Capítulo 64 - Arrivederci (Feliz Ano Novo)

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Joaquim e Amélia curtiram o resto daquela noite abraçados na casa de Tereza, que permaneceu no apartamento do filho com a neta enquanto Olívia tinha ido ao encontro de Fred no aeroporto. Todos aqui imaginavam como ia ser a reação dos Florentino ao ver o romance Fredívia concretizado.
Léo foi convidado para ser padrinho do recém anunciado casamento religioso entre Eleonora e Eduardo durante a saída de Joaquim da prisão, o que pegou todo mundo de surpresa e excitação, afinal casamentos são sempre bem vindos. Amélia recebeu também do pai a certeza de deixar seu nome ainda maior enquanto Joaquim a pedia para que deixasse rrumada uma mala que os dois iam viajar assim que acabasse a festa de ano novo. Consuelo perdeu seu medo e entrou em contato com o advogado do envelope e confirmou que seu marido havia deixado um patrimônio milionário as três, inclusive isso alteraria o sobrenome de Eleonora, deixando-o igual ao da filha, magistralmente cumprido.
E para (mais uma) surpresa geral da nação, o apartamento alugado que constava no patrimônio estava em nome de um dos acionista do Caravella, hotel dos Caravaggi.
Ao irem todos para o Mar Encantado para as festividades, Eleonora contou a Amélia um trecho da conversa que teve a sós com Léo.
— Sabe, seu pai me disse umas coisas que eu não posso deixar de concordar.
— O que exatamente?
— Que nós selamos nossas vidas numa inconsequência e que diante delas nós fomos covardes, ele me traiu e fugiu e eu aceitei a vida que me foi imposta, eu apenas recebi tudo e nunca pedi nada.
— Isso significa o que?
— Que eu pedi Eduardo em casamento com a benção de seu pai, ele me pediu para ser feliz como eu sempre quis, tendo meu teatro e meu balé, minha filha, minha mãe e minha casa e por que não também um marido? Mesmo que a culpa não seja extinguida depois dessa conversa nós nos amenizamos, ele me pediu perdão, disse que errou, que se sente mal por isso e que não cometeria novamente esse erro se pudesse refazer tudo de novo, então como nós não podemos ele pediu para que eu fosse feliz com o Edu como eu gostaria de ter sido com ele.
— E quanto a mãe dele?
— Eu fui ao tumulo dela e disse que estava tudo bem, que eu havia entendido que ela fez o errado e achou que estava certa, que ela nos machucou e depois sofreu os efeitos disso, que viveu sozinha e que nunca teve o gosto de te ouvir chamá-la de “vovó”. - com o gesto da mãe Amélia a abraçou.
Ambas entraram cada uma em seu quarto e dormiram o sono dos justos, rezando para que tudo acabasse bem nesse último dia do ano e que Léo alcançasse sua paz de espírito ao fazer o que era certo.
...
O tão aguardado dia chegou, era despedida de um ano de grandes altos e baixos que uniam e desatavam nós com muita facilidade, com a chegada de Fredívia em clima de romance, os Florentino ficaram decididamente magoados e chocados, ainda mais porque Melissa sequer esboçou alguma reação. Cassandra, sua mãe, tomou as rédeas e lhe chamou a atenção durante o café.
— Não vai nos dizer nada quanto a cena que acabou de ver?
— Fred e Olívia são um casal, sempre foram.
— Mas e quanto a você e seus sorrisos bobos, suas conversas com ele na cozinha?
— Ah, eu não falava claramente dele.
— Então quem? — encorajou seu pai.
Melissa se levantou olhando para todos os lados, vendo Jane a um canto foi até lá a puxando delicadamente pelo braço até o centro do recinto.
— Senhoras e Senhores, queridos pais e amigos, quero lhes dizer que a pessoa por quem eu me apaixonei é ela, a mulher que eu mais amo e admiro nesse mundo, a própria e única, Jane Donavan. — com seu último gesto Melissa agarrou Jane lascando-lhe um grande beijo para horror e choque de seus pais pela afronta, os demais gritavam que já estava mais que na hora.
Ao se retirarem chocados, Melissa ainda respondeu.
— Vocês sempre me disseram para amar meu próximo, eu sempre amei, e ainda mais vendo Jane, não havia como não amar ainda mais.
Sem um pingo de qualquer sorriso ou gosto os Florentino se retiraram, Jane se sentiu um pouco incomodada com o fato da não aprovação, porém estava mais que feliz porque já estava mais que na hora delas ficarem juntas até o fim.
Como não era menos de se esperar, Fred e Olívia contaram como foi que perceberam que os olhares não eram mais de atração física e sim de que os dois se sentiam mais que transbordados um pelo outro.
— As provas de pratos diziam muito mais do que gostos peculiares. — brincou ele.
— Eu que o diga, adorava ficar te vendo cozinhar. — ela respondeu.
— Bem, parece que temos muitos casais aqui. — disse Joaquim. — Sai mais algum do forno? Ainda dá tempo.
E com risos e aplausos todos os envolvidos se abraçaram e se beijaram novamente para coroar o fim que todo mundo esperava. O da felicidade coletiva.
...
A meia noite um baile acontecia como nos planos de Candy, Eduardo e Eleonora dançavam colados ao centro, Jane e Melissa conversavam de um lado, Joaquim e Amélia do outro, Tereza e Bertrand também, Deise, Sarah, Nanda e as demais meninas revezavam seus pares, incluindo os novos garotos. A ideia de Candy de organizar um baile como o de Joaquim o ajudou a voltar no tempo e sanar a sua dor interna de rejeição, ainda mais pelo fato de ter seus amigos ali perto, Rafa e Angel estava muito bem e Candy com Da Silva pareciam mesmo um casal consumado. Ao tocar a sua música preferida daquela época, Joaquim percebeu que todos saiam devagar sobrando apenas ele e Amélia no centro. Os fogos eram vistos pelas janelas abertas.
— Isso é uma realização de uma fantasia, sabia? — brincou ele aproximando seu nariz do dela.
— É, eu que combinei isso com todas elas. Você só deu a ideia do baile, a Candy me ajudou com tudo.
— Ela tinha me dado a mesma ideia, refazer o trágico baile, só que dessa vez com você.
— Então, está tudo do jeito que você gosta?
— Tá sim, com a música... o tema... Não tenho do que reclamar não. — ele a aconchegou em seus braços.
— Eu também não. E a propósito, Feliz Ano Novo.
— Feliz Ano Novo. — disse ele segundos antes dos dois se envolverem em um beijo quente no meio do salão decorado a embalar uma música romântica.
Com a estourada dos fogos e testas se encontrando Amélia passava seus braços pelo pescoço dele, uma covinha brotou em seu sorriso maroto.
— Tenho uma coisa pra te mostrar. — disse ela o encorajando a segui-lá. Pegando suas mãos ele foi.
O vislumbre de um dos novos chalés decorado com luzes em sua porta deixou Joaquim impactado enquanto os dois se dirigiam até lá; Amélia pegou uma chave o abrindo para eles, havia todo um cenário iluminado e cheirando a sândalo e baunilha com vinho, champanhe e rosas. Joaquim mal acreditava no que seus olhos viam.
— A gente bolou isso aqui pra você também. — disse ela sorridente trazendo-o para dentro.
— A gente quem? - o sorriso desconfiado dele brotou.
— Jane, Candy e eu.
— Hum, e isso ficou muito bom mesmo. Adorei.
— Pode fechar a porta agora. — Amélia disse enquanto o ajudava a empurrar a grande porta de madeira. — Aqui vamos ficar até quando quiser.
— Eu fico o dia todo se deixar. — Joaquim se aproximou da garrafa de champanhe estourando-a. — Vai um brinde?
— Até dois, três, quatro!
Com a investida dele para beija-lá as coisas se desenrolaram como tinham que terminar, não havia mais nenhum empecilho ali, nenhum mesmo e diante de toda aura mágica da praia, da companhia um do outro, e da alegria de estar vivo em mais um ano que se inicia, Joaquim arriscou contar seu poema preferido para as paredes como também ouvidos e pele de Amélia num gesto que unia a sutileza e a firmeza que só a total sintonia era capaz de ter.

...

Amar é como tocar o céu com as ponta dos dedos e cortar as nuvens em inúmeros pedaços de algodão.
Amar é como beber a água da chuva e aprender a cantar como um passarinho.
Amar é como andar descalço na areia e voar pelo universo.
Amar é plantar na terra o que se semeia no coração.”

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora