Capítulo 67 - Fim/Começo

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Já era fevereiro quando finalmente os ânimos voltaram a se animar depois de um longo período de luto onde Elizabeth e Antônio foram sepultados, o corpo dela por sua vez foi enviado aos EUA como sua família orientou com apenas Jane se prestando a segui-lo.

Conforme o novo ano ia se assentando no calendário e na vida das pessoas o sorriso e a alegria voltaram a fluir, Edu e Leô foram pegos de surpresa com a noticia de que o filme de Igarra seria lançado ainda esse ano, já que estavam em lua de mel pela América do sul e praticamente incomunicáveis. E por tocarmos em seus nomes, Léo foi condenado a treze anos de prisão e por cooperar com a justiça poderia sair em sete ou oito anos, o que muito animou a todos. Fred e Olívia voltaram para Nova York para que ela realizasse seu sonho de estudar moda, sonho esse que seus pais odiaram ao receber e que praticamente causou sua deserção diante da decisão, contudo não oficialmente, na contra mão das negações, Joaquim lhe ofereceu seu apoio irrevogável e permitiu que Antonella viajasse com a mãe, Tereza lhe enviou apoio total e integral também. 

E quando o assunto é oficial, lembramos sempre de Joaquim e Amélia, pois bem, dessa vez o casal conseguiu um momento para si, viajando para Campos do Jordão e Gramado, logo depois indo para o Caribe, a viagem que faltava foi finalmente cumprida para alegria de Edu e Leô que os encontraram em Barranquilla, na Colômbia.

- Como é possível que nós duas estejamos viajando com alguém?

- Não sei, esse mundo é tão louco que eu não sei mais o que pensar. - respondeu Leô. - Viu meu bronzeado?

- Vi, está lindo.

- Lindo é esse seu sorriso de felicidade estampado na cara.

- É, e pensar que a gente nem sabia o que ia ser logo que o ano que se foi começou.

- Pois é, não sabíamos se teríamos dinheiro pro mês, éramos somente nós três e Sarah e Nanda e de repente aparecem Jane, Melissa, Deise... Seu pai, seu avô nos deixando uma fortuna! E agora estamos no Caribe. E comprometidas! - Eleonora deu um riso alto bebendo seu drink com seu chapéu de palha e óculos escuros depois de soltar todas as maluquices aos quais entraram de cabeça.

Já era hora do lanche da tarde quando os quatro saíram do mar quente de azul translúcido. Na pousada após uma despedida onde Edu e Leô tinham ido ao centro caminhar, Amélia e Joaquim ficaram para descansar, estava já ela acordada do sono pós comida quando se levantou e foi até a varanda, alisou a fachada de tecido esvoaçante enquanto Joaquim limpava a garganta acordando de um sono profundo de cem anos aproximando mais tarde seu corpo por trás do dela.

- Amélia, quer ir ao centro também? - disse ele após envolvê-la em seus braços.

- Quero. Pode me levar?

- Posso sim, adoraria visitar o centro histórico.

A menina deu dois passos e se virou repentinamente para ele.

- O que significa isso? - perguntou antes que perdesse a coragem e não conseguisse mais encará-lo.

- Isso?

- A gente aqui. De volta à estaca zero. Mesmo que em outro país e viajando.

- Bem, não foi bem à estaca zero não é mesmo?... As trepadeiras que o digam. - Joaquim colocou as mãos no bolso e riu travesso.

- Aí não lembra disso. - Amélia cobriu o rosto envergonhada.

- Tudo bem. Me desculpe, mas não podia perder a piada. Só que me sinto bem melhor agora, pode ter tudo virado e se revirado de ponta cabeça, mas eu ainda acredito que pode dar certo. Você não? Como disse lá atrás.

- Bem, isso é mesmo verdade. Mas, sem alterações agora, você sente isso tudo mesmo?

- Eu sempre senti, Amélia, mesmo que não conseguisse expressar, eu sentia mesmo assim.

Constrangida Amélia olhou para Joaquim. Com um beijo em seu nariz e um abraço os dois voltaram para dentro para o aconchego de um banho morno, o sol estava em uma despedida alaranjada assim que os dois lhe deram as costas.

Amélia lia um guia quando Joaquim que puxava as cortinhas para ver o céu lhe chamou a atenção. Tinha alguma coisa entre ele e a lua já em alta que a mantinham presa no chão, seria o azul daquele lugar que lhe caia tão bem? Ou seria ele? Ah por que não admitia logo?! Depois de um longo silêncio contemplativo de ambos começaram as verdades a serem ditas de uma vez.

- Sabe. - os dois começaram juntos.

- Fala você. - ele disse.

- Não, você. - ela terminou.

Joaquim deu dois passos à frente e diante da chegada dela, tomando a mão dela na sua começou a falar pausadamente.

- Amélia, já estamos caminhando para a reta final desse livro e a autora tem pressa em fazer a gente feliz para sempre, e eu acho que já posso ser mais ousado, com a permissão dela, claro e eu sei também que ela já espera isso tudo lá no fundo com uma ansiedade absurda revirando os olhos, por que eu já torrei o saco de todos os leitores com meu medo. Então. Eu quero pedir, quer voltar a ser a minha namorada e depois minha noiva?

- Eu não vou responder, eu vou provar que sim, quero e quero tudo.. - disse ela engolindo a seco diante dos olhos fixos dele nos dela indo parar cada vez mais perto de um dos mais tórridos beijos que já deram enquanto se agradeciam internamente por terem aceitado ir ao Noite Caribenha naquele dia... Bendito convite!

- Assim que eu gosto, assim que eu gosto. - disse ele pegando-a pela cintura enquanto os dois batiam contra a parede que exibia ao fundo um céu estrelado e limpo com o cheiro agradável das noites perfumadas do mar caribenho numa brisa mansa. 

E como tudo começou num desenrolar de uma noite caribenha, não podíamos deixar de encerrar em uma que não fosse legitimamente tropicaliente. É, Joaquim. De novo a vida de homem compromissado e com muito gosto, devia agradecimentos especiais as trepadeiras e ao vinho nesse momento e também a toda série de coisas que deram errado para que essa pudesse dar certo.

E também temos a pergunta que não queria calar depois de tudo que se ocorreu: como cultivar uma dessas trepadeiras em seu novo apartamento?














**FIM**


AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora