Capítulo 47 - Mesmo que a gente não vença, fazemos a diferença!

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Título longo para uma noite longa, esse era o pensamento de Joaquim ao olhar Amélia nos olhos pela primeira vez depois do ocorrido, ela estava chegando para o acompanhar no programado jantar enquanto ele deslizava os dedos pela borda da taça de água, respirar fundo ajudaria a se permanecer disperso e manter o sorriso também.

- Trouxe boas novas. – ela disse puxando a sua cadeira.

- Quais?

- Jane conseguiu aquele disputado chef vegano para fazer um fim de semana aqui.

- Que ótimo, fico feliz, ela precisava se ocupar com alguma coisa nesse meio tempo mesmo, ela tá bem abatida né? Aquele jantar não saiu como ela queria.

- Muito. E por falar em abatimento, acho que nós precisamos conversar sobre o ocorrido.

- O que? – Joaquim tentou disfarçar a cara de "Ela estava de lingerie preta na minha frente... e eu não consegui me mexer!" com uma olhada fixa e a boca torta.

- Ah, bem, era sobre... Deixa pra lá. Vamos falar da semana do chef?

Joaquim concordou com um leve aceno de cabeça, afinal, não se sentia pronto para falar sobre a cinta liga. A comida chegou tão logo os dois mudaram de assunto, o prato era novo e esse seria um teste para o novo cardápio tanto quanto era um teste olhar Amélia com os mesmos olhos inocentes de antes.

- O cheiro disso chega até a praia. – Joaquim disse enquanto Amélia já mastigava.

- É realmente divino! O que tem aqui? – ela perguntou para o chef.

- Tem brotos de alfafas, e uma receita secreta. – o chef piscou. – Propício para casais.

- Uau! É maravilhoso mesmo que não queria contar o que tem na receita. Mas faz o que?

- A definição do prato é afrodisíaca. – o chef comentou sem nem ficar vermelho, enquanto nosso casal corava e abandonava o garfo.

- Afro... disíaco. – Joaquim fez um beicinho ao engolir o último pedaço que tinha na boca.

Amélia não fazia a mesma cara que ele, por mais estranho que isso fosse, ela já tinha encontrado seu afrodisíaco em um sonho em Dubai. O prato principal foi retirado e trouxeram a sobremesa, um mousse gelado de creme de coco. O silêncio que pairava no ar só era cortado pelo vento da noite.

- Você está preocupado com a casa? – Amélia começou a dialogar enquanto um Joaquim concentrado na comida não erguia os olhos para ela, pelo menos ela queria tentar esquecer aquela cena.

- Sim, eu ainda não vi Bertrand para comunicar sobre a situação da casa então eu estou.

- Você quer entrar depois da sobremesa?

Ao som da palavra "entrar" a voz de Amélia pareceu ficar mais suave e efervescente aos ouvidos do controlado Joaquim, seria ele, a comida ou como ela colocava o garfo na boca que era... sexy? Espantou os pensamentos libidinosos empurrando o prato, tinha enfim acabado, e duas taças de vinho no acompanhamento também. O ar quente inflava as intenções.

- Há dias a gente nem se toca direito, você mal me beija. – uma voz feminina apareceu na mente de Joaquim o fazendo olhar estranho para o lado, para seu azar, uma cópia de Amélia em ligas pretas estava tentando seduzi-lo enquanto mordia uma maçã. Joaquim se afirmou na mesa.

- Ei? Algum problema? – A Amélia real o cutucou e ele puxou rapidamente o braço.

- Desculpe, eu estou pilhado, acho que preciso dormir, eu preciso mesmo dormir, é isso, dormir. - disse ele gaguejando.

- E vai me deixar... aqui, assim? – A fantasia de Amélia jogou os cabelos sobre os ombros e sorriu para ele, bem convidativa.

- Vamos desperdiçar a oportunidade? – A Amélia real deixou sair, Joaquim nem reparou que ela falava com ele. – Esse vinho é mesmo ótimo.

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora