Heartburn - Chris & Eva

CAPÍTULO LXXX

DOMINGO, 03:02

⇝ EVA P.O.V

O táxi finalmente para na rua da casa do Chris. Pago rapidamente o motorista, dando uma nota maior do que o valor que deu, mas não ligo, porque não tenho tempo pra ficar contando moeda. Peço pra ele ficar com o troco e agradeço, descendo do carro e praticamente correndo até a porta de entrada daquela casa, ou melhor, mansão.

Toco a campainha uma vez e começo a bater o pé repetidamente no chão, nervosa. Passam-se dois minutos e ninguém atende, então decido tocar outra vez. Logo, a porta se abre, revelando um Chris de um jeito que nunca vi antes. Seus olhos estão profundos e o seu nariz está vermelho, indicando o quanto ele chorou. Não há mais nenhum daqueles sorrisos debochados no seu rosto ou o brilho nos seus olhos, não há mais nenhum sinal de luz nele.

Sinto o meu coração se apertar mais ainda e uma angústia tomar conta do meu peito só de vê-lo assim. Não falo nada, ele também não, mas não penso duas vezes antes de correr até ele e o abraçar forte. Ele retribui o abraço, se permitindo desmoronar no meu ombro. Meus olhos marejam e logo estamos os dois chorando juntos, na porta da sua casa, e assim ficamos por longos minutos.

...

Depois de mais calmos, Chris se senta no sofá, com o olhar completamente perdido. Tomo a liberdade de ir até a sua cozinha e encher um copo d'água pra ele, entregando-o em seguida e me sentando ao seu lado, abraçando-o.

- Obrigado. - ele murmura, depois de tomar um gole.

- Não precisa agradecer, você realmente estava precisando de um pouco para se acalmar.

- Não... - me encara - Obrigado por estar aqui. Mesmo depois de eu ter agido como um idiota.

Suspiro e sorrio fraco.

- Você não agiu como um idiota. Nós dois erramos, mas isso já é passado. Eu te amo, Chris, e nunca deixaria de te ajudar por uma briguinha besta.

- Eu também te amo. - ele pousa uma mão sobre a minha bochecha e a acaricia - Muito.

Inclino um pouco o meu rosto e lhe dou um beijo calmo, que foi capaz de me relaxar muito depois dessa bomba. Isso era tudo o que eu precisava.

Logo me afasto e apoio a cabeça no seu ombro.

- O que aconteceu, afinal? - pergunto.

Ele respira fundo.

- Foi o Markus...

O encaro confusa.

- O seu pai?

- Isso. Ele tomou a guarda dela de volta e a levou junto com ele pra Alemanha.

- O quê? Não entendo, você não disse que foi ele quem resolveu abandonar vocês?

- Pois é. - Chris passa a mão pelo rosto, exausto - Eu também não entendo.

- Então era esse aquele problema que você estava resolvendo? - pergunto e ele assente - Meu Deus... me desculpa por ter te pressionado pra me contar.

- Relaxa. - ele me olha e sorri fraco, sem abrir a boca - Tá tudo bem.

- E... não há mais nada que você possa fazer?