo, mas por que você mesmo não vai? – perguntou Sarah tentando fisgar a atenção de Amélia.

- Problemas. – ele deu de ombros.

- Como aquele que saiu da sua sala bufando feito um dragão? – falou Nanda levando um cutucão de Amélia.

- Pode-se dizer que sim. – Joaquim respondeu baixo apertando as mãos delas.

Com tudo terminado as meninas saíram, menos Melissa.

- Eu sei o que parece. Mas, você deve reconsiderar que foi muito babaca ao invés de ficar se lamentando. E sei que está assim pela Amélia, então, faça melhor do que ficar aí resmungando, concerte as coisas. – ela terminou e saiu deixando Joaquim no silêncio das suas palavras buscando saber o que fazer com o que tinha acabado de ouvir.

Discando o número da sua secretária buscou coragem para fazer o que ia fazer.

- Me pede o helicóptero da empresa por favor, eu vou para o Caravella.

- Sim senhor. – a voz curta do outro lado respondeu automaticamente. Saindo em direção ao seu hotel de alto padrão praiano Joaquim ficou olhando sua caixa de mensagens, vazia, e verificou Amélia online.

Digitou duas mensagens, mas não enviou nenhuma delas.

- Você está chateada com o que viu? – foi à primeira opção.

- Me desculpe por aquilo tudo. – foi à segunda.

Desistiu e guardou o telefone no bolso antes de subir no seu taxi aéreo. Ao desembarcar meia hora depois no campo de pouso havia um movimento de funcionários atípico nas redondezas.

- O senhor não avisou que vinha! – disse um dos seguranças que o viram chegar.

- Nem eu sabia que vinha. Cheguei a essa conclusão agora pouco. E como andam as coisas aqui?

- Mais ou menos, o senhor vai saber por que quando chegar à sala de reuniões.

Pela cara do segurança a situação estava bem feia, correu até a recepção e a cara de espanto das funcionárias o fizeram repensar sua ida.

- O que acontece aqui? – ele perguntou a uma das mulheres que se encolheu.

- Seu tio senhor, ele... – ela começou a dizer, mas parou.

Nem mesmo esperou a resposta da moça e já se encaminhou direto para o elevador, abotoou o casaco e apertou o andar térreo. Em uma das salas estava um alvoroço terrível e parou um pouco para ouvir quem estava lá e a sua surpresa não foi menos aterradora do que a de todos. Abrindo a porta de supetão Joaquim pegou seu tio esmurrando uma mesa e pedaços de maquete no chão indicavam que também tinham sido alvo das loucuras dele.

- O que acontece aqui?

Ao silêncio constrangedor das almas caladas e seu tio visivelmente furioso esperou que respondessem a sua pergunta antes de entrar.

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora