Capítulo 10 - Você teve razão esse tempo todo

29 3 0
                                    


Amélia começou a trabalhar com Pedro na tarde de terça-feira, vestida exatamente como ele tinha dito, começou organizando a agenda dele e telefonando para seus clientes para confirmar seus horários. Mas não pense que ela não percebia os olhares estranhos de Pedro para cima dela, ainda mais depois daquela derrota de ter que voltar atrás. E por falar em voltar, naquela mesma manhã viu Joaquim em uma sala cercado de pessoas do grupo, estava com caneta na mão e falava como um típico líder, sua concentração em rabiscar e falar era extremante sexy... Sexy? Ela tinha dito isso aí? Ah sim, tinha e não só falava como sentia.

Sua mente começou a divagar e como resposta a esse pensamento mais voluptuoso começou a cantarolar uma velha conhecida. Locked Out Of Heaven.

É claro que Pedro ouviu aquilo e com seu ego gigantesco começou a achar que era para ele, especialmente a parte do sexo levar ao paraíso. Abrindo parcialmente a porta e vendo Amélia dançando enquanto cantava o refrão, olhava suas pastas e ajeitava a mesa, Pedro teve a sensação de estar muito perto do que realmente pretendia, quando Amélia terminou sua encenação e se acalmou seu celular apitou e ela recobrando a seriedade parou de se mexer prestando atenção ao que lia.

— Queria uma opinião sua a respeito de como vamos bolar uma estratégia para demonstrar a importância de se respeitar o sinal do semáforo. Me ajuda? — já tinha dito que o jeito como ele dizia as coisas parecia sempre causar uma certa magia em Amélia? Pois fazia, ela ficava levitando em brisas toda vez que tinha algum contato com ele e acredito que com ele não tenha sido diferente também.

Pedro viu seu sorriso enquanto digitava e sabia que estava perdendo terreno. Hora de agir.

— Posso sim, me mande o que tem e vemos como fazer.

Guardou o telefone no bolso e deu uma última olhada na mesa. Tudo organizado. Hora de um café.

— Feito. — se virou para sair e topou com Pedro num susto.

— Ótimo trabalho.

— Obrigada. — disse seca. — Não faço nada além do meu serviço.

Continuou seu caminho e não esperou e nem olhou para trás para ver onde Pedro tinha se metido, aguardando a boa vontade da máquina de terminar o seu copo Amélia refletiu sobre o que devia fazer depois, Joaquim seria uma realidade em sua vida e tinha que saber lidar, as coisas caminhavam para um estreitamento de laços.

Na sua caixa de mensagem chegou um arquivo e como destinatário, ele mesmo, Joaquim, ela o abriu esquentando as mãos e se deparou com um excelente gráfico com muitas estatísticas e algumas frases importantes, mas estava tudo muito técnico, precisava de cor e acessibilidade, com a internet aberta e sua disposição começou a criar um esboço de um folder, falando das cores, o que significavam e como auxiliavam na visibilidade na cidade. Com o último gole de café a mesa e deu seu trabalho por terminado.

Pedro ainda passou por ela examinado seu rosto radiante, o cara tinha meios de mantê-la presa no seu magnetismo, um oponente bravo, mas a sua queda estava decretada. Tinha até sexta para dar um fim naquele jogo estúpido onde ele estava nitidamente sobrando. Amélia por sua vez continuava mergulhada na sua obra, tinha que fazer com que as informações de Joaquim ficassem boas, mas sem parecer um trabalho acadêmico. Quando seu trabalho acabou ela ainda tinha algumas coisas para fazer na obra final.

— Fim do expediente! — disse Pedro passando com seu paletó na mão.

— Vou desligar aqui.

Amélia conferiu tudo antes de fechar, enviou o e-mail para Joaquim na espera ansiosa por uma reação positiva, desligou o computador e acompanhou Pedro a contragosto já que ele estava a porta esperando-a.

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora