CAPÍTULO XI

4.4K 228 187
                                    

QUARTA-FEIRA, 02:01

CHRIS P.O.V

Já estou na minha terceira dose de uísque quando Eva decide que chegou ao seu limite. Depois de algumas rodadas de Tequila e sabe-se-lá mais o quê, ela mal consegue ficar em pé. Envolvo meu braço em sua cintura para ajuda-la a se equilibrar e ela não protesta, nem parece se importar. Pelo menos não agora. Se ela estivesse sóbria, tenho certeza que me afastaria e me xingaria de alguma coisa. Mas não está, e nem eu.

Não fiquei com nenhuma garota até agora, o que não é muito comum. Na verdade, nada comum. Mas não ligo. Está sendo divertido, mesmo sem comer ninguém. Na verdade, nem cheguei a pensar nisso, porque estava muito ocupado ouvindo as histórias e teorias meio malucas de uma Eva bem bêbada.

- Então é por isso que eu acho que a gente deveria dar mais valor às abelhas. - ela conclui, com uma voz embolada - Poxa, elas trabalham tanto! E sem elas a gente não seria nada, sabia? O mundo ia entrar em colapso e a gente em extinção! Imagina só!

- Impressionante. - rio.

- Por que você tá rindo? - ela cruza os braços - Não tá levando a sério o meu discurso?

- Claro que eu tô! - não consigo conter outra gargalhada.

- Ah, quer saber, Chris? Foda-se, então. - diz, fechando a cara - Fique aí com toda a sua ignorância, quando as abelhas sumirem e a gente morrer, você vai se lembrar do que eu falei e vai se arrepender de ter zombado de mim, tá? Eu vou dançar.

Ela rapidamente se desvencilha de mim e anda em passos tortos até a pista de dança. Caralho, como essa garota é doida. Gostei.

Me viro para o Carl afim de pedir outra rodada de bebidas e ele me olha meio confuso.

- O que foi? - pergunto.

- É sua namorada? - ele aponta pra Eva.

- Tá maluco, cara? - rio - Parece até que você não me conhece.

- Só achei esquisito. Você esteve grudado nela esse tempo todo, nunca te vi assim com alguém.

- É que essa daí é difícil. - brinco - Exige um pouco mais de esforço, mas logo logo ela tá na minha cama. Sei que não vai demorar tanto.

- Só tenha cuidado, mano. Ela parece ser uma garota legal, não merece que você a machuque. Na verdade, nenhuma delas merece.

- Carl, para com essa merda sentimental. Eu não machuco ninguém, elas sabem muito bem o que eu quero. Sexo sem compromisso. Se alguma acha que tem algo a mais, é pura ilusão, mas não é problema meu. Eu sempre deixo bem claro o meu objetivo.

- Você que sabe. Quando as coisas esfriarem e você não souber mais como lidar com tudo isso, não venha falar que eu não avisei.

Não entendo muito bem o que ele quis dizer com isso, mas não to nem um pouco afim de continuar com esse papo. Essa merda toda me cansa, Carl pode ser chato pra caralho quando ele quer. Faz um bom tempo que nos conhecemos, mais ou menos um ano, já que eu venho aqui praticamente toda semana. Ele é um bom amigo, mas romântico demais da conta, odeio quando ele começa a falar sobre amor, sentimentos e blá blá blá. Não me surpreendeu quando sua última namorada lhe chifrou. Se eu fosse ela, faria o mesmo.

Nunca vou entender esse romantismo todo. Se eu posso ter todas, por que eu teria uma só? Não faz o menor sentido, a matemática não bate. Só seria alguém mais pra decepcionar. E eu estou muito bem com a vida que levo, sem dever satisfação à ninguém, fazendo o que eu quero na hora que eu quero. O que poderia ser melhor que isso?

Heartburn - Chris & EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora