Capítulo 43 - Let's Try (it) Again

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Joaquim tinha nele a certeza de que tudo ficaria bem no fim das contas, estava quase na reta final, ele podia sentir a luz no fim do túnel chegando, segundo seu senso de novelas, quando casamentos acontecem a coisa já anda para terminar. Com Amélia encostada em seu ombro sorriu abertamente para Rafael, não tinha mais preocupações em seu mundo com Amélia, não reais, apenas alguns fantasmas dispersos. Não queria falar, mas o silêncio de Isa o incomodava, e a presença de Olívia também. E isso não cheirava bem, como dizia Jane.

A noite acabou e levou consigo a família Ávillez para casa.

Amélia ainda ficou um pouco mais do que o costume no carro.

- Devia ter preparado algo assim também, quem sabe eu não tiro as suas dúvidas.

- Não tenho dúvidas, eu só não tenho certeza se isso é mesmo para ser.

- Eu que sempre duvidei de amor e destino, acredito que essa frase devia ser minha. – Joaquim deslizou as mãos do volante para ela.

- Tenho meus motivos, Joaquim. Tem uma série de coisas.

- Isa? Olívia? Elizabeth?

- Vitória.

- O que tem ela?

- Nunca viu como ela te olha? E vocês já tiveram alguma coisa. Talvez... ela cultive esperança.

- Isso é por ela? O que te incomoda nela?

- Nada, eu só vejo como ela fica perto de você, nutrindo esperanças, eu me sinto mal.

- Acha que eu posso...

- O histórico dessa família com isso é longo.

- Concordo que seja difícil, e sei que também tenho meus medos, meu pai fez muita coisa errada e eu me cobro para não as repetir. Mas, eu quero tentar, quantas vezes for. E você?

- Não sei. Eu quero muito tirar essas dúvidas e te juro que não sei.

- Fale comigo sobre elas então.

- Bem, toda a frustração com Samuel, Pedro, e agora tudo isso.

- Entendo, não quer passar por tudo novamente.

- Sim, é cansativo se provar todo dia. – ele percebeu que ela se sentia inferior as outras por um mísero detalhe, o sexo, e como sensível que era não quis abordar aquilo daquele jeito exasperado.

- Acho que você deve entrar agora. – Joaquim tirou as mãos das dela não querendo provocar nenhum tipo de atrito, mesmo que doesse ele precisava respeitar o tempo dela.

- Boa noite.

- Amélia, posso te perguntar uma coisa? – Joaquim abriu o coração, temendo ouvir a resposta.

- Pode. – ela soltou a trava na porta.

- Só me diga se isso é um fim. – Joaquim não conseguiu olhá-la.

- Eu não sei, não consigo me decidir. Eu queria muito saber a resposta para poder te dar a certeza. Mas eu não a tenho nesse momento.

- Posso encarar como um tempo onde deixamos em aberto? Eu prometo que não vou ligar nem aparecer, não forçarei nada. A decisão é exclusivamente sua.

- Tudo bem. E eu prometo que vou encontrar essa resposta.

- No tempo certo. – ele completou.

- Tudo no tempo certo. – ela confirmou.

Amélia desceu e entrou em sua casa com o coração em pedacinhos minúsculos.

Viu pela janela quando Joaquim passou a mão pelo rosto, secava duas lágrimas que caíam e ligava o rádio acelerando e saindo, o medo de que ele excedesse a velocidade passou pela sua mente, e sentiria culpa mesmo se não acontecesse algo.

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora