"Querida você é tudo que eu quero"
(Heaven – Bryan Adams)
Com uma audiência no meio da tarde Joaquim nem sequer conseguia ler seus papeis na sua sala, a família de Jane os tinha deixado em paz pelo menos, porém no resort, sua mãe Tereza tinha lhe falado sobre Amélia e o deixado mais assustado do que podia admitir enquanto dava suas impressões dela, era muita informação para ele decidir priorizar naquele momento. E como fazer isso tudo dar certo numa cabeça tumultuada de assuntos inacabados?
- Ela é uma garota doce, um pouco como Isa, mas menos agressiva, sabe? – dizia ela enquanto folheava seu jornal.
- Como isso? – o filho preparava ovos mexidos enquanto atendia o café.
- Isa era enérgica, ia com os dentes no que queria já Amélia me parece ser o tipo de garota que resisti muito em se entregar.
- Isso é ruim?
- Não, mas você precisa desatar os nós, precisará ir aos poucos, me lembro que minha melhor amiga era assim, e só foi transar depois dos dezoito, não confiava em homem nenhum, e não confia até hoje.
Essas lembranças o deixavam sem ação. Ele era um cara bom em ser direto com quem era direto com ele, Amélia acionava nele o velho Théo, medroso e tímido. E isso seria muito ruim? A resposta era que ainda não conseguia se decidir. Olhou no relógio já com a cabeça de volta a sua sala de vidro, ainda tinha três horas antes de começar a ouvir a sentença final, precisava era focar em alguma coisa que o tirasse do papel de acuado.
Foi aí que ligou seu note e conectou-se a internet, um belo slogan de uma competição de Drag Queens e amadores começaria em uma semana no teatro local... E por que não? Ele sabia cantar, compor, tocar... e já se vestiu de mulher, precariamente somente uma vez numa situação de emergência, mas já. Abrindo em uma outra aba, leu atenciosamente os parágrafos dos requisitos da sua nova jornada. Já era hora de aflorar seus dons artísticos de novo.
Jane, que estava no Resort estava tranquilamente entendida com os seus, e agora só faltava a aparição de Elizabeth para pôr fim aquilo tudo, contudo sua família já sabia de sua decisão e a apoiava.
Amélia trabalhava entretida em um projeto com Deise na recepção com a mente vagando em pedaços de assunto, e ainda não tinha visto um sinal sequer de sua "querida amiga", e lá se iam... Doze dias! Segundo o calendário.
- Aff. – Amélia jogou a caneta no caderno.
- O que houve? – Deise perguntou.
- Uma pontada.
- Cólica?
- Bom se fosse, estou atrasada há doze dias.
- Se fosse eu acharia que estava grávida e já estava surtando, mas como é você...
- Deve ser estresse. – Amélia bufou.
- Samuel? Aquele lá parece ter esse dom, pelo que contou.
- E se tem. – ela falou antes de sair do balcão.
Numa ida discreta ao banheiro Amélia reparou no espelho como seus seios estavam maiores e doloridos, tinha sentido isso, mas não como naquele dia. Maldita TPM. Lavou seu rosto e voltou à recepção depois de respirar fundo e soltar o ar algumas vezes, passaria com calmante, pegou outras fichas e ao se virar para pegar o telefone sentiu que alguma coisa não estava bem e encostou-se ao balcão. A visão estava turva e suas pernas moles. Deise estava de costas para ela.
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AMÉLIA (A garota e a flor)
RomanceAmélia é uma jovem comum que compartilha com sua mãe e avó um destino um pouco infeliz a cerca da presença paterna em sua vida, porém, numa noite que nada prometia; um olhar juntamente com um sorriso hipnótico, uma confusão e uma ida a delegacia pod...