AMÉLIA (A garota e a flor)

Capítulo 51 - Voto de Confiança

Eis que o resultado daquela busca acabou em três lugares no centro da cidade pois Olívia havia se esmerado no encargo e estava inegavelmente radiante com isso; durante os dias que ficou vasculhando a internet em busca de realizar o empreendimento de sua ex sogra Olívia percebeu que era capaz de ter empatia e altruísmo e isso a alegrou um pouco mais. 

Tereza estava em polvorosa com a chegada da neta e a contagem regressiva para a data prevista para o parto começava agora. O tempo que havia transcorrido desde a última vez que Joaquim e Amélia se falaram completava hoje dois dias e meio. Ele não tinha retornado ao Resort como era previsto e ela achou aquilo estranho, contudo, sabia que a chegada de Antonella requeria preparativos antecipados. Seu pai era o problema maior da coisa neste momento, e envolver Joaquim seria ainda pior, melhor que ele se mantivesse o mais longe possível pôr enquanto, isso Amélia desejava da parte dela pois Léo já acreditava que conhecer o futuro genro seria uma grande oportunidade de mostrar seu lado paizão, já que paternidades estavam em alta.

Aqui temos a receita perfeita para algo, senão tudo, dar errado.

Com seu afastamento de Amélia Joaquim passou a olhar os preparativos do nascimento da filha, o quarto da bebê teria que ser montado logo, se possível ainda hoje. Com a ajuda da mãe e de Olívia passou o resto da tarde escolhendo toda a mobília e o que faltava para completar a chegada da pequena, antes mesmo que pudesse se recordar, Bertrand ligou avisando que estava a caminho da cidade para oficializar a compra do apartamento.

- Então é oficial? – Tereza disse ao filho enquanto os dois olhavam um tapete rosa pastel de unicórnio.

- É, vou vender, tem escadas demais para um futuro bebê que irá crescer.

Olívia terminou de examinar o urso de pelúcia e os três se retiraram da loja, o envio foi adiado para alguns dias, onde Joaquim já imaginava estar estabelecido em seu novo apartamento. 

Nesse último período ela e Tereza tinham aberto um diálogo franco de mãe e futura avó para filha e futura mãe, a ex sogra percebia que noções básicas de maternidade eram sabidas pela ex nora, porém, a gravidez parecia ainda ser algo com que ela não sabia lidar. Joaquim parecia muito mais animado do que ela, e isso era inegável constatando como ela sempre evitava entrar em detalhes maiores sobre seus sentimentos.

- Algumas mulheres não sabem lidar com a maternidade e a gravidez. É natural, somos humanos, o que acontece é que nos é colocado como se fosse instinto, que é apenas procriar num sentido literal, como se fosse parte de nós, inerente e imutável, e não é. A maternidade é uma escolha. Sempre vai ser. E uma escolha que muda para sempre a vida da mulher, um homem pode ainda ser homem e pai, já uma mulher nunca poderá deixar de ser mãe mesmo que ainda seja uma mulher. – dizia Tereza enquanto o filho a olhava calmamente, Olívia não estava nesse momento.

- A senhora acha que ela alguma vez cogitou algo como o aborto para estar nesse estado quase que vegetativo de emoção?

- Acho que sim, mas, alguma coisa a fez mudar de ideia, só não sei o que ainda, mas vou descobrir, cogito que seja aquela família maluca ao qual ela pertence. Olívia está nessa por que algo mudou sua mente, alguém, e ela parece se arrepender disso agora.

- Será que foi a mãe dela?

- Não sei, eu não consigo entrar na vida particular dela.

Traçar toda a trajetória de uma mulher não é tarefa fácil, muito menos uma grávida. Tereza precisava de cautela para entrar em terras obscuras, Joaquim estava curioso sobre o que poderia ser a mudança de ideia dela, e sobre como toda a situação chegou nisso, porém, não conseguia encontrar uma brecha para ousar entender, talvez a mãe conseguisse melhores respostas do que ele.