Capítulo 25 - A (grande) Culpa

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O grande dia chegou e Joaquim foi logo pela manhã a clínica para doar seu sêmen voltando para a sociedade em seguida, era seu último dia, enquanto Amélia parecia mais feliz e receptiva a ele numa grande chave dourada para completar a sua rotina.

- E como está? – ele arriscou ao passar por ela.

- Bem, eu vim pegar umas coisas aqui.

- E lá no hotel?

- Tranquilíssimo, hoje é meu dia de folga e então eu estou aqui.

- Veio se despedir de mim, não foi? – ele sorriu.

- Também. Olha eu fui meio grossa naquele dia, então me desculpe. Fiquei um pouco sem graça por ter presenciado uma cena tão íntima sua com Vitória.

- Tudo bem.

- Eu soube pelo jornal o exame também... eu não queria que estivesse tão triste e no que puder ajudar me pergunte.

- É, passei por umas coisas bizarras... Nesses últimos dias.

- Seu nariz parece melhor.

Joaquim então se recordou dele, tinha ido ver Alice no prazo e estava melhor mesmo, um pouco dolorido e vermelho, mas nada grave que não curasse com o tempo.

- E a moça como está? - Amélia lhe perguntou com o semblante pensativo.

- Quem?

- A Isa Monte.

Ao ouvir aquele nome vindo de Amélia, Joaquim sentiu uma fisgada na costela.

- Nunca mais vi. Preferi não me envolver depois que o marido foi preso.

- As fofocas falaram que vocês foram namorados no ensino médio...

- Ah não, não chegamos a tanto não. Éramos amigos, Andrei e eu tivemos o azar de gostar da mesma mulher. - isso trouxe novamente em Joaquim o desejo de ajudá-la, talvez, investindo secretamente no seu restaurante. Como tinha planejado no início. - E você sabe como adolescente podem ser dramáticos em seus sentimentos as vezes.

- Sei sim, e espero que as coisas melhorem logo pra você, Joaquim. – Amélia disse e se afastou com um abraço quente menos demorado do que ele gostaria.

Voltando para a antiga sala, cumprimentou a todos e reparou em um círculo montado no meio com as cadeiras.

- O que vamos fazer hoje?

- Terapia – respondeu Pérola soltando um bufo.

Um senhor grisalho mandou que sentassem e se apresentou, era psicanalista.

- Precisamos expor nossos maiores erros, medos, e culpas, mesmo que não contemos quando nem onde nem por que, para darmos fim a esse tempo de repensar e refletir com a consciência limpa e mais tranquila. Combinado?

Com um sim coletivo todos começaram a falar, um a um, o seu maior erro. Em resumo eram muito vagos, excesso de velocidade, medo de dirigir depois de atropelar um cachorro, medo de ir para o trânsito, e quando chegou à vez de Joaquim repetiu o que sempre tinha ouvido.

- Eu gosto de correr, excesso de velocidade me motiva, sempre foi assim, por medo, confiança demais, não sei exatamente o porquê, sempre gostei de sentir a adrenalina, talvez culpa?

- E por quê?

- Mesmo inconsciente, percebia que meu pai não dava a mesma atenção a minha mãe que dava a mim, me senti responsável a vida toda e minha primeira noite com uma mulher foi arranjada por ele, e nunca deixou que eu contasse isso a minha mãe. Para ele sexo era fora do casamento, somente a procriação estava nos termos da relação.

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora