CAPÍTULO LXVII

1.8K 131 44
                                    

QUINTA-FEIRA, 14:34

EVA P.O.V

Dobro a esquina da rua de casa e a primeira coisa que vejo me faz franzir o cenho.

Há um carro prata parado na frente do meu gramado, e a minha mãe está apoiada na janela de vidro, conversando com seja lá quem for a pessoa que está dentro, rindo à beça. Estranho. Não sabia que minha mãe tinha muitos amigos em Oslo.

Me aproximo deles e quando a minha mãe me nota, seu sorriso automaticamente se desmancha.

- Eva, minha filha! - vem até mim e me abraça - Como foi a aula?

- Normal. - dou de ombros - De quem é esse carro?

- Hum... - ela coça a nuca, meio sem jeito - Tem uma pessoa aí dentro querendo te ver.

Estreito os olhos pra ela. Quem será?

Passo pela minha mãe e vou direto até a janela do carro, dando de cara com a última pessoa que eu gostaria de ver agora.

- Pensei que eu tivesse deixado claro que não quero nenhum contato com você.

Ele tira os seus óculos escuros Ray-Ban e me encara meio triste.

- Filha, por favor... me ouça. Me dá uma chance de explicar tudo.

- Explicar? Sério? - rio sarcástica - Você pode citar uma bíblia inteira, Jack, nada vai justificar o que você fez. Agora dá o fora daqui, dá o fora de Oslo, da Noruega. Não quero nunca mais ver a sua cara.

- Eva! - minha mãe me repreende - Não fale assim com o seu pai.

- Ele não é o meu pai. - o encaro - Não mais.

Saio andando irritada até a porta de casa, entrando e batendo-a com força. Vou direto pro meu quarto e jogo a mochila na cama, me jogando também logo em seguida no colchão.

Bufo e passo a mão pelo rosto, cansada. Por que esse homem não simplesmente some como fez da última vez? Ele é profissional em desaparecer sem deixar rastros, podia fazer isso outra vez.

E por que caralhos a minha mãe tá dando razão à ele? Ele a machucou tanto quanto me machucou. Acho que a única diferença é que ela tentou guardar as melhores lembranças dele, enquanto eu fiquei somente com o amargo da sua partida. Não poderia ser diferente, afinal. Eu não consigo ver o lado bom de tudo isso, nem acho que tenha um.

Ouço alguns passos na sala e levanto da cama, trancando a porta do meu quarto. Não quero que a dona Anne-Marit venha uma hora dessas me dá sermão ou tentar me convencer a ouvir o Jack. Já chega disso. Já chega dessa história. Vou ignorá-lo até ele perceber que não adianta nada ficar aqui e se mandar de uma vez por todas da Noruega. Na verdade, achei que ele já tivesse feito isso.

Tiro a minha roupa toda e jogo as peças no chão, vestindo uma blusa velha e longa de pijama. Logo deito na cama e não demora muito pro sono vir, estou exausta. Mal dormi na noite anterior. Tanto porque fiquei na rua até tarde tanto porque tem uma pessoa que não quero sair da minha cabeça de jeito nenhum.

Sorrio ao lembrar dele. Ao lembrar da nossa noite.

Chris é o meu porto seguro.

Disso eu tenho certeza.

...

19:21

Faz uns quinze minutos desde que acordei do meu cochilo da tarde, e agora estou saindo do banho, vou me arrumar para passar na casa da Noora. Combinei com ela de fazermos uma girls night ou algo assim, porque ela disse que tem muita coisa pra me contar e acho que eu também.

Heartburn - Chris & EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora