Capítulo 7 - Inesperada

29 4 0
                                    

Amélia tinha passado na casa de Sarah, ouvido suas maluquices e depois saído para tomar um sorvete, no caminho de casa ainda pegava seus pensamentos vagando em assuntos triviais, o semestre tinha chegado ao fim, ela tinha um novo trabalho, o que viria agora? Um novo começo?

Já na volta para a sua casa encontrou um vaso de flores com um bilhete a sua porta.

"Para a pessoa mais incrível que eu conheci na vida" — não possuía remetente e Amélia acreditou que fosse dele, Joaquim, afinal lírios do campo eram sempre sinal de muito bom gosto apesar de seu significado erótico...

Será que ele ainda tinha seu currículo e por isso sabia o endereço de onde fazia seus cursos? Mas ir até a sua escola demandava muito empenho e era sábado, do que ela se lembrava nenhum deles continha seu endereço específico, porém, ele sabia seu nome... Teria contratado alguém para achá-la? Teria chegado a tanto? Quanta imaginação desperdiçada, Amélia!

Com as suas conjecturas entrou em casa com o vaso de flores na mão, sua alegria acabou no exato momento quando que ao pisar dentro dela topou com Pedro esperando-a na cozinha com sua mãe.

— O que ele faz aqui? — apontou a ele com indiferença.

— Vim em missão de paz, gostou das flores? — ele disse erguendo as mãos em sinal de rendição.

— São suas? — largou-as em cima da mesa e limpou as mãos, doce ilusão.

— Escute o que ele tem a dizer. — Eleonora deixou-os sozinhos saindo para o quintal.

Amélia com muita pouca vontade obedeceu, Pedro tentou aproximar-se pegando em sua mão, mas ela a retirou.

— Diga o que quer e depois vai embora. Acho que fui bem clara, não é?

— Eu queria me desculpar por aquilo, foi infantil, mas vim te propor que trabalhe comigo.

— Eu?

— Exatamente, a minha assistente saiu.

— Depois que você a usou de forma muito baixa queria mais o que? E você sabe que os lírios representam o erotismo? E quer agora que eu seja sua assistente? Você não tem vergonha, pelo amor de Deus.

— Eu tenho, mas sei que precisa se manter e estudar.

— Não vou me sujeitar a isso, você é ridículo, saí daqui. – apontou para a porta.

— Sua mãe me disse que vão te pagar uma mixaria na associação.

— Pelo menos não vou ver sua cara idiota outra vez, ser sua assistente, francamente, perdeu o juízo? E antes de sair, leve essas porcarias. — jogou o vaso de lírios e ele pegou antes que se espatifasse no chão. — E a proposito não é associação é sociedade. — Saindo como chegou Pedro recolheu seu rabinho entre as pernas diante de uma Amélia furiosa.

Amélia foi calmamente até a mãe que já se encontrava em seu quarto com a maior cara de despretensão.

— O que estava pensando quando deixou aquele ridículo entrar? Eu disse o que ele fez!

— Eu sei, mas ele queria ajudar, ainda mais depois que você apareceu na TV, ele achou que você seria queimada por isso e perderia oportunidades importantes.

— Você está se ouvindo? Seu juízo escorreu pelo ralo também?

— Não, mas fazia sentido o que ele disse.

— Não, não faz, ele é manipulador, e você quase me deixa fazer uma loucura.

— O que? Aceitar a ajuda?

— Agredir outro homem e com um vaso de flor. — Amélia saiu do quarto da mãe e foi para o seu batendo a porta, raiva era tudo o que encontrou nos cinco minutos em que esteve trancada, e mais cinco minutos depois sua avó a chamou.

— O que é agora? — gritou.

— Tem um papel para você aqui. — Consuelo passou-o por debaixo da porta. Amélia o pegou e viu uma cobrança inesperada de um curso que tinha trancado.

— Droga, mais isso agora.

Sua mãe teria visto aquele papel? Achou melhor consultar do que especular. Bateu a porta da mãe esperando algum sinal.

— Você viu esse papel? — perguntou a ela quando abriu.

— Vi sim, foi Pedro quem trouxe, disse que você tinha colocado o endereço dele e chegou essa semana, ele tinha se disposto a pagar e você trabalharia o tempo suficiente para quitar a quantia que devia.

Naquele momento Amélia sentiu-se culpada.

— Eu agi mal?

— Um pouco precipitada talvez.

— Mas ele ainda não deixa de ser um babaca.

— Mas é o que tem, olha essa cobrança, você vai pedir para quem?

Amélia olhou o papel em sua mão na esperança que se dissolvesse e desaparecesse da sua frente, mas como nada disso parecia resolver, precisava ser prática, e ser prática requeria aceitar a ajuda de Pedro até que conseguisse pagar a dívida.

Tudo isso rezando para não acabar onde já sabia que poderia terminar.

AMÉLIA (A garota e a flor)Onde histórias criam vida. Descubra agora