Capítulo 34 - De Ávillez a Caravaggi

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Joaquim estava de terno apertando a gravata azul cerúleo como Jane havia mandado porque combinava com seus olhos claros enquanto se olhava no espelho, Amélia havia aceitado o primeiro convite para um jantar formal e seus nervos estavam ansiosos.

- Muito bonito?

- Exuberante, eu digo. – ela piscou.

- Estou indo. – olhou para o relógio já afobado.

- Se cuide e, mantenha a calma.

- Pode deixar.

Pegando o carro Joaquim se direcionou a casa dela, aguardou dentro dele e enviou-lhe uma mensagem minutos depois.

- Cheguei. – disse ele e desceu calmamente pegando as flores que daria as mulheres da família. Eram girassóis e que estavam no banco do carona. Bateu a porta e Leô a abriu sorridente.

- Amélia já vem.

- Eu aguardo, e essas flores são para vocês, vi que tem girassóis no quintal, imaginei que gostassem.

- Minha mãe as ama. Obrigada filho.

Consuelo chegou puxando o avental.

- Oh, Joaquim, quer um suco? Oh, girassóis. Lindos. Entre.

- Aguardo Amélia. E não precisa se preocupar com aperitivos não.

As duas sorriram e Amélia chegou atrás delas.

- Estou aqui.

Joaquim limpou a garganta quando seus olhos bateram nela, estava num vestido rosa claro que ia até um pouco acima dos joelhos, o cabelo ondulado, brilho nos lábios... Se não fosse um cara que se previne, encostando-se à parede, tinha desabado no chão. Se recompondo estendeu seu braço a Amélia.

- Até mais. – ela disse as duas corujas babonas fechando a porta.

Joaquim abriu a do seu carro e entraram. Ele ainda não acreditava que ela estava ali com ele, ligando o rádio percebeu que Jane havia planejado tudo com tanto detalhe, agradeceria a ela depois por isso, um play romântico encheu os ouvidos dos dois. Era o play que ela ouvia quando ainda estavam em Yale.

"E eu não sei por quê. Não consigo tirar meus olhos de você..." - Era essa parte que fazia com que tudo ali ficasse ainda mais intenso. Nenhum deles sabia lidar com o excesso de coisas e pensamentos fluindo no silêncio. Mas como Jane sempre pensava em tudo, a próxima música disse tudo.

Chegaram ao lugar, estacionaram e Joaquim ajudou Amélia a descer do carro.

- Sabe, devemos muito isso a Jane. – ele disse para romper o silêncio constrangedor entre os dois.

- Ela é fantástica.

- Sim, uma amiga e tanto.

- Uma chefe e tanto. Jane é uma mulher fantástica.

- Concordo em tudo que você disse, Jane foi um dos pilares essenciais na minha vida nos EUA.

Amélia e Joaquim entraram para jantar e foram seguidos de perto pelos olhos das pessoas. Joaquim era sempre observado com interesse, era um cara da vida social daquele lugar, já Amélia, não.

- Quer comer o que? – ele perguntou a ela.

- Ah, camarão. Desejo. – ela sorriu.

- Feito, comemos camarão.

Temendo parecer uma louca famigerada Amélia se conteve, Joaquim a olhava um pouco contrariado, como se notasse que ela estava incomodada. Ela tinha pegado pesado com aquele sapato, estava machucando e ele não queria que ela se sentisse mal por isso.

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora