Capítulo 65 - Desfecho (Ode à Morte)

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As buscas por Isabela Monte e Elizabeth não tinham dado em muita coisa, exceto pelo fato de que havia ainda um segredo no meio disso tudo do qual somente Olívia sabia e não demonstrava nenhum interesse em contar.
Não demorou para que Antônio também sumisse sem deixar vestígios assim que o recesso de fim de ano acabou, justamente quando ia ser indiciado por falsificar provas contra Joaquim.
O que de fato ninguém esperava  aconteceu no fim daquela semana de janeiro, a PF havia pedido para que os jornais noticiasssem o sumiço do grupo e qual canal para denúncias, e numa ligação anônima dias depois foi encontrado o paradeiro de Isa, bem e visivelmente perturbada com traços de Elizabeth e Antônio no mesmo local, começava então as buscas massivas pela região do interior.
Numa tarde pós almoço Savana recebeu informação de que os dois estavam na auto estrada saindo do estado em direção ao sul. A perseguição policial aconteceu como se espera do cinema, Joaquim foi avisado e seguiu com Jane e Rafa atrás de Savana, durante horas a fio se deu aquela condução perigosa com viaturas em todo canto e carros a paisana.
Numa investida desesperada com viaturas no alcance Elizabeth pôs a cabeça para fora do carro e pediu que parassem, ela repetia que estava bem contudo ainda temia que Antônio estivesse à beira de uma loucura a cento e vinte naquela estrada. Dito e feito, o mesmo descontrolou o carro rumando para um contorno conhecido por ter um abismo já que se tratava de uma região montanhosa, Elizabeth em pânico pela segunda vez coloca sua cabeça para fora e pede socorro para logo em seguida conseguindo se livrar do cinto saltar do carro em movimento já na estrada de terra, seus ferimentos são visivelmente graves dada a velocidade do automóvel e também pelas pedras soltas que a atingiram deixando-a inconsciente no meio da poeira. Joaquim para o carro com Jane e Rafa ajudando-o a colocar o corpo de Elizabeth muito machucado e sangrando dentro do carro. Em poucos metros à frente Joaquim é capaz de ver sob a nuvem de poeira que a perseguição continua indo cada vez mais íngreme no desfiladeiro, pegando seu carro Rafa consegue dar ré e com Jane leva Elizabeth a um hospital urgentemente. Seu caso é vida com possíveis sequelas ou a morte.
Conseguindo carona numa viatura Joaquim acompanha a caçada a Antônio, por questão de poucos minutos Joaquim quase não chega a tempo de ver seu tio perder a noção do fim do atalho da estrada mergulhando no profundo com seu carro num choque explosivo de gasolina e fogo, não sobrando sequer qualquer possibilidade de ter sobrevivido. Percebendo que no fim as coisas aconteceram da pior forma, com o principal mandante morto, o único jeito é retornar a viatura cabisbaixos e seguir viagem em direção ao hospital onde Elizabeth é a única testemunha viva de tudo que ocorreu após deixarem Isa no interior.
— Não lembro muito. — diz ela fracamente a Jane que lhe apertava a mão em coragem. — Ele ameaçava todo mundo, Isa caiu fora e eu tentei mas fui arrastada sem ter perspectiva de sair.
— Motivos? — Savana insistiu.
— Destruir Joaquim.
— Só esse?
— Não. — lágrimas vieram aos seus olhos, seu rosto enfaixado e inchado escondiam seu sofrimento. — Pelo meu filho.
— O que seu filho tem a ver com isso?
— É que... O Antônio era o pai. — sua mão apertou tão forte a de Jane que o esforço acelerou seu coração e Elizabeth começou a tossir e a cuspir sangue em sua roupa, o engasgo na voz a fez soltar pesadamente o ar dos pulmões. — Por favor, eu quero falar, Jane, cuide dele por mim, o ame como sei que vai amar e só você poderia ser capaz, ele não está mais aqui pra machucar, eu escondi esse segredo por medo de tudo que ele faria, ele queria matar todo mundo, estava ficando louco, obsessivo, agradeço que não me deu o divórcio, isso facilita que você cuide dele por mim, por nós, pelo meu irmão.- Elizabeth fez um esforço ainda maior perdendo o fôlego que restava afrouxando sua mãe da de Jane.
— Elizabeth Donavan, descanse, descanse. — disse Savana.
— Eu vou, mas em paz sabendo que Jane esteve comigo até o fim, obrigada Jane, mesmo comigo sendo tão ruim, você sempre esteve lá, sempre esteve e sempre estará. — Jane soltou da mão da esposa e saiu com Savana, a enfermeira a sedou para que pudesse dormir e se acalmar, assim que chegou na emergência foi medicada e teve seus curativos feitos, contudo; todos já estimavam em até quarenta e oito horas o seu resto de sua vida. O trauma interno era irremediável mesmo com a cirurgia.
Elizabeth Donavan levou apenas treze horas para morrer, podendo se despedir de Jane e de Benjamim como desejou, falecendo em calmaria numa cama de hospital nos braços da esposa enquanto a verdadeira identidade paterna de Benjamim assumia a cara de Antônio Caravaggi como desfecho de um longo silêncio interrogativo na sala de espera.

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora